Valerina e Vanusa

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"Uma promessa, uma maldição.
Tudo por amor."

Deus, era sempre Deus. 

Todos viviam e respiravam o cristianismo, porque tudo era Deus. Deus e seus fiéis, Deus e o mundo que havia criado, Deus e tudo. Os padres tinham uma hierarquia do mesmo cargo que um rei, porque assim como um Rei tinha poder, padres tinham Deus e Deus era poder.

Valerina era uma mulher que foi abençoada por Deus, mas aquela benção ninguém podia ver, pois a veria como demônio, portadora de satanás. Ela vivia com o segredo e sempre com medo. Mulheres eram mortas por bruxaria, até mesmo aquelas que nem eram bruxas eram enforcadas e queimadas por desobediência a Deus, aquele Deus que todos seguiam, aquele mesmo Deus que havia permitido todas aquelas mortes.

Valerina acreditava que, o que carregava nas veias, não era um castigo de Deus, mas um presente. Um fogo azul tão belo não poderia ser um castigo. E talvez não fosse mesmo, mas sua realidade seria seu castigo.

Valerina queria mostrar seu poder para alguém, para qualquer pessoa que não a veria como monstro ou que não falasse para o primeiro padre que passasse pela praça principal de Itália. Mas não poderia, nunca poderia confiar em alguém desse jeito, pois sabia que todos seguiam cegamente os dogmas da igreja e viver pelo Deus era o certo, ter poder era ser bruxa e ser bruxa era ter conexão com o satanás e ninguém ousaria em desrespeitar o todo poderoso.

— Que Deus salve as almas dessas bruxas portadoras do fogo do inferno. — o padre terminou sua oração tendo os fiéis respondendo "amém".

— Essas bruxas têm que morrer mesmo. — o pai de Valerina disse voltando para casa com sua esposa ao lado e sua filha do outro.

— Com toda certeza! — sua mãe confirmou. — Bruxaria? Que tipo de monstro ia ficar feliz por ter essa maldição?

— Se Deus permite tudo, talvez a bruxaria não seja uma maldição, talvez seja um presente do todo poderoso. — Valerina disse tendo os olhares atentos de seus pais sobre ela.

— Nunca mais diga isso, Valerina Benedetti. — sua mãe a repreendeu. — Deus pode castigá-la por rebeldia. Deus não dá nenhuma bruxaria para nenhum dos seus fiéis, apenas aqueles de fé fraca tem alma fraca e se tornam portadores de demônios. A culpa é do Diabo e as bruxas são mais culpadas ainda por não terem tanta fé para evitar sua tragédia.

— A morte delas é a salvação. — seu pai disse. — Ainda bem que na nossa família não tem nada dessas bruxaria malditas. Somos uma família abençoada e de muita fé, nenhum demônio irá nos destruir. — Valerina nada disse.

Era difícil para a jovem mulher ter que conviver com aquele segredo, de conviver com aquele poder e ficar em dúvida se aquele fogo azul era um presente de Deus ou se a culpa era dela por não ter tido tanta fé e ter se tornado uma portadora do diabo. Mas Valerina tinha fé, amava Deus e o seguia como toda fiel, entretanto, seu poder não era uma maldição ou algo do vilão, não, talvez fosse o presente de Deus por tamanha fé que ela tinha.

Era mais fácil acreditar nisso do que imaginar que estava sendo possuída por demônios.

Com tanto caos acontecendo na Itália, o único lugar de paz para Valerina era a floresta, um lugar pouco habitado, pois todos tinham medo de ir para lá, só iam para caçar. Havia uma única árvore maior de todas, era ali que Valerina ficava para descansar a mente e usar seus poderes, um lugar que era apenas ela.

Ela, seu poder, paz e a floresta.

— Eu só queria que as pessoas não tivessem medo disso. — suas mãos brilhavam com o fogo azul. — Deus, pai todo poderoso, porque me destes isso e ainda permite que todos caçam pessoas como eu?

A Maldição da Raposa [Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora