Era uma noite quente. O céu estava belíssimo, enfeitado com as mais brilhantes estrelas, a Lua resplandecia em toda a sua glória e até mesmo um cometa fazia visita ao incrível planeta, deslizando pelo escuro e desaparecendo outra vez no infinito.
Jimin observava tudo, com o olho grudado no telescópio e o fiel companheiro ao seu lado, era uma noite ótima. Sons ecoam no fundo da garganta e ele resmunga, conversando em voz baixa consigo mesmo, gostava de organizar os pensamentos e refletir sobre os astros, falar com Libe ou com as estrelas não adiantava muito, eles nunca respondiam às suas perguntas.
Seu corpo volta para trás poucas vezes, recuando de seu grande instrumento somente para anotar algumas coisas em seu caderno, posição de Vênus e Marte, o brilho das estrelas mais próximas, poucas constelações, como a do Corvo e Centarus, e sobre o pequeno cometa que atravessou a atmosfera e desapereceu em poucos segundos. As letras garrafais e miúdas encheram quase duas folhas, ele anotava rápido e sério, cenho franzido e boca pressionada com força, a ponta da língua arrebitando entre os lábios vermelhos.
Libe mia baixinho, querendo atenção, estava limpinho depois de passar meia hora em um banho intenso, suas orelhas tremiam com o vento que entrava pela fresta da janela e ele não estava com sono, tirou uma bela soneca de tarde com o príncipe, estava na hora de seu carinho. Jimin ignora o bichano, voltando a olhar através da lente do telescópio e ajustando o grau para observar Vênus, era fascinado pelo planeta, seu segundo preferido depois de Saturno, ele adorava os grandes anéis e a magnitude do grande gasoso.
O gatinho mia outra vez, erguendo-se nas quatro patinhas e empurrando a cabeça manchada contra o cotovelo do dono, estava carente, querendo atenção. Jimin ignora outra vez, concentrado em seu trabalho, e Libe mia, mais alto, caindo no banco estofado e agarrando o braço do humano com as suas unhas afiadas, finalmente atraindo a atenção desejada.
— Ai, Libe! Estou ocupado. Por que você não vai dormir e me deixa quieto? — o ruivo estava de mal humor e aquilo não era bom.
O bichano resmunga, pondo-se de pé, na posição típica dos gatos, e pisca os olhinhos verdes na direção do garoto, exigindo através das duas bolas brilhantes que ele pedisse desculpas, Jimin não podia falar assim com seu melhor amigo, ora essa.
— Eu não quero conversar agora, Libe. Vai dormir. — o gatinho mia de novo, mexendo as orelhinhas e correndo para a cama com chateação, ficou magoado, seu dono nunca recusava um carinho.
Jimin suspira, coçando a bochecha com irritação e fechando o caderno, não queria mais fazer anotações. Ele vira o olhar para trás, encontrando o pequeno animal de costas para si, deitado na cama e lambendo a barriga, perninhas abertas e dedinhos arreganhados, Libe era uma graça. Sentia-se mal, não gostava de descontar o péssimo humor em seu amigo, era ruim, muito ruim, e o gato ficava magoado consigo, recusava carinho e virava a cara, felinos eram muito vingativos.
O telescópio perde seu interesse e ele arruma tudo antes de fechar a janela e calçar as pantufas, seguindo para cama e sentando na beirada, completamente ignorado pelo bichano, que continuava com o seu banho noturno antes de dormir.
— Libe? Bebê? Eu sinto muito, papai não quis magoar você. — ele murmura, brincando com os dedinhos na barra do edredom, lumes violetas e cabelos sedosos, bem penteados e cheirosos de creme, o gato não escuta, não queria falar com ele. — Libe! — ele chama outra vez, alongando a última vocal e jogando-se no colchão, seus luzeiros cheios analisam a figura diminuta do animal e um resmungo escapa pelos lábios gordos, não gostava de ser ignorado.
O bichano parece não ligar, continua em seu banho de gato, lambendo as patas e a barriga felpuda, os dedinhos arreganham e ele faz o possível para deixar os vãos bem limpinhos, odiava sujeira e gostava de manter os pelos brilhando. As orelhinhas mexem no alto da cabeça, estava atento ao falatório chato do dono, ele dizia que era feio que os filhos ignorassem os pais e que estava sendo um gatinho infantil, depois choramingava pedindo perdão e prometia nunca mais recusar um carinho, e então emburrava o rosto e fazia bico, virando o rosto para o amigo e repetindo tudo de novo.
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Coroa Manchada | Jikook
FanfictionSou refém dessa coroa pesada sobre a minha cabeça. Tenho a alma aprisionada e sonhos impossíveis, com uma redoma de tijolos me privando da realidade e uma liberdade roubada desde muito cedo. Sou pintado, como um gato calico, e assisto o mundo atravé...