[👑] Apus

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Jimin estava triste e nem mesmo as estrelas poderiam amenizar a dor de seu coraçãozinho chateado.

Estava chorando há horas, trancado em seu pequeno covil na torre do castelo, encolhido no parapeito da janela enorme e com a cabeça escondida entre os braços ao redor do corpo. Seu rostinho redondo estava corado em carmim forte e quente e as lágrimas manchavam as bochechas em rastros ramificados, semelhantes a chuva do lado de fora, pingando nas vidraças e ecoando em suave barulho, gostoso para dormir.

Era tarde da noite, tudo estava silencioso e esquecido no castelo, os funcionários dormiam após um longo dia de trabalho e o príncipe sofria com a solidão e o isolamento, desejando ser mais do que um garoto doente. Libe dormia serenamente em seus pés, acabou desistindo de tentar animar o dono e apenas deitou ali com ele, fazendo companhia e sendo o fofo de sempre, sonhando com um jardim para rolar em brincadeira e comer graminha verde.

Foi um dia estranho, o céu permaneceu fechado e nublado durante a tarde toda e o Sol não deu sinal em nenhum momento, oculto pelo amontoado de nuvens escuras e chuvosas. Um ventinho frio soprava as cortinas e Minnie ficou de casaco, embolado como um bombom fofinho e recheado, com meias e pantufas de bichinho e roupas de moletons, touca para esquentar as orelhas e cachecol para cobrir o pescoço gelado. Ele sempre foi um menino friorento, tremia com qualquer mudança no clima e sua imunidade frágil não o ajudava em muito. O inverno era a época mais temida pelos pais em razão do aumento de gripes e resfriados nos funcionários do castelo. Por sorte, era apenas um dia gelado durante o verão.

Mais lágrimas escorrem pelo rostinho do príncipe sozinho e ele funga baixo, limpando o nariz entupido com as costas da mão e afastando os fios de seu cabelo acobreado para longe dos olhos lilás, encarando os pingos de água deslizando pela vidraça. Um suspira escapa dos lábios grossos e ele estica o braço para tocar a janela, encostando a pequena palma fofa e rosada contra o vidro gelado e sorrindo triste, imaginando que estava tocando a chuva, sentindo a água que caía do céu e molhava o chão e as casas com vida e serenidade.

As pálpebras pesam com o doce pensamento e fecham-se em um piscar, Minnie abaixa a cabeça e deita com a bochecha pressionada em seu joelho ossudo, arrastando o dedinho indicador através da janela fechada. Era como se ele estivesse acompanhando as gotas de chuva, subindo e descendo, sonhando com um mundo impossível. O ruivo chora forte, soluçando frágil e tremendo os ombros em pulinhos rápidos, coração murcho no peito e mente viajando para longe com a criatividade.

O gatinho preguiçoso desperta com os barulhinhos do dono e abre o par de luzeiros verdes, bocejando largo e levantando-se de seu conforto. Ele estica a bundinha peluda no alto e espreguiça com vontade, chacoalhando a cabeça e as orelhas macias, fixando o olhar no garoto chorão e miando baixinho, para chamar a sua atenção.

Minnie não responde, permanece choramingando em lamúria e ignora quando o bichano esfrega a cabecinha em suas pernas, exigindo carinho e amor, uma manha típica. Libe mia, ranzinza e alto, empoleirando em suas patas traseiras e erguendo o corpo para alcançar o topo da cabeleira ruiva do dono, batendo suavemente com a mãozinha peluda e encostando o narizinho gelado na orelha do amigo.

Um risinho fanhoso escapa do príncipe e ele contorce com o toque frio e molhado em sua pele, tirando o rosto de seu conforto e olhando para o gatinho com adoração e amor. As pálpebras estavam inchadas e as bochechas vermelhinhas, lábios mordidos e retorcidos em bico choroso, as lágrimas secavam em sua pele macia e brilhavam com o reflexo da noite enluarada. O animal mia manhoso, contente com a atenção do maior em si, e esfrega o corpo nas pernas do garoto, balançando o rabo fino e fofo e erguendo a bundinha no alto, pedindo por carinho e afago.

— Você é fofo. — o ruivo murmura com um fiozinho de voz e desenrola um dos braços para coçar o topo da cabeça pequena do gato, deslizando os dedos curtos em carícia singela e escorregando o toque por toda a coluna do bichano, até o topo do rabo, repetindo o gesto durante vários minutos.

Coroa Manchada | Jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora