Capítulo 7 - Continue a nadar

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O fim de semana acaba e me encontro cansada de ontem, mesmo que eu não tenha tido contato com Cecília desde sábado eu tive que ajudar meu pai a arrumar a casa e organizar todas as nossas coisas. Pelo menos temos a sorte de ter a Valéria por perto já que nem eu nem meu pai temos força o suficiente para carregar coisas muito pesadas. 

Caminho em direção ao antiquário para mais um dia de trabalho quando meu celular toca, paro a música que eu estava ouvindo e atendo. 

– Eu odeio trigonometria e esses triângulos, me salve Helena - Ela diz em um tom tão dramático que soa até cômico enquanto a ouço reclamar. 

– Tu me ligou só para reclamar de matemática? - questiono 

– Sim, no momento você é a única pessoa que eu mais vi ultimamente então eu tenho esse direito 

– E como posso te ajudar então? Eu estou indo pro trabalho e não tenho tempo de te ensinar quando chegar em casa. 

– Simples, onde você trabalha?

Eu dou o endereço e logo após isso ela se despede e desliga a chamada, bem a tempo já que estou de frente ao antiquário para mais uma mais entediante de trabalho. 
Entro na loja e Diana está limpando a loja como parte do acordo que fizemos, pelo menos não precisarei limpar nada por um bom tempo. 

Me sento na cadeira atrás do balcão e Diana se senta ao meu lado 

– Eu vi com quem você saiu mocinha, nunca imaginei você e Cecília

– Eu e Cecília nada, a gente só está se ajudando - Interrompo tentando não ficar vermelha de vergonha, às vezes me esqueço que Diana deve conhecer Monte Belo inteiro e isso significa que ela devia conhecer Cecília também. 

– Você realmente não sabe das fofocas daqui, né? De toda forma boa sorte com ela, acho que você vai precisar - avisa 

Ela fala isso como se soubesse de algo mas de todo jeito ela é quem vai ter que precisar ter um boa sorte, não eu. Sequer tenho tempo de questionar Diana quando vejo Cecília cruzando a porta e vindo na minha direção animada, enquanto ela caminha na minha direção até notar a presença da Diana do meu lado e seu sorriso some e se transforma em uma cara de nervosismo.

– Cecília, quanto tempo que não te vejo. Sabia que eu ela fomos grandes amigas na escola, Helena?

Cecília tenta manter um sorriso amarelo e se aproxima de mim.

– Então, eu vim para você ver meu esforço depois de 2 horas resolvendo os exercícios que você me mandou hoje cedo. 

– Não era mais fácil você ter me mandado por mensagem? - questiono 

– Eu gosto de ver as coisas ao vivo, mas squiser posso voltar outra hora não tem problema. 

– Agora você fique parada aí mesmo, eu vou corrigir isso agora mesmo. - pego uma caneta que tinha jogada no balcão e começo a corrigir enquanto isso Cecília senta numa cadeira velha que tinha mais à frente balançando seus pés ansiosamente, talvez fosse pelo fato de estar curiosa com os exercícios ou pela Diana que ficava observando ela.

Tento corrigir o mais rápido que posso pois aquela situação me deixava desconfortável, faço círculos mostrando os erros e alguns símbolos de flores mostrando sinal de acerto. 

– Então Cecília, porque você está querendo ajuda em matemática? Achei que você quisesse mexer com desenhos e coisas do tipo ou você ainda continua sendo capacho da tua mãe?

Eu não sei o que aconteceu entre elas mas seja lá o que for, Diana está realmente me irritando falando esse tipo de coisa para ela. Vou para perto da Cecília que está batendo o pé no chão rapidamente e coloco seu caderno em cima das suas pernas.

– A Diana que está te causando isso? - Aponto para suas pernas e ela balança a cabeça, me levanto e pego na sua mão e vamos caminhando à saída da loja. 

– Nosso expediente ainda não acabou, Helena 

– Acho que você pode lidar com isso sozinha, faltam só 10 minutos mesmo. - digo isso enquanto Cecília apenas tenta me acompanhar desajeitadamente com o caderno na mão. 

– Pra onde você está me levando? - questiona

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– Pra onde você está me levando? - questiona

– Tu não queria sair comigo? Então vamos sair para a sorveteria daqui da esquina. 

A sorveteria é bem fofa e clorida em tons pastéis, nos sentamos em uma mesa próxima à janela. Cecília senta na cadeira em frente a mim enquanto isso vou até o balcão e volto de lá com dois sorvetes nas mãos. 

– Eu não sabia o que você gostava então trouxe um de chiclete e outro de menta, pode escolher. 

– Você está tentando me deixar melhor por causa daquilo na loja? 

– Nada melhor do que um sorvete enquanto você passa uma tarde comigo. Não era você que queria sair comigo? Então agora você tem que lidar. 

Cecília pega o sorvete de menta e sorri para mim, diferentemente de quando estávamos na loja aquele era um sorriso sincero e tímido 

– Obrigada, eu só não sabia lidar com ela agindo daquela forma comigo na sua frente. A gente era colega de classe e ela sempre falava coisas do tipo, mas mesmo depois de tanto tempo ainda me dói. 

E ela volta a ficar triste, acho que vou precisar de um caminhão de sorvete para deixar ela alegre. Eu não sei o que dizer para Cecília sem que pareça clichê então tento mudar de assunto 

– Bom, qualquer coisa algum dia a gente joga chiclete no cabelo dela como vingança e tudo certo, eu tenho uma ótima pontaria sabia? - sugiro 

Cecília ri da minha sugestão e por mais tosca que seja eu tenho que admitir que eu realmente faria se pudesse depois do que vi hoje. 

– Nada de chiclete ou coisas do tipo, você não vai se encrencar por minha culpa,  vamos apenas seguir com a vida. É como diz a Dory: continue a nadar, continue a nadar, nadar, nadar - Cecília fica cantarolando baixo para mim enquanto termino de comer o meu sorvete. – Talvez a gente pudesse sair mais vezes, gostei de vir para cá. - Termina 

– Realmente, mas da próxima vez vou te arrastar pro shopping pra gente ver algum filme e você vai ter que me aguentar passar horas escolhendo livros novos. - Argumento 

– Para sua informação eu também sou culta e amo ler livros, quando eu era mais nova eu lia muito o diário de um banana e capitão cueca para a sua informação. E além do mais, vai ser divertido saber qual é o teu gosto para livros.

– Combinado então, quer ir embora agora? Podemos ir andando devagar até chegar em casa. 

Ela concorda e assim vamos andando para casa.

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