Capítulo 14 - Bolinha de neve fofa

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Eu acho que nunca fiquei tão indecisa para me vestir quanto hoje. Cecília tinha combinado que era para que eu estivesse pronta antes do almoço mas são quase onze da manhã e sinto que estou surtando, quero tentar causar uma boa impressão e o fato de eu ser a única de fora da família me causa um pouco de medo de acabar sobrando no meio daquele almoço familiar. 

Depois de muito tempo de indecisão, me rendo e vou até a sala onde meu pai e Valéria estão sentados no sofá e chamo a atenção deles para me ajudarem.

– Eu estou indecisa e alguém precisa me ajudar. – na minha mão direita tem uma blusa azul claro e uma calça e na outra mão tem minha fiel jardineira que uso para qualquer lugar e uma blusa vermelha. 

Meu pai escolheu as roupas da mão direita e Valéria escolheu a jardineira. Fico mais confusa ainda mas no fim decido finalmente e seguirei a escolha da minha madrasta. 

– Estou ofendido que você não confia no meu senso de moda. – Meu pai tenta fazer drama e Valéria passa a caçoar dele.

– Eu não tenho culpa se meu senso de moda é bom. - ela ri 

– Eu é que não posso negar. Você vai ficar bonita independente da roupa que você escolher, filha  - afirma meu pai 

Volto correndo para meu quarto e me troco rapidamente, enquanto eu terminava de pentear o meu cabelo alguém bate na porta e vejo que é Valéria. 

– Fiquei curiosa para saber como você estava ficando. Precisa de ajuda em algo? - ela fica encostada na porta, Valéria desde que veio para cá nunca de fato entrou no meu quarto e acho que provavelmente ela só se sente intimidada em entrar aqui.  

– Acho que não, mas preciso da sua opinião: está realmente bom? - questiono me olhando no espelho e tento ajeitar o meu cabelo o máximo que posso, coloco uma pulseira prateada que tenho e me viro para Valéria que parece achar graça e me diz: 

– Ela é realmente especial né? – Valéria ri quando nota que minhas bochechas estão ficando coradas e completa: – Você está perfeita e eu tenho certeza que ela vai amar.

– E é mesmo. Não sei explicar mas ela me deixa com borboletas no estômago, acho que se eu não ajudar ela o suficiente hoje talvez eu estrague tudo para ela então preciso estar impecável. 

Valéria sai da porta e anda até mim, ela me olha com ternura e estende o braço até mim e me abraça dizendo:

– Eu te conheço há pouco tempo, mas é o suficiente pra saber que você ir muito bem lá e talvez faça até amizade com a sua futura sogra.  

Eu retribuo o abraço começo a rir quando ouço o que Valéria fala e isso me deixa um pouco mais leve e descontraída. Ouço a campanhia tocar e isso me trás de volta para a realidade quando olho para o relógio e vejo que estou quase atrasada. 

Pego minha bolsa que estava na cômoda do meu quarto e me apresso para ir para a porta enquanto me despeço da minha família. 

Chego na porta e atendo a porta antes de sair, na minha frente estava Cecília de pé e muito bem arrumada, dessa vez ela usa uma blusa de manga longa branca e gola alta e uma calça larga. Ela me olha dos pés à cabeça e ela murmura algo como "uau" e a questiono: 

– Eu já estava indo até sua casa, por quê veio até aqui? 

– Sabe como é, anda muito perigoso por aqui e vai que você é assaltada ou coisa do tipo? Eu não me perdoaria se algo assim acontecesse - ela diz em tom dramático 

– E isso aconteceria enquanto eu estivesse pegando o elevador até o seu apartamento? - eu tento segurar a risada enquanto tento falar 

– Claro, já viu as notícias? Tudo muito perigoso. E aliás você sabia que - ela continua falando sem parar o que não é do normal dela então decido a interromper.

– O que realmente está acontecendo? – pergunto para ela cruzando os braços

Ela suspira  

– Eu estou nervosa e ela já está lá, me sinto no meio de uma bomba relógio e bem, eu estava me sentindo meio sufocada ali e quis vir para cá. - ela tenta desviar o olhar 

– Isso é realmente muito fofo, sabe que não vou poder te ajudar pra sempre, certo?

– Eu sei mas espera, você acha isso fofo? – Cecília acha graça e antes que ela começasse a me caçoar eu pego na sua mão e vamos até o elevador para ir logo para seu apartamento. 

– Temos que ir antes que a gente realmente se atrase.

Chegamos finalmente na casa da Cecília e tudo parece mais arrumado e de certa forma até mais vivo. Os irmãos mais novos dela estão brincando com algum jogo de tabuleiro de perguntas e respostas no chão da sala e no sofá da frente vejo uma garota sentada mexendo em algo no seu celular e parece que ela não nota a minha presença. Ela não parece muito com a Cecília mas algo nela me diz que aquela é a irmã dela. 

A mãe da Cecília olha para mim e me dá as boas-vindas:

– Helena! - ela exclama. – Fica à vontade, espero que você goste de lagosta e macarrão à carbonara. Como a cozinheira tirou férias eu estou comandando a cozinha hoje mas acho que daqui a pouco tudo estará pronto.

– Agradeço pelo esforço senhora e tenho certeza que deve estar ótimo – eu nunca comi nada do tipo mas vou fingir costume. 

– Ah não precisa me chamar de senhora, pode me chamar apenas de Carolina.

Cecília parece um pouco sem graça e um tanto nervosa nessa situação mas a mãe dela me parece um tanto quanto amigável e até animada de certa forma. 

Cumprimento todos, inclusive a garota do sofá que me olha dos pés à cabeça antes de me responder e voltar ao celular. Cecília me leva até o outro sofá da sala de estar e ficamos conversando até a mãe dela começar a conversar comigo e me mostrar os álbuns em família, consigo perceber que Cecília está morrendo de vergonha mas não consigo parar de ver as fotos. 

Carolina me mostra fotos de viagens especialmente, e posso notar que há um homem sempre presente, parece ser o pai da Cecília, ele não é muito parecido com a Cecília mas é com a irmã da Cecília e os trigêmeos. Ele tem pele clara, olhos castanhos claros e cabelo escuro e sempre parece sorridente nas fotos. 

– Essa aqui foi a primeira vez da Cecília nas nossas férias na Suíça, Cecília ficou tão empacotada com tantos casacos que  parecia uma bolinha de neve fofa.

– Mãe, acho que a comida vai queimar se você continuar mostrando fotos antigas para a Helena. - ela tenta desconversar e então a mãe de Cecília pede licença e volta para a cozinha. 

– Pensei que ela nunca ia terminar de mostrar fotos. - diz Cecília 

– Ah mas você era tão fofa, dá vontade de apertar as suas bochechinhas quando você era criança.

– Eu nem era tão fofa assim. - ela retruca 

– Era sim, você já já aquela foto? Você era uma bolinha de neve fofa! - argumento

Ela ri e se aproxima mais de mim 

– Obrigada por me fazer companhia, eu não acreditei quando vi que você estava realmente arrumada e pronta para isso. 

– Modéstia à parte, eu sou um ótimo suporte emocional. - brinco 

– Claro que é, você é incrível - Cecília diz e me deixa mais vermelha que um tomate. 

Nem preciso desconversar pois quando tento juntar palavras sem ter que gaguejar, Carolina chama a atenção de todo mundo para ir até a mesa.

– A-a-a gente precisa ir para lá – tento dizer apontando apressadamente para a mesa. 




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