Capítulo 10 - Presentes de consolo

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Apesar da resposta negativa, acho que pelo menos não preciso me sentir pressionada mais. É difícil até explicar o que sinto quando leio "reprovada" no visor da minha tela do celular. 

Meu pai encolhe os ombros e faz um sinal pra que eu sente do seu lado, Valéria vai até mim e passa a mão no meu ombro e diz:
– Sinto muito - ela pega o Gabriel no colo e eles vão até algum lugar da casa para nos deixar à sós. 

Sento-me ao lado do meu pai e ele fica uns segundos pensando no que dizer, acho que ele não estava preparado para isso e tão pouco sabia o que me dizer. 

– Como você está se sentindo? – pergunta 

Ignoro a pergunta, eu pensei que estava preparada para isso mas definitivamente não estou, me sinto tão decepcionada e frustrada comigo mesma que não quero falar sobre isso, apenas olho fixamente para a televisão da sala desligada e ele me cutuca.

– Você sabe que está tudo bem não estar bem né? Vem cá – ele estica o braço e me dá um abraço e eu o abraço de volta – Você sempre vai ter a opção de tentar de novo, você é jovem que nem eu – brinca e eu solto uma pequena risada em resposta.

– Se eu sou jovem que nem você então acho que estou pior do que imaginei – ele faz um gesto dramático e termina rindo junto comigo.

– Mas sério, apesar de você esculhambar seu pobre pai aqui, eu estou orgulhoso de você mesmo que você não tenha passado nisso, afinal, quem está perdendo uma grande oportunidade aqui é a faculdade. Eles perderam uma grande aluna e bem, quem sabe durante esse tempo você não encontra algo mais interessante que jornalismo? 

– Acho que no fim você está certo, mas acho que ainda tenho que pensar sobre isso. 

Valéria e Gabriel voltam e eles voltam com alguns papéis desenhados, Gabriel caminha na minha direção com esses papéis e me entrega 

– Presente pra você Lena, pra você melhorar. – Ele aponta para o menino e a garota no desenho – Eu e você

 – Ele aponta para o menino e a garota no desenho – Eu e você

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–Que fofinho, estou muito melhor agora maninho. 

O desenho é tão fofo que não sei se quero chorar de felicidade ou tristeza. Dou um abraço nele e ele me dá um beijo na bochecha.

– Você pode pensar melhor no que você pode fazer depois, que tal a gente comer algo? Quer comer o que hoje? – sugere Valéria. 

– Algo daquele restaurante italiano que a gente sempre vai desde que seja à bolonhesa.

– Claro, seu pai é que vai pagar mesmo. - avisa Valéria enquanto dá dois tapinhas no ombro do meu pai 

– Eu vou? – questiona 

– Claro, eu gastei com algumas coisas pro Gabriel e pra mim então estou sem dinheiro. 

– Tudo bem, vou encontrar o número e pedir para entregar para gente. 

Enquanto meu pai faz a ligação, eu pego meu celular, o desenho do Gab e vou para o meu quarto. O céu já está escurecendo e acho que Cecília até agora deve estar esperando alguma resposta minha e sinceramente não sei o que dizer. Talvez um "Oi, eu fui um fracasso mas ano que vem posso tentar de novo" sirva mas acho agressivo demais, deito na cama enquanto estico os braços e olho para o teto, suspiro fundo e então começo a digitar:

[Ei, eu não fui bem mas eu posso tentar de novo em breve] - envio a mensagem e antes mesmo de desligar a tela do meu celular, o sinto vibrar e é uma notificação da Cecília. 

[Você quer conversar sobre isso? Tenho certeza que da próxima vez você vai se sair bem, confio no teu potencial de gênia das exatas] 

Dou um sorriso leve para o meu celular e mando uma foto do desenho do Gabriel para Cecília com a legenda: "Já fui consolada e ganhei um desenho fofo por isso".

[Agora eu tenho um novo adversário à altura para desenhar comigo, é um lindo desenho] 

[Vai ficar dentro da capinha do meu celular, achei fofo da parte dele] 

[Se eu fizer um desenho pra você um dia eu também ganharei um espaço na sua capinha?] 

[Se você conseguir se sair melhor que meu irmãozinho, as suas chances são altas]

Ter comido lasanha agora revigorou meu humor mesmo que ele ainda continue ruim, mas pelo menos não estou tão pra baixo quanto antes

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Ter comido lasanha agora revigorou meu humor mesmo que ele ainda continue ruim, mas pelo menos não estou tão pra baixo quanto antes. Enquanto me preparo para dormir, Cecília me manda mensagem perguntando se eu não aceitaria sair com ela amanhã de manhã, meio em cima da hora mas aceito de qualquer maneira. 

Quando acordo pela manhã, me levanto e lentamente me arrumando e comendo. Cecília queria que eu a ajudasse a escolher algo para se arrumar – Por mais que ela tenha me visto algumas vezes eu acho que ela ainda não entendeu que sou péssima para roupas. De toda forma tento me vestir bem, sempre tenho o sentimento da necessidade de me vestir um pouco mais quando se trata dela. 

Aviso a todos que estou saindo e vou para o prédio dela no último andar, ainda me impressiona o fato de que ela mora na cobertura mas mal tenho tempo de ficar pensando nisso e já estou em frente à sua porta. Toco a campainha e dessa vez quem atende é uma mulher alta de pele escura e cabelos longos e crespos, ela me olha de cima à baixo e diz: 

– Pois não? 

– Prazer, sou Helena e eu sou amiga da Cecília e ela me disse que era para que eu estivesse aqui.

– Ah sim, pode entrar querida. Sou a mãe dela, sinta-se à vontade que eu vou chamar ela para você. 

Ela me deixa na sala e fico completamente envergonhada da situação, acho que eu deveria avisar a Cecília toda vez que estou na frente da porta dela. Pelo jeito sempre encontro um familiar diferente quando venho até aqui e é sempre envergonhador passar por isso. 

A mulher volta até mim com Cecília correndo atrás dela enquanto está desajeitadamente tentando por uma meia no seu pé. 

– Foi mal a demora, eu ainda não me arrumei completamente, mas você veio aqui para me ajudar de qualquer jeito. - Ela pega minha mão e vamos ao quarto. Antes da gente entrar a mulher faz um som que chama a atenção de Cecília e que nos faz parar no meio do caminho.

– Vou passar mais tempo que imaginei no hospital então você vai ter que pedir a janta por algum aplicativo ou alguma coisa assim. 

– Certo, mãe – Ela diz em tom de descontentamento 

– E mais uma coisa, Maria Cecília. – Ela diz em tom sério – Quero a porta aberta, entendeu? 

Novas informações sobre ela que eu não sabia e tenho que me lembrar: ela se chamava Maria Cecília e a mãe dela me parece muito mais séria e um tanto assustadora. Cecília parece um tomate de tão vermelha e envergonhada que está, acho que provavelmente minha cara está avermelhada também, mas acho que estou acostumada a passar esse tipo de vergonha com meu pai. Nada mais desse tipo me atinge.

– V-va-mos logo, tchau, mãe! - Cecília exclama enquanto gagueja.

Amor de um Verão | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora