A vida não tem sido fácil para Helena Matsui Montes, desde que ela se formou no ensino médio a sua vida tem se resumido a trabalhar na pequena loja do seu tio e cuidar de seu irmãozinho enquanto a sua aprovação da faculdade não chega, viver dessa fo...
Desde que o dia começou eu não consigo parar de pensar em formas de não ficar remoendo o fato de que saberei finalmente se passei ou não na universidade, não consigo comer nada sólido desde ontem e isso está me deixando mais nervosa. Sinto que se eu comer algo agora tudo só vai piorar e posso acabar devolvendo pro mundo de novo.
Ando de um lado para o outro na sala enquanto atualizo a página da faculdade, estou fazendo isso há tanto tempo que Gab me acompanha enquanto ando ao redor da nossa sala. Valéria fica observando a cena enquanto está sentada no sofá enquanto murmura alguma coisa para meu pai que está ao lado dela.
– Acho que ficar rodando pela sala não vai te ajudar nada, filhota.
– Concordo com o seu pai, você está há tanto tempo andando que está me deixando tonta só de olhar
Decido finalmente parar de andar e me sento no chão, minha visão fica girando por muitos intermináveis minutos os quais foram piores do que esperar a lista dos aprovados. Enquanto eu estava tentando me recuperar sinto meu celular vibrar e vejo que é uma mensagem da Cecília
[Você já começou a surtar ou eu ainda tenho tempo para me preparar]
[Estou vendo tudo girando há muito tempo, acho que isso pode contar como surtar]
[Me dá 5 minutos]
Olho a mensagem e digito apenas um "okay" enquanto volto de novo a atualizar a página ainda sem nenhuma novidade. A campainha toca todo se entreolham com cara confusão
– Alguém estava esperando algo? - Pergunta papai e todo mundo nega, então me levanto e vou atender seja lá quem for.
Abro a porta e dou de cara com Cecília e um monte de jogos de tabuleiro empilhados um em cima do outro.
– Olá, foi aqui que pediram uma tarde de jogos e diversão? Estou prontíssima pra te amassar no uno.
Sorrio para ela em agradecimento e pego alguma das caixas e levo em direção à mesinha de centro da sala
– Olá senhor, como vai? Estou em uma missão de tentar fazer sua filha não pirar com esse lance todo de aprovação. Quer jogar com a gente?
– Me sinto um velho toda vez que me chamam de senhor, por favor me chame de André.
– Velho – Repete Gab enquanto aponta para meu pai e ri da cara dele
– Que pesadelo, eu ainda estou conservado,
Cecília cumprimenta Valéria e Gabriel então se senta ao meu lado e me deixa escolher algum para começar
– Eu não sabia qual era o teu preferido então trouxe esses lá de casa.
Eu aponto para o uno que estava no canto e Cecília se apressa para ajeitar tudo. Enquanto isso, meu pai e Valéria vão à cozinha na desculpa de que vão preparar algo para a gente. Enquanto eles saem
– Aproveitando que eles foram, como você se sente com isso? – Cecilia pergunta enquanto embaralha um amontoado de cartas e separa dez cartas para cada um.
Suspiro profundamente enquanto pego algumas almofadas e digo:
– Sinceramente não sei, só tenho o sentimento de que se não der certo acho que nada mais pode dar certo e sei lá não quero ser uma decepção para eles.
Antes que Cecília pudesse me dizer algo, meu pai e Valéria aparecem cada um trazendo algo nas mãos então ela apenas coloca sutilmente sua mão em cima da minha.
– Eu fiz meus maravilhosos sanduíches de frango mas também tem de atum - Diz Valéria
– E eu trouxe essa jarra de suco de acerola, nada mais perfeito que isso
Cada um pega um pouco de comida e todos se sentam formando uma rodinha enquanto cada um pega o bolo de cartas que estava separado, por um momento eu realmente pude me esquecer de tudo.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
– Uno! Eu falei que eu ia te vencer! - exclama Cecília
– Claro, se eu não tivesse recebido um +4 da Valéria eu tinha te vencido.
– O momento da vitória é para poucos, bebê.
– Eu ainda tinha 6 cartas, acho que nem cheguei perto de vencer - diz meu pai em tom triste
O celular da Cecília vibra e ela fica alguns segundos mexendo no celular até se espreguiçar um pouco e dizer:
– Minha mãe acabou de chegar, acho que preciso ir. – Diz em tom baixo
Todos a ajudam a guardar as coisas e nesse meio tempo pego meu celular de volta – que estava guardado em cima da mesa porque de acordo com Cecília eu ficaria muito paranoica com ele por perto e realmente ela estava certa mesmo.
– Muito obrigada por ter passado a tarde com a gente, qualquer dia vamos ter outra revanche. – digo enquanto guardo as últimas cartas na caixa e vamos em direção à porta.
– Ah que nada, saiba que sempre estarei aqui por ti quando precisar se distrair um pouco.
Fico tão vermelha quanto um tomate enquanto ela diz isso, mas ao mesmo tempo me sinto feliz por ter alguém assim perto de mim.
– B-b-bom preciso realmente ir, minha mãe precisa da minha ajuda para cortar batata! Mas quando souber o resultado m-me conta! - Cecília se vira caminha em direção ao elevador tentando não gaguejar mais ainda pra mim
Quando ela entra no elevador, volto de novo para a sala e corro em direção ao meu celular enquanto o site carrega meu pai tenta me distrair dizendo:
– Cecília é uma pessoa adorável, está aprovada como possível nora
– Pai! – exclamo
– Seu pai só está assim porque enquanto você foi ao banheiro durante a partida eles descobriram que gostam das mesmas banda de rock.
– Eu não posso fazer nada se ela tem bom gosto
O site carrega e não consigo dizer nada mais além daquilo, a lista de aprovados aparece e procuro meu nome em toda a parte até que encontro no fim da lista.
