Capítulo 16 - Quase-namorada

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Eu realmente não sei se sou boa em consolar as pessoas, nunca tive que fazer isso muitas vezes, então não tenho prática mas pelo menos acho que Cecília se sente mais calma. Em algum momento eu a abraço de novo e ela começa a chorar até que acaba dormindo em mim, já está anoitecendo e acho que acordar ela não é uma boa ideia, eu pego meu celular que estava do meu lado e mando uma mensagem para meu pai, à essa altura talvez a mãe dela esteja preocupada e acho que pelo menos dar notícia de onde ela está seja bom, mas eu definitivamente não quero ter que lidar com a mãe dela, talvez ela queira me jogar em um rio de jacarés por ter trago a filha dela para cá então vou deixar essa missão para o meu pai.

[Você vai precisar me ajudar numa coisa] - digito e logo meu pai fica online e ele me manda dois olhinhos em emoji, ele sabe que alguma coisa vai sobrar para ele.

Tento explicar o mais rápido que consigo sem que acorde Cecília, um dos meus braços está em volta dela e o outro ficou com a função de digitar, não consigo digitar rápido com uma mão só mas depois de alguns minutos consigo explicar tudo.

[Você só se esqueceu de que eu preciso do número da casa da sua quase-namorada]

"Da sua quase-namorada" não deixo de soltar uma risada sem querer quando leio isso, no fundo me sinto muito feliz em ler isso e sinto Cecília se movimentar um pouco, acho que ela está acordando e olha para a minha tela do celular.

- Quase-namorada? - é a primeira pergunta que Cecília me faz e eu acho que minha alma acabou de abandonar o meu corpo agora. Não tinha notado que ela conseguiria ler o que estava escrito, ela ainda parece bem sonolenta, talvez nem se lembre mais o que tenha visto. Eu tento falar algo mas apenas fico gaguejando sem parar até que ela olha para mim e diz:

- Gosto desse título - e depois me passa o número da mãe sem nem questionar e volta a dormir em mim como se não tivesse acabado de me ter causado dois ataques cardíacos por ter dito essas três palavras.

Helena você não pode surtar, não surte, não surte, não surte, totalmente impossível não surtar

Depois de uns minutos quase totalmente recuperada e agora sem estar tão vermelha quanto um tomate, parece que Cecília finalmente acorda para valer dessa vez.

- Como você se sente?

- É como estar abaixo do fundo do poço mas com um mínimo de conforto, mas só por sua causa.

Pelo menos eu dei conforto para ela, já é um começo. Os olhos dela ainda estão um pouco inchados e um pouco marejados ainda.

- E se a gente tentar mudar um pouco esse seu fundo poço? - sugiro e Cecília parece curiosa pelo que vou fazer.

- A gente pode fazer algo para a gente comer e então podemos fazer qualquer coisa que você quiser. Que tal?

Ela concorda com a cabeça e então me levanto estendendo a mão para ela para podermos ir para a cozinha.

Abro os armários da cozinha e procuro coisas que possam ser fáceis de fazer, minhas habilidades culinárias são vergonhosas e não quero passar vergonha na frente dela.

- E se a gente fizer misto-quente? É a minha especialidade - sugiro fazendo graça enquanto pego os ingredientes.

- Eu acho que é uma boa ideia, sempre gostei de comer quando eu era pequena.

Uns minutos depois já estamos acabando de montar os mistos, Cecília parece se divertir enquanto faz, ao menos ela está se distraindo e ainda vai poder comer depois então tudo certo. Talvez esse seja um bom momento para perguntar sobre o que ela disse para mim quando acordou. Talvez seja uma péssima ideia perguntar, mas se eu não falar eu vou ficar martelando isso pela eternidade e isso vai ser difícil de lidar.

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