Corte de estrelas caídas

Capítulo 3

Agora

Sherazade

A impaciência sempre foi um dos meus maiores defeitos, embora eu fosse extremamente hábil em planejamentos, no fim sempre acabava agindo pela minha impulsividade, recorrendo sempre ao improviso. Infelizmente na minha atual e terrível situação essa não seria uma escolha muito sábia, esperar e ver o desenrolar de tudo enquanto eu tentava encontrar uma forma de escapar da minha prisão que agora era feita de mármore ao invés de pedra silenciosa, era o maior dos meus desafios e a coisa agarrada ao meu pulso sugando e inibindo a minha magia só transformava tudo em uma experiência ainda mais agonizante.

Meu primeiro passo foi buscar conhecimento, qualquer coisa que me ajudasse, mesmo que fosse uma informação mínima já me seria muito útil, passava longas tardes na biblioteca do palácio Hyberiano e por sorte essa minha atitude não era de atrair suspeitas, mais que obvias é claro. Não seria nada incomum me ver pesquisando sobre artefatos antigos quando eu mesma havia sido ressuscitada pelo mais antigo de todos e o mesmo valia para exemplares mais atuais que me contextualizassem das mudanças que percorreram o mundo na minha ausência de cento e cinquenta anos.

Era isso que eu falava para o rei torcendo que ele engolisse e ao que parecia ele não só engolia de bom grado como também fazia questão de me encarar como se eu fosse a droga de um pedaço de carne, mas no momento atual eu só poderia ter paciência em relação a isso, não tendo outra alternativa se não me esquivar de suas indelicadezas e rezar Mãe para que ele não fosse mais obvio nas suas intensões.

O que o rei não sabia era que entre os milhares de livros e papiros que eu lia, eu secretamente buscava alguma forma de me libertar da sua gaiolinha de ouro, até agora a minha maior aposta seria atribuída na alquimia uma forma antiga de magia usada muito antes da chegada dos feéricos a esse mundo, esperava que fosse realmente útil em funcionasse.

— Você deveria sair mais — Disse uma voz atrás de mim.

Já passava das três da tarde eu acho quando ela chegou me sondando enquanto eu estava debruçada sobre um manuscrito em um dialeto complexo da língua antiga a data dele a tempos fora apagada e as informações eram confusas sobre terras antigas que eu não tinha nem mesmo conhecimento geográfico de onde seriam atualmente. E foi em meio a esses meus pensamentos que Ianthe chegou para me infernizar testando a minha paciência como fazia todos os dias.

Nunca quis tanto espancar algum membro do colérico quando quero com aquela vaca.

Felizmente como o seu comentário havia sido relativamente baixo fingi ignorar enquanto me perguntava onde diabos ficava Terassen? Talvez mais ao norte? Não a Corte Noturna fica ao norte e a tal constelação galhada do cervo que supostamente aponta para o reino antigo não existe, eu saberia graças as aulas de astrologia que meu pai obrigava tanto eu quanto meu irmão a ter, as vezes eu me perguntava se dos filhos de outras cortes também eram obrigados pelos pais a estudar sobre sua estação ou hora do dia, que merda se aprende sobre o crepúsculo?

— Vai ficar mais pálida do que já é se continuar agindo como um rato de biblioteca — Falou Ianthe de uma forma nenhum pouco discreta ou dócil como ela começara a agir a princípio, mas depois do obvio interesse no rei em mim a fêmea resolveu mostrar as garras, como se fosse me intimidar com a laia dela.

— Sinto muito mais eu tenho trabalho a fazer para caso eu realmente consiga a minha corte de volta — Declarei abandonado o manuscrito e partindo para um livro alquímico na língua comum.

— Faça o que quiser querida — A sacerdotisa saiu da mesa que estava sentada em uma posição nada confortável, eu me perguntava se isso era de proposito para caso um macho em potencial aparecesse era uma bela visão das duas ancas isso era um fato — Só espero que não venha reclamar quando sair das graças do rei.