•Você some•

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𝑀 𝐴 𝑅 𝐼𝐴

6 meses depois, janeiro, 2017.

Eu e o Geizon estamos a 10 meses juntos, não sei exatamente em qual parte nesse período de tempo foi o suficiente para nós dois esfriarmos, ou pelo menos ele esfriar já que eu ainda o amava, o foda é que eu estava amando sozinha. Quando tínhamos 6 meses de relacionamento decidimos que iríamos morar juntos, achei que éramos adultos o suficiente para construirmos nossa própria casa, crescermos juntos, e na verdade nós não éramos, talvez eu devesse ter dado ouvidos a minha mãe.
Geizon entrou para uma banca do Rio de Janeiro chamada 1kilo, ele se fudeu lá dentro por que um dos administradores quis fuder ele, nunca vou perdoar o Pablo pelo que ele fez. O que ele tinha com o estudante também acabou, da mesma forma que também acabou o que ele tinha com o Cartel. Geizon tava um pouco desacreditado do sonho dele, mas ele estava batalhando como nunca, tinha acabado de entrar para uma gravadora chamada Baguá, queria estar comemorando algo assim com ele, dizendo o quanto fico orgulhosa dele por chegar onde chegou, por ter acompanhado todas as batalhas e noites mal dormidas dele, mas eu não pude, já que ele não me contou que tinha entrado e eu tive que descobrir pelo Major.
Não quero que ele me fale tudo, muito menos que ele se sinta na obrigação de me contar sobre tudo na vida dele, queria que ele me contasse apenas por querer compartilhar comigo, a mulher dele, algo que foi realmente importante para ele, mas eu não sabia mais nada sobre ele, faziam semanas que ele sumia por dias e depois voltava como se nada tivesse acontecido, até eu encontrar batom vermelho em uma camisa dele, eu não queria acreditar nisso, mas eu não conhecia mais ele a semanas, talvez nós não fôssemos mais os mesmos, e tava doendo pra caralho.

Eram duas da manhã e eu estava na sala com as minhas coisas arrumadas o esperando chegar em casa, contando com essa noite, faziam dois dias e três noites que eu não o via, eu até que aguentei demais na verdade, mas mesmo assim, eu não queria ir embora sem avisar e me sentir covarde por que não soube bater de frente com os meus problemas, era isso que eu queria pensar na verdade, mas na realidade eu só tinha uma pequena ponta de esperança de que ele me pediria para ficar, mesmo sabendo que nós não iríamos mais dar certo juntos, não se continuássemos da forma que estava e ele realmente não muda. As horas foram passando e nada dele chegar, eu estava cochilando no sofá quando escutei o portão ser aberto, olhei para o relógio na parede a minha frente, 06:40 mas que porra!
Quando ele entrou em casa olhou para minhas malas no chão e foi intercalando entre elas e eu com um olhar confuso, até ele olhar para meu rosto parecendo já ter entendido.

-Qual foi cara?- ele perguntou sério ainda me encarando, eu não respondi, apenas senti meus olhos arderem, eu não queria e não ia chorar na frente dele- Então é isso po, tu vai me deixar?

-Você me deixou bem antes Geizon, porra três dias cara! olha a hora que você tá chegando- eu disse me levantando e quase explodindo pra cima dele.

-Porra eu tava trabalhando, me desculpa se eu tenho que sustentar nós dois!- ele disse começando a levantar a voz.

- Você fala como se me desse coisa pra caralho, nem atenção que é o mínimo que eu mereço como sua mulher eu tenho!- disse levantando minha voz igual.

- Eu tô passando por coisa pra caralho, o que eu não preciso agora é de você me cobrando atenção!- ele disse com sua típica cara de quando estava puto, eu odiava essa cara- isso por que você dizia gostar pra caralho de mim né, não fode Maria.

- Gostar eu gosto muito mermo! mas agindo assim você não me ajuda- meu olho continua ardendo, eu posso contar nos dedos todas as vezes que a gente discutiu, e eu odeio todas, mas não estava mais dando para guardar isso, tava tudo entalado.

-E você quer que eu faça o que!! você já me conheceu assim, não tem porquê você ir embora agora mano- ele realmente acha que eu sou otaria, não é possível.

-Teu mal é achar que eu sou burra Geizon! Eu não sou otaria que nem tuas vacas que você pega nos teus shows, quer saber o que é pior?! É que eu gosto de tu pra caralho, mas eu to cansada!! Sempre fingindo que não vejo só pra evitar mais briga entre nós dois, porra Geizon olha lá fora cara, eu te esperei até o amanhecer, a janta tá no forno eu deixei pra você, não entendo por que você some, a gente mora junto mas eu não sabia nem quando você ia aparecer- eu explodi, não aguentei mais segurar minhas lágrimas.

- Eu não te trai.- ele disse baixo enquanto desviava o olhar para o chão.

-PARA! caralho para! eu sei que você pegou a Isa Geizon, para de agir como se eu fosse idiota, caso você tenha esquecido que tem um relacionamento, felizmente pra mim as pessoas não esqueceram, porra tu sai e nem avisa, tem batom vermelho na tua camisa cinza, e a real é que tu não me valoriza Geizon, porra eu tô cansada de amar por dois, não tá dando mais pra nenhum de nós dois Geizon- disse sentindo mais lágrimas caírem, enquanto pegava minha mala no chão indo em direção a porta, até sentir a mão dele no meu braço, quando o olhei ele estava com os olhos lacrimejando- não chora, isso deixa tudo pior. Me solta Geizon.

-Suave po, tu quer ir vai, não sou eu quem vai te impedir.- ele disse indo para o quarto, eu odiava quando ele fazia isso, mas hoje eu agradeci, se não eu não teria coragem de realmente ir embora, sai fechando a porta do que era a "nossa" casa, entrei no carro jogando as minhas coisas na parte de trás e fui direto para a casa do Wesley já que a Gabriela provavelmente estaria com o major e tudo que eu menos queria era voltar para casa dos meus pais. Wesley morava sozinho estava tudo perfeito para passar o dia chorando no colo do meu melhor amigo, o porteiro já me conhecia então me deixou subir direto, bati duas vezes na porta e nada, quando comecei a pegar minhas coisas no chão para ir embora ele abriu a porta, com a cara toda amassada e baba seca na bochecha.

-Mano eu te amo mas são 07 e meia da manhã, você tá fazendo o que aqui- ao ver ele ali na minha frente eu não tive outra reação, apenas corri para os braços do meu melhor amigo e me permiti chorar, eu odiava chorar na frente de qualquer pessoa, mas ele, Geizon e Gabi eram meu porto seguro, tava realmente foda saber que eu perdi um deles.

-A gente terminou- eu disse abafado contra o peito dele, e as lágrimas não ajudavam muito, ele não disse nada, apenas me apertou mais forte contra ele, ele me soltou apenas para ir pegar minhas coisas do lado de fora. Assim que entrou me puxou para o sofá e se sentou do meu lado me abraçando de lado e me aconchegando mais nele.

-Eu sei que você tá triste, não tem como não estar, mas você sabe que vocês precisavam disso- eu apenas assenti, eu realmente sabia.

-Vai fazer o que agora?- eu não sabia responder, porra eu nao tinha a mínima ideia- Você pode ficar aqui o tempo que você quiser, você sabe.

- Eu sei, obrigada por tudo- eu amava muito ele, e ele sabia, amava nossa conexão mais ainda- Acho que eu vou aceitar a proposta, não sei ainda- Eu tinha acabado de terminar a faculdade e tinha recebido uma oferta incrível para trabalhar na criação na sede da Farm em São Paulo, eu nem cogitei em ir, mas eu realmente precisava de um tempo longe disso tudo, mesmo amando meu Rio de Janeiro, eu precisava ficar um pouco longe dele.

-Vou sentir sua falta demais, mas você sabe que eu vou te apoiar em tudo, é a gente sempre- abracei ele com mais força ainda.

- eu te amo demais!!!- eu disse tentando expressar tudo que eu sentia por ele.

-também te amo- ele beijou o topo da minha cabeça, ficamos conversando mais um pouco até eu ir para o quarto de hóspedes morrer por lá, já que eu não dormia a mais ou menos a 24 horas. E eu dormi, descarreguei tudo no sono pensando em como colocaria minha vida nos eixos, nunca precisei dele para viver, mas agora eu teria que mudar todos os meus planos.

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