Capítulo 22 - Tempo certo

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  Quando deixaram o elevador pra trás, indo em direção ao carro de Bryan no estacionamento, uma rajada forte de vento passou, levantando os cabelos de April. Ela apertou o moletom Cinza sobre o seu corpo esculpido, e foi uma visão que o deixou com a boca seca. Ele sabia que o vento estaria forte, e não queria que ela ficasse doente. Ela devia ter trazido um casaco, e ele fez uma anotação mental para repreendê-la uma outra hora.
- De nada, querida. - Ela parecia feliz e confortável. - Você está visivelmente quentinha, e eu estou até com inveja. - Completou chegando ao carro e abrindo a porta do carona pra que ela entrasse.
  - Eu estou, querido. Muito obrigada por cuidar de mim. E esse moletom tem um cheiro divino. - Disse ela sentando confortável no banco da Mercedes e cheirando mais uma vez a gola da roupa, fechou os olhos e sorriu apreciando.
Ele também sorriu e fechou a porta. Deu a volta no carro, mal acreditando que  finalmente estava tão perto dela. Ela era tudo o que ele imaginava e sonhava, e ainda mais. Já haviam se beijado, e aquele fogo havia se acendido em Bryan de uma forma intensa e apressada. Aconteceram tantas outras coisas durante a noite e em tão pouco tempo, que se perguntou se deveria beija-la de novo, ou era mais sensato esperar. Não faria nada que pudesse assustar ela, ou fazê-la correr. Decidiu que ia observar como as coisas andavam durante a viagem, e então decidiria o próximo passo, com calma e paciência.
Com o carro em movimento pelas ruas da cidade, Bryan seguiu seu caminho em direção à casa de April, pensando em como seria ter passado a noite no hotel, ao lado dela, enquanto ambos olham para rua.
  - Como tem sido sua noite, Sr Scott? - April interrompeu o silêncio. Ela parecia leve e despreocupada, e isso era um sinal muito bom. Ela queria brincar.
  - Conturbada? Acho que essa é uma palavra que encaixa pra noite de hoje. Mas agradável. Você é uma companhia muito agradável, eu já disse isso, Srta Finnegan? - Ele respondeu no mesmo tom que ela.
- Acho que esse elogio eu ainda não recebi. Mas eu entendo, você está comigo a algumas horas só... Pra te cansar de mim, precisa de no mínimo 3 dias. - Ela disse e gargalhou, levando a cabeça pra trás.
Que sorriso lindo, que risada gostosa. Bryan assistiu e apreciou aquele momento. April era engraçada, espontânea, cheia de vida. A amava mais a cada segundo, e não sentia medo de deixar esse sentimento irradiar de seu peito, dando uma sensação que só ELA trazia. Ele apenas riu junto por um tempo e aproveitou a sensação.
  O relógio da Mercedes marcava 2h34 quando estacionaram alguns metros a frente da casa dela. Ele já havia visto a casa pelo Google Maps e feito um conhecimento de campo alguns dias antes. Agora que a foto de April tinha sido levada da casa dele, precisaria reconhecer melhor o espaço pra montar uma forma mais eficaz de mantê-la segura.
Foi o momento em que ele percebeu que estava sendo observado. Ela estava parada, virada pra ele e o observando se perder em pensamentos. Ele se sentiu vulnerável e desprotegido por um segundo, mas quando percebeu de quem se tratava, seus músculos relaxaram.
- Desculpe, meu bem. Estava longe, foi mal. Bom, você está entregue, e com mais de 20 minutos antes do horário. Estou orgulhoso da minha pontualidade. - sorriu, cheio de si e piscou pra ela.
- Oh, sim! Que bom que você sugeriu pra virmos logo, então né? O que eu faria sem meu anjo- ela rebateu no mesmo tom de ironia.
Ele novamente pensava em como ela era incrível. Ela era doce, e inocente. Mas também era vivaz, era esperta, inteligente. Uma mulher extremamente rápida e emocional na medida certa. Ele nunca havia sonhado que pudesse achar alguém tão perfeita aos seus olhos. Sentiu uma vontade forte e crescente de beijar April novamente, mas ela parecia tão confortável que não queria deixar o momento tenso. Então apenas a observou e a ouviu atentamente, enquanto ela dizia que tinha se divertido. Agradeceu a noite, o jantar, a paciência e a companhia.
Ele desejou que ela soubesse o quanto aquilo tinha sido incrível pra ele.
- Uma noite memorável, sem dúvida. - ele respondeu.
- Sim, espero que de uma forma boa, Bryan. - Ela coloca a mão no joelho dele, e o olha nos olhos. Mas logo em seguida se despede. - Preciso entrar agora, podem chegar a qualquer minuto e seremos pegos. Mais uma vez, me desculpe pelos contratempos, e obrigada pela sua paciência.
Ele entendeu que ela queria demonstrar afeto, mas também se despediu. Decidiu por apenas dar espaço. Ele tinha todo o tempo do mundo, e não tinha pressa. April não iria a lugar algum sem ele.
Bryan pegou a mão dela de seu joelho, levou aos lábios e deu um beijo gentil nas costas de sua mão, fechando os olhos e aproveitando a sensação da mão dela na sua, e quando abriu ela o fitava com atenção, e estava imóvel.
A expectativa quase podia ser sentida no ar quando ele ergueu a mão direita, colocou na parte de trás do pescoço de April, trouxe seu rosto até bem próximo o dele, e erguendo um pouco a cabeça, plantou um beijo carinhoso e casto no topo da testa de April, que era apenas guiada pelas mãos dele.
Depois do beijo, encostou sua testa na testa dela, e se despediu.
- Boa noite, minha Bela. Eu tive um dia incrível. Mal posso esperar por mais amanhã. Você nunca mais vai se livrar de mim.
April sorriu, enquanto ele a soltava gentilmente, saia do carro e abria a porta pra que ela saísse.
- Que horas amanhã? O que vamos fazer? - ela disse baixinho enquanto saia do carro e colocava sua bolsa no ombro.
- Que curiosa, se acalme. Vou te manter informada. Vai me ver antes de sentir saudade. Prometo, tudo bem? Agora vá. - ele encosta no carro e aguarda que ela entre.
- Tudo bem, tudo bem. Boa noite Sr Scott. Durma bem. - ela já caminhava em direção a porta e entrava em casa sumindo na porta.
Ele aguarda ver uma luz se acender no segundo andar da casa, quando vê a moça acenar por trás da cortina. Ele acena de volta, entra no carro e a Mercedes da a partida.
Da uma volta na quadra, entra na mesma rua e estaciona atrás de uma grande árvore onde ele não seria notado, mas tinha uma visão ampla do terreno da casa dos Finnegans.
Com uma atenção de tocaia, olhando para os lados a todo momento, Bryan abre o celular, um app específico e envia uma única mensagem apenas.
- " ECVUS, alerta vermelho. Reunião em 15 na mesma sala. Código 66709".

Seguiu com o olhar fixo na rua. Precisava  ficar até ela estar segura e com os pais, e depois disso iria pro hotel definir um plano de segurança com a equipe. Tinha poucas horas e não iria desperdiçar tempo quando se tratava da segurança de BelaRed.
Um Prius preto entrou na rua e ele se abaixou quando o carro passou perto do seu. Estacionou na frente aguardando que a porta da garagem abrisse por completa, e então Bryan conseguiu ver um homem e uma mulher saírem do carro enquanto a porta se fechava com o carro lá dentro. Ótimo.

Em 5 minutos estava de volta no hotel, abriu o tablet, se sentou na mesa, pegou uma garrafa de vinho e serviu uma taça, colocando os fones sem fio. Bem na hora.
Ele sentiu o tablet vibrar e viu as notificações entrando.

Henry Bennett entrou na sala.
Hillary Moletta entrou na sala.
Bryan Scott entrou na sala.
Jonathan Dunn entrou na sala.
Clare Crowford entrou na sala.
Thomas Lewis entrou na sala.

Maldita ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora