April abriu os olhos com dificuldade, pois suas pálpebras insistiam em ficar fechadas, incomodadas com a claridade do ambiente. Ela levantou a mão para esconder os olhos e tentou ficar sentada. Sua cabeça letejou, ela se sentiu fraca, e então finalmente conseguiu focar sua visão. Em seu braço havia uma medicação sendo injetada diretamente na veia.
A última coisa que se lembra, era de ter sentido sua garganta queimando, e... de Bryan. Bryan! Onde ele estava? Será que tudo não passou de um sonho? Começou a se questionar por quanto tempo havia apagado.
Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu um barulho na porta e elevou seu olhar em direção a ele. Era Bryan. Em sua camisa azul e com um semblante preocupado. Mas onde ela estava? O que houve? Se sentiu um atraso, um problema. Óbvio que ele estava bravo com o contratempo. Veio até Detroit para ver uma cena dessas... sua cabeça era uma nuvem de pensamentos desconexos e culpa.
- Oi. Como você se sente? - Ele caminha até ela, com a voz simpática e se senta numa poltrona que ela não havia notado estar ali. - Está melhor?
- O que aconteceu? A quanto tempo estamos aqui... aliás, onde estamos? - Sua voz saiu um pouco mais alta do que pretendia. Ela percebeu, porque ele estava inclinado para perto da cama, e se ajeitou no assento, enquanto ela falava. Mas ele também estava estranho... embora ela soubesse que, não importa o que tenha acontecido, era sua culpa.
- Bem April, você teve uma reação alérgica ao camarão. Estamos aqui a mais ou menos um hora apenas, e... - Senhor Scott? - uma moça, loira e com um coque elegante de jaleco interrompeu sua explicação. - Precisamos de umas assinaturas suas para a alta da Senhorita Spencer. Poderia me acompanhar? - A loira falava enquanto batia os cílios exageradamente, e ela soube que era por Bryan. Cerrou os punhos com força, já que era o máximo que podia fazer. E quem diabos era a Srta Spencer? Ele pediu licença.
- Meu bem, eu vou apenas resolver isso, e já volto para ajudar você a ficar pronta para irmos. Você já recebeu alta. Prometo não demorar. - e simplesmente a seguiu. Assim que fecharam a porta, ela conseguiu ficar sentada.
Havia uma mesa ao seu lado, com uns prontuários. Certa de que o seu estava ali, e sendo filha de médicos, ela decidiu olhar o seu. Acreditando que com certeza entenderia a linguagem que era usada. Mas o único documento que achou, eram sobre uma Katherine Spencer.
"Katherine Spencer, 19 anos. Reação alérgica a camarão, chegou no hospital desacordada as 20:47 horas com o namorado..."
Bryan havia dito que ela tinha tido uma reação ao camarão e foi assinar os papéis para a alta dela... mas porque Katherine? Como ele deu estrada no hospital com uma identidade falsa? Ele não respondeu onde eles estavam, então ela procurou no documento. Quando bateu os olhos no nome, sentiu o corpo congelar. Porque justo aqui? Porque justo hoje? April então entendeu a identidade dada por ele ao dar entrada, e se sentiu grata e segura por Bryan ter pensado nisso.
O Hospital Henry Ford, onde ela havia sido levada, era onde seus pais trabalhavam como Médicos a mais de 10 anos. Eram conhecidos, e ela agradeceu aos céus por não aparecer pra visitar os pais com frequência ou já teria sido reconhecida. Logo hoje estavam de Plantão e sentia que a qualquer momento entrariam pela porta e seria seu fim. Teria sido por isso o nome falso? Pra não ser reconhecida? Será que Bryan sabia?
Não lembrava de ter dito o nome do hospital. Eles não falavam muito sobre seus pais. Preferiam evitar o assunto.
A maçaneta da porta girou, e seu coração parou por uma fração de segundo e ela se manteve imóvel. Mas era Bryan. E ela sentiu seu corpo estremecer, soltando o ar que ela nem percebeu estar segurando. Ele estava calmo e seguro, como sempre.
- April, eu vi uma moça muito parecida com você na recepção. A semelhança era gigante. Onde você disse que seus pais trabalhavam? - se aproximou do ferro nos pés da cama e se apoiou. Ele havia visto sua mãe. Precisavam sair dali o mais rápido possivel, antes que ela fosse vista.
- Henry Ford. Plantão hoje. - Disse quase num sussurro com os papéis ainda nas mãos. - Eu não posso ser vista. Ou estou morta! - diz, pulando da cama e tirando o acesso que havia em seu braço.
Quando passou por Bryan pra procurar sua roupa, ele segurou nos ombros dela, e a fez parar a correria pelo quarto olhando em seus olhos.
- April, ninguém vai ver você. Precisa se acalmar. Estou aqui, tudo bem? Você está registrada como Katherine Spencer. E eles não são responsáveis por esta ala hoje. Você está segura. Agora, arrume-se devagar, ainda está medicada. Quando terminar, saímos daqui e NÃO vamos ser vistos. Você pode confiar em mim? - Sua voz era calma, como se falasse com uma criança assustada. Mas ela não sentia que aquele era o seu Anjo. O mesmo das ligações e... faltava algo. Aquela ligação, havia sumido. Ela não a sentia, e sem aquilo, ele era só um cara.
- Eu não sei...
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Maldita Obsessão
Genç KurguPara "BellaRed", amor é um sentimento puro, reações químicas e loucura. Para "Anjo", é a salvação para sua alma podre. Enquanto a garota acredita em conto de fadas, o homem crê que sua princesa precisa ser sua. Sua e de mais ninguém. Em meio a paix...