Cap 56 || Terapia

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Voltei para meu apartamento já estava tarde e a casa estava silenciosa e escura, a Mara já tinha ido embora, mas não tinha nem sinal do Lucas em lugar algum, caminhei pelo corredor dos quartos e ouvi barulhos vindo do seu estúdio, mas a porta estava fechada. Pensei que ele estava ali, mas não quis incomoda-lo, então fui para o nosso quarto.

Tomei um banho bem relaxante, coloquei meu pijama, fiz meu skincare e deitei. A noite estava fria, então escolhi um cobertor, de repente o lado da cama que é do Lucas ficou frio, só queria o quentinho dele aqui agora.

Tentei dormir, mas não consegui, então coloquei um episódio de uma série e comecei a assistir na tentativa de sentir sono e funcionou, em poucos minutos eu comecei a cochilar.

Acordei com o Lucas deitando ao meu lado, ele me olhou e continuou se ajeitando para deitar. A televisão estava desligada, provavelmente ele quem desligou.

- Boa noite. - Ele disse e ficou no celular.

- Boa noite. - Respondi.

Virei de costas pra ele e fechei os olhos com força, porque ele ficou assim? Será que foi algo que eu fiz ou falei? Mesmo confusa depois de um tempo eu dormi novamente.

Pela manhã acordei e como de costume coloquei a roupa da academia, logo chegou mensagem da Bruna avisando que estava descendo para academia. E assim eu desci também.

Treinei sem vontade alguma hoje, nem respondia as brincadeiras da Bruna. Ela me convidou para tomar café da manhã em um café perto daqui, mas eu neguei, hoje eu teria terapia.

Voltei para o meu apartamento, tomei café da manhã e depois tomei banho, coloquei uma roupa que já estava apertada em mim e fui para terapia. Chamei um uber e em menos de 20 minutos já estava no consultório.

Me identifiquei e logo a psicóloga me chamou. É incrível como tudo em um consultório de uma psicologa é aconchegante, só de entrar nesse lugar eu me sinto melhor, a atendente, os quadros na parede. Tudo tem um clima de paz.

- Bom dia, Malu. Como está? - Ela me perguntou simpática.

Eu faço terapia desde os 12 anos, nessa época meus pais acharam importante eu fazer, pois eu estava entrando na adolescência e eles disseram que essa fase é difícil, eu concordo com eles, mas ninguém me falou que as coisas só piorariam.

- Eu estou bem. - Respondi arrumando a bolsa no meu colo.

- Você parece meio desanimada hoje. - Ela disse.

- É o Lucas. - Disse e dei uma pausa. - Ele tá meio... Estranho.

- Você quer falar sobre isso?

- Ele está estranho nos últimos dias, não senta comigo na mesa, não conversa direito, ele até gritou comigo ontem. - Disse lembrando da manhã de ontem.

- E você tem ideia do porquê ele pode estar assim? - Ela questionou me olhando com aqueles olhos grandes.

- As vezes eu acho que ele não gosta de mim. - Disse e ela levantou as sobrancelhas. - Não gosta como esposa sabe? A gente se dava bem antes quando a gente transava numa noite e depois ia embora. Agora ele precisa ficar do meu lado o tempo inteiro, ficou comigo nesses últimos 5 meses. Acho que ele está cansado de mim. Eu não sou muito interessante, ainda mais grávida.

Despejei tudo emcima da psicóloga e ela me olhou e olhou para suas anotações.

- Você acha que ele não gosta de você porque você está grávida?

- Eu acho que se eu não tivesse engravidado nós nunca ficaríamos juntos.

- Mas você sabe que não é porque você engravidou que você precisa ficar com ele, não sabe? O bebê não deve ser um motivo para vocês se obrigarem a ficar juntos. - Ela disse.

- Sim, mas eu gosto dele. - Disse e a doutora me olhou surpresa, é a primeira vez que eu admito isso, até para mim mesma.

- Mas até um mês atrás você me jurou que não gostava dele. - Ela disse com um sorriso.

Eu fiquei em silêncio pensando no que eu disse.

- Mas eu... - Pensei mais um pouco. - Será que eu gosto dele? - A questionei e ela deu de ombros.

- Você que tem que me dizer.

- Mas você é a psicóloga. Será que eu gosto dele? É por isso que você sempre pergunta por ele?

- Eu não posso afirmar nada. - a doutora disse com as mãos para cima.

- Eu não posso gostar dele, ele não gosta de mim. Ou será que gosta? - A olhei confusa.

- Malu, acho que está na hora de eu conversar com o Lucas. - Ela disse ajeitando sua postura.

- Porquê? Você não vai contar para ele o que eu disse, né?

- Malu, você faz terapia comigo a anos, você sabe que eu nunca contaria nada do que você me conta. - A doutora disse.

- Perdão, acho que estou traumatizada com esse lance de contar segredos para alguém e esse alguém espalhar por aí. - Disse e revirei os olhos ao lembrar da Giovana. - Falando nisso, sabe o que eu percebi, doutora? Que eu não estou conseguindo desabafar com outras pessoas.

- Como assim?

- Eu fiz uma nova amiga. - Eu disse e a doutora me olhou surpresa. - quer dizer, é uma velha amiga, mas nos reaproximamos e eu não consigo contar nada para ela.

- Podemos tratar isso nas próximas consultas, mas agora você não vai desviar o assunto, Malu. Eu quero que você traga o Lucas na próxima vez. - A doutora disse e eu bati na testa.

Idiota - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora