Cap 4 || Fome

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Lucas dirigia enquanto cantava, eu estava de braços cruzados ao seu lado, séria e morrendo de ódio dele.

- Eu estou com fome. - Disse abaixando o volume da música que ele ouvia.

- Problema seu. -  Ele respondeu e aumentou o volume.

- Eu estou com fome. - Disse com a voz alta abaixando a música novamente.

- Eu não tô nem aí. - Ele respondeu e antes que ele aumentasse o volume da música eu segurei sua mão e coloquei na minha coxa.

- Por favor, você vai ter coragem de me deixar com fome? - Eu disse fazendo uma voz doce, ele me olhou e então eu sorri.

Nesse momento o carro parou, eu olhei em volta e vi uma barraquinha de cachorro quente.

- O quê é isso? - Perguntei.

- Você não está com fome? Nada melhor que um podrão pós festa. - Lucas disse tirando a mão da minha coxa.

- Que nojo! Você sabe que eu não como essas coisas. - Respondi.

- Quem está com fome come qualquer coisa. - Ele disse e me roubou um selinho. - Vamos porque de repente eu também senti fome.

Fiquei olhando ele sair do carro, o conhecendo bem ele não vai me levar em outro lugar e para me irritar vai comer uns 10 cachorros quentes só pra ficar mais tempo aqui.

Desci do carro mesmo contrariada e olhei em volta do lugar onde estávamos. Eu claramente estava destonando desse lugar. Eu estava com uma roupa rosa e uma bota da Prada enquanto as outras pessoas todas estavam de roupa de moletom. Não que  isso me faça melhor ou pior que elas, mas nesse momento eu chamava atenção, tanto quanto uma pessoa fantasiada de palhaço chamaria.

- Eu vou te matar. - Cochichei me aproximando do Lucas.

- Não pode fazer isso em público. É crime. - Lucas disse sorrindo vitorioso.

- Vai ter volta. - Disse sentando na cadeira de plástico.

Olhei a mesa de plástico amarela escrito Brahma na minha frente, Lucas parecia estar se divertindo com isso. Peguei o cardápio que estava emcima da mesa em mãos e o mesmo estava grudento. Olhei com nojo e ouvi o garoto que estava na minha frente sorrir.

- Desculpa, mas com certeza o restaurante que vende escargot está fechado a essa hora. - Lucas disse e eu o olhei com os olhos semicerrados.

- Só tem cachorro quente aqui. - Disse olhando a variedade da mesma coisa que tinha no cardápio.

- Sim, o que você esperava de uma barraca de cachorro quente? Lasanha? - Lucas disse.

- Será que se eu pedir eles não fazem uma salada? - Perguntei olhando o cardápio.

- Deixa se ser fresca Maria Luiza. Pede um dogão logo.

- Eu tô de dieta sabia? Não posso furar a minha dieta, meus seguidores tão acompanhando tudo, isso vai ser como traí-los.

- De traição você entende, né? Traiu o Gabriel comigo. - Ele disse e se gabou.

- Você fala como se fosse só eu, esqueceu que ele é seu amigo?

- Mas era seu namorado.

- Foda-se a questão não é essa. A questão é que eu posto sobre minha dieta todos os dias, não vou comer escondido dos meus seguidores, vou estar mentindo para eles.

- Seus fãs são idiotas se você não pode comer um cachorro quente de vez em quando.

- Eles não se importam se eu comer cachorro quente todos os dias, eu é que não quero fazer isso escondido deles. - Nós discutíamos.

- Ainda bem que eu não preciso esconder o que como dos meus fãs. - Lucas disse e deu de ombros.

- Claro, você esconde todo o resto deles. Realmente a sua janta é o de menos. - Eu disse me referindo ao fato do Lucas nunca falar sobre sua vida. - Sem contar que seus fãs tem 12 anos, eles não se importam com isso.

- Esqueci que os seus todos tem filhos e uma família construída. - Ele disse irônico.

- Todos não, mas pelo menos a maioria já está na faculdade, diferente dos seus que nem terminaram a escola ainda. - Disse e larguei o cardápio emcima da mesa. - Não quero nada desse lugar, esse cheiro de comida gordurosa tá me enjoando.

- Problema seu. - Lucas disse e levantou a mão. - Ei, mestre. Me vê um podrão e uma coca.

Enquanto o lanche do Lucas era preparado ficamos nos ignorando o tempo todo, eu estava morrendo de frio e tédio já que o lugar era ao ar livre e meu celular estava descarregado. Lucas ficou o tempo todo no celular.

Seu lanche chegou e eu revirei os olhos quando o vi mordeu aquela bomba cheia de purê de batata, salsicha, molhos, queijo e outras coisas, mas por algum motivo aquele cheiro fez minha barriga roncar e o Lucas ouviu.

- Vai Maria Luiza, pede logo um lanche para você. Você está babando só de olhar pro meu. - Lucas insistiu impaciente.

- Eu não quero. - Disse e ele revirou os olhos. Nesse momento minha barriga doeu de fome, então lembrei que minha última refeição tinha sido a tarde. - Me dá um pedacinho só?

Lucas me olhou e sorriu.

- Não. - Ele respondeu.

- Por favor, Lucas, eu vou desmaiar. - Cochichei.

- Se você quer um, pede para você. - Ele disse.

- Eu não quero.

- Então desmaia. - Ele disse e eu revirei os olhos.

- Ok, então. Mas eu não vou comer nem metade disso aí. - Disse e ele deu de ombros.

Nesse momento eu não fazia ideia de como pedir já que não tinha um garçom atendendo as mesas, então eu esperava o moço que trabalhava na barraquinha olhar para eu o chamar.

- O quê você está fazendo? - Lucas me questionou.

- Eu quero que ele me olhe para eu pedir.

- Não funciona assim aqui.

- Como é então?

- Você grita, chama atenção dele e ele anota o seu pedido.

- Sem chances de eu gritar.

- Ei mestre. - Lucas gritou chamando a atenção do homem. - Ela quer um podrão com o dobro de maionese.

- Lucas, eu não gosto de maionese. - Eu cochichei pra ele.

- Então, grita e diz pra ele que você não gosta.

- Nunca que eu vou gritar.

- Então vai comer o cachorro quente com o dobro de maionese. - Ele disse e eu senti muita raiva dele.

Idiota - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora