Cap 59 ||Delegacia

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Voltei para a casa dos meus pais, passei o dia todo deitada na minha cama, chorosa. Eu não posso acreditar que o Lucas fez isso comigo e ainda pedir para que eu acredite nele.

A Carla deve ter ligado para minha mãe, já que ela apareceu rapidamente aqui em casa depois que cheguei e passou a tarde inteira comigo tentando me animar, mas eu não conseguia me animar. Também não contei o que aconteceu, minha mãe certamente surtaria e ligaria na mesma hora para o Lucas e eu queria evitar isso. Só queria distância dele.

Pela noite eu tomei um banho bem quente e depois Carla me trouxe o jantar, mas meu estômago parecia que estava fechado. Ela sentou na beirada da cama e ficou conversando comigo.

- A coisa deve ter sido feia agora, né Malu? - Carla disse e passou a mão nos meus cabelos.

- Como você sabe? - Disse e a olhei.

- Porquê das outras vezes você fez por birra e agora você está triste de verdade. - Carla disse e eu a olhei assustada. - Eu conheço você desde pequena.

- Eu acho que ele me traiu. - Disse cochichhando para minha mãe não ouvir.

- Porquê você acha isso?

- Eu recebi prints de uma menina que mostra ele falando coisinha para ela. - Falei com nojo.

- Sinto muito, Malu. - Carla disse. - Mas você não pode se abater, precisa se alimentar pelo Davizinho.

- Eu não consigo, Carla. Toda vez que eu penso em comer eu lembro do que ele fez e sinto enjoo. Eu tenho nojo de lembrar dele.

- Mas você está grávida, melhor do que ninguém você sabe que precisa comer mesmo quando está enjoada. - Ela disse e sorriu. - Olha só, você é uma mulher adulta, essa não foi a primeira, nem vai ser a última decepção da sua vida, mas agora você precisa ser forte porque você é responsável por uma vida e ele deve estar com fome.

As palavras da Carla nem de longe me confortaram, mas pelo menos me fizeram entender que eu não posso agir assim. O Lucas é um babaca, mas meu filho não pode pagar pelo que ele fez para mim.

Eu comi, lavei meu rosto, ajeitei meu cabelo e desci para a sala. Carla já tinha ido embora, meus pais estavam na sala, mas meu pai estava arrumado.

- Que bom que você está melhor, filha. - Mamãe disse e me abraçou.

- Tá tudo bem? - Papai perguntou confuso.

- Sim, pai. - Respondi sem vontade.

- Eu estou indo trabalhar, hoje estou de plantão, mas qualquer coisa vocês me ligam. - Papai disse.

- Tudo bem, querido. - Mamãe disse, ele se despediu de nós e foi embora. - Vamos olhar um filme?

- Vamos, mãe. - Disse desanimada.

Mamãe estava disposta e me animar, por isso escolheu um filme de comédia. Geralmente ela escolheria um romance, ou algo assim. Eu assisti o filme tentando desviar meus pensamentos, mas eles sempre se voltavam para o Lucas. Até desinstalei meu Instagram, eu ficava o tempo inteiro olhando o perfil da moça e isso fazia eu me sentir um lixo, já que a moça é linda e eu estou com um barrigão, meu cabelo está péssimo e minha pele com acne.

Depois que o filme acabou eu fui deitar, coloquei uma música tranquila e com o tempo dormi.

Acordei de madrugada com meu celular tocando, na hora pensei que seria o Lucas e meu coração disparou. Mas quando olhei a tela percebi que era meu pai.

- Alô, pai. - Atendi desanimada.

- Filha, você estava dormindo, né. Perdão. Você pode por favor vir buscar o pai do seu filho na delegacia?

- Porquê? - Questionei sentando na cama.

- Porquê ele decidiu beber e dirigir, então um policial o parou e ele desacatou o cara. - Papai disse e suspirou irritado. - Busca ele aqui enquanto eu distraio o policial que quer processar ele.

Eu levantei da cama muito, mas muito brava. Minha vontade era de chegar na delegacia e socar a cara do Lucas. Coloquei um casaco, uma calça e fui. Nem avisei a mamae, chamei um uber e fui em direção da delegacia. Fui o caminho inteiro reclamando para o motorista que estava indo buscar o pai do meu filho ali.

Entrei na delegacia e fui direto a sala do meu pai, Lucas estava sentado em uma cadeira, com os olhos baixos e a camiseta rasgada. Entrei e comecei a bater nele.

- Aí Maria Luiza, para. - Lucas disse desviando dos tapas que eu faço. - Seu Miguel, pede para ela parar.

- Eu que devia bater em você moleque inconsequente. - Meu pai disse. - Maria Luiza, o seu namorado bebeu, dirigiu bêbado, desacatou um policial e ainda disse que era o meu genro.

Eu o olhei com os olhos semicerrados.

- Você nunca mais usa o nome do meu pai. - Eu disse entre um tapa e outro.

- O policial queria processar ele, eu que acalmei o cara. Disse que ele é pai do meu neto. - Papai disse tentando se recompor.

- Você não tem vergonha? Seu filho vai nascer daqui um mês e você bebendo por aí como um adolescente idiota. - Gritei, nem me importei que toda delegacia estava ouvindo. - Agora tá aí que não consegue nem ficar de pé, todo rasgado.

- Eu tô assim porque o policial foi violento comigo. Ele me puxou assim e rasgou minha blusa. - Lucas disse mostrando como foi, mas ele estava tonto.

- Quem foi o policial que fez isso, pai? - Questionei meu pai.

- Filha, ele dirigiu bêbado, desacatou o policial que só tava fazendo o trabalho dele, não vamos criar problemas com o cara. - Papai disse com receio de eu querer tirar satisfação com o policial.

- Não, eu não quero processar ele, quero que ele bata mais. - Respondi, o Lucas reclamou e eu dei mais um tapa nele.

- É melhor vocês irem agora e Lucas, amanhã eu quero falar com você. - Papai falou sério demais, nem parecia ele naquele momento.

Eu saí arrastando o Lucas delegacia a fora, as pessoas que estavam ali nos olhavam assustados, mas não é para menos, uma grávida xingando e batendo em um bêbado é realmente estranho.

Idiota - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora