Snowy Confession

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— Que tipo de roupa usamos pra isso? Botas de fazenda e cinto de vaqueiro? — Pergunto a Josh.

— Na verdade é mais cigarros de palha e chapéu de cowboy. — Cruzou os braços enquanto sorria, aquele sorriso de canto maldito. — Você vai com o Styles?

— Acho que sim, se não desistir antes. Eu não sou lá muito boa em me enturmar.

— Acho que você não quer se enturmar.

— É isso mesmo. — Pisco. — Mas você ia me achar meio escrota se falasse.

— Você não é escrota... — Esse moleque mente bem mal. — Só...

— Escrota?

— Não, não é isso...

— Pode ficar tranquilo, Josh. Qualquer um é mais legal que eu. — Puxei um maço do bolso. — Nessas histórinhas de vilão e mocinho que você gosta, eu seria meio que a vadia louca que faz coisas ruins e tem o senso de humor perturbado.

— Não posso negar a última parte.

Enquanto Harry cozinhava tortas de maçã, contou que Stowe tinha uma "festa" nessa época do ano, e me contou no dia! As pessoas pareciam se reunir no Hyde Park para patinar no gelo e comer tortas. Ele disse que se eu fosse excepcionalmente legal até ganharia um chocolate quente da mãe de Josh.

E enquanto eu esperava trocarem os pneus do carro, o ruivo apareceu num casaco extremamente amarelo e aquele sorriso de canto horrível. Fofo, mas me irritava.

— Você não vai mesmo?

— Não espere me ver lá. — Desisti de fumar, a porra do isqueiro não funciona. — Até logo, ruivo.

Ele é fofo, mas fala demais.

Me afastei e fui até o mecânico pagar, pouco passa das 17h e Harry já devia ter terminado as vinte tortas de maçã — ou esperava que sim. Assusto com o toque do telefone, mas só uma pessoa tem meu número:

[Styles]: Sei que você é um bicho do mato, mas...
Se quiser ir, prometo te buscar quando estiver vazio
E, se você for, te dou uma torta inteira xx

[Sam]: Duvido

[Styles]: Coloco até a cara do Sebastian Stan

[Sam]: Vou levar dois moletons por precaução :)))))))))))))))) não esquece de me buscar!

[Styles]: Foi mais fácil do que eu pensei rsrsrsrsrs

[Sam]: Corno.

[Styles]: Não esqueça de colocar três meias, Sam. Te aviso quando chegar xx

***

— Você disse que ia me trazer quando estivesse vazio. — Rosno.

— Não sabia que eles iam voltar...

— Harry! — Mackenzie sorriu de ponta a ponta.

— Acho que ela está te chamando. — Ironizo, ele bufa.

Achava que festas de bairro eram coisas de filmes, e mais uma vez estava errada: bandeiras do país por todo lado, uma mesa exorbitantemente grande com comida e pequenas fogueiras com pessoas reunidas perto, conversando e, sei lá, se amigando. Era até fofo de ver se não estivesse tão frio, eu não queria... sei lá, me enturmar.

Ser o centro das atenções não era meu foco, eu queria mesmo era a torta de maçã.

— Não dá pra irmos pra casa? — Murmuro, Mackenzie praticamente corre até nós.

— Não, amor. — Ele segura minha mão. — Me ajuda aí, Sam.

— Não, nem fodendo! Harry! — Sussurro irritada.

Mackenzie intercala o olhar entre nossas mãos entrelaçadas e o rosto de Styles. As sobrancelhas erguem por um segundo, mas decepção ronda o rosto pálido, uau, ela é realmente linda. Limpa a garganta extremamente desconfortável, os olhos claros encaravam Harry num misto de confusão, tenho plena certeza que ela tem mais perguntas que ele pretende responder.

Isso é, se responder alguma delas.

— Oi, Mackenzie. Essa é a minha namorada, Liz. — Vacila na voz, ele não sabe mentir.

— É um prazer. — É isso aí, vou dar a vida nesse papel, já que se depender dele nada vai pra frente.

Harry me deve muito agora.

— Nos vimos antes, não? É um prazer, Liz. Me chamo Mackenzie. — Não há tanta simpatia na sua voz como antes, ela se encolhe mais no suéter florido.

Está chateada com razão.

— Nós vamos nessa, então. — Desconversou, apertando minha mão.

— Não precisa, Liz mal chegou, ainda tem chocolate quente. — Se esforçou para sorrir. — Nos vemos depois.

Aliviei a tensão nos ombros e irritação irradia meus poros, ele não tinha de a machucar desse jeito. Ele é rápido e percebe que estou descontente, assisto Mackenzie correr para perto de Josh — que já nos encarava confuso, viro para o encarar cruzando os braços.

— Que merda você acha que tá fazendo?! E de onde tirou Liz?!

— Sei lá, Orgulho e Preconceito? — Segura o riso. — Foi mal.

— Não acho certo você magoar ela desse jeito. — Endureço a expressão, e ele entende que estou falando sério.

— Foi espontâneo. Foi mal, você está certa, vou me desculpar depois.

Espontâneo? Meu estômago revira. Ele acha que somos namorados? Já imaginou-me como sua namorada? Ainda sinto o calor e a maciez das mãos grandes, enluvando as minhas num toque protetor e infernalmente íntimo. Era íntimo, na mesma intensidade quando dormimos juntos no sofá pequeno.

A intimidade presente em cada foto boba e no seu tímido choro, em dividir uma refeição e o xingar sabendo que vamos ficar bem. Porque éramos amigos, amigos íntimos. É a primeira vez que questiono essa intimidade.

E é a primeira vez que penso nele como algo a mais.

— Vamos tomar chocolate quente.

Tomei oito xícaras. Frio demais para me aventurar na pista de gelo, nos acomodamos numa fogueira meio distante da família de Mackenzie e Harry contou mais de sua família e os costumes de sua cidade enquanto fumava: me perguntei se Gemma era tão bonita quanto ele ou se sua mãe tinha um sorriso tão fofo.

Seus olhos brilhavam como duas esmeraldas, ri alto quando contou que Gemma o prendeu para fora de casa e, como um bom irmão, pulou a janela e encheu a cama dela de gelo. Depois começou a falar do Canadá e como o leite estraga rápido, de como perdeu o anel favorito esquiando e que vendeu o violão para comprar uma geladeira.

Devia ser um violão caro.

O silêncio confortável apareceu quando as esmeraldas focaram em mim, mal se movia. Os ombros relaxados por baixo das camadas grossas de roupa não combinavam com a situação:

— Acho que sinto algo por você. — Admitiu. — Só não sei o que.

Tremo. Meus lábios abrem e não consigo raciocinar direito. Ele sente algo. Harry, esse Harry. Harry sente algo por mim.

Não sei muito bem como reagir, então finjo que tenho o controle da situação:

— E como acha que vai tirar a prova final? — Ergo a sobrancelha.

— Te beijando. 

Babe [H.S/PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora