Okay. Temos um problema.
A casa caiu feio.
Voltamos para a casa num clima estranho, Harry manteve os olhos na estrada e começou num papo confuso de cereais e chá com leite, claramente não queria tocar naquilo.
Ele não queria tocar no assunto que indiretamente pediu para me beijar. Não, ele não pediu, ele impôs, e só de lembrar meu estômago revira num bom sentido, a verdade é que sempre tive vontade que alguém me jogasse na parede e me beijasse.
Harry não tem cara disso, ele parece o tipo de pessoa que transa de meia.
Não deveria pensar nisso. Preciso me recompor, então começo a falar besteiras até que o assunto do beijo dissipe. Se confessou, ele disse que sente algo por mim. Será que o que ele sente é aversão? Ou um carinho mais para o lado de irmãzinha?
Idiotice. Sou muito burra.
Ele quer me beijar. Como fui idiota pra não perceber antes? Será que ele vai me beijar aqui? Talvez em casa, ou de frente para a porta.
Talvez ele queira ser romântico e me chame pra jantar no Doc Ponds a luz de velas e me beije enquanto Sally grita no telefone, vamos inovar o conceito de encontros? Podemos ir esquiar, se não acabar com alguém estirado no chão, nos beijamos como em filmes melosos.
Preciso de um alívio cômico, Sabrina não está aqui. Nunca fiquei tão nervosa.
Nada aconteceu. Harry me deixou em casa e sumiu.
Passei quatro dias sem o ver. Achei que ia ficar tudo bem, mas senti sua falta. A verdade é que eu estava meio que evitando aquele encontro, não sei o que esperar disso, ou esperar dele. Trocamos algumas mensagens idiotas, até cogitei ir no Doc Ponds comer uma porção inteira de bacon e falar mal de Sam, mas iria vacilar.
Precisava ter certeza do que sentia antes de encontrar aquele cara? Eu já meio que sabia.
Ele precisava tirar a prova real? Eu também.
Minha mãe me fez corajosa. Eu sou corajosa.
Meio idiota, mas corajosa. Pego o telefone do bolso e busco nosso chat. Sorrio. Não deveria sorrir. Idiota, enviei:
[Sam]: Estou indo na sua casa.
***
Dois toques na porta são suficientes para entrar em pânico, eu não preciso demonstrar, então respiro fundo e lembro como beijava meninos no ensino médio e a lembrança refresca a memória. Eu sei fazer isso.
Eu consigo.
O barulho da madeira rangendo me assusta, mas me acalmo quando ele entra no campo de visão: os cachos aveludados moldam o rosto marcado, seus olhos têm um tom escuro, evitei reparar nos lábios.
O encaro estática. Sua respiração parece prender na garganta, as mãos inquietas agarram o bolso e Harry parece pensar bem no que vai dizer ou fazer, mas sou mais rápida:
— Vou tirar a prova real. — Meu coração parece sair pela boca, dou um passo para dentro. — Não se mexa.
A íris escurece. A porta é fechada atrás de mim num estrondo,mãos grandes tocam meu ombro e minhas costas batem na porta com força. Minha coragem esvai quando sinto os dedos leigos em meu pescoço, traçando caminho até meus lábios e retraio quase de imediato sob o toque.
Algo em seu olhar é primitivo, nossas respirações mesclam e ele não hesita em grudar os lábios aos meus.
Minha estômago gira. Seus dedos agarram os fios da nuca, colando o corpo ao meu como se fosse a última coisa que faria em vida, fecho os olhos e sinto-o com todos os meus poros. Harry morde meu lábio inferior e suspira durante o beijo, a mão livre agarrou a cintura, um som baixo escapa e aquilo o afeta.
Não é gentil. Eu não quero que seja.
Ele me quer. Eu o quero.
Seus lábios macios arrastam até o queixo, fecho os olhos para sentir o máximo daquele momento, ele ainda têm as mãos agarradas firmemente a nuca quando puxa pra baixo, ergo um pouco mais a cabeça e deixo o pescoço exposto. Sinto a pressão de sua língua sobre a pele sensível e estremeço, sinto sorrir em resposta antes de continuar um pouco mais brusco.
Arfei contra seu toque, o pudor que achei ter escorre de minhas mãos ao sentir seu corpo um pouco mais próximo ao ponto de fundir. Seguro em seus ombros e ele ergue a cabeça, os lábios entreabertos são tomados pelos meus. Sua boca move sob a minha e dou espaço para que me beije profundamente.
Profundamente. Viciantemente cruel.
— Não sei se consigo parar. — Gemeu entre o beijo, a voz mais rouca que o normal me excitou.
— Não quero que pare, Styles. — Mordi seu lábio inferior, ele suspirou. — Não. Pare.
Sua língua se arrasta sob a minha quando ele enfia as mãos por dentro do meu moletom, toca a minha cintura sem gentileza alguma, pressionando com força a pele e traça o caminho até a bunda. Oh, sim, as coisas começaram a ficar interessantes. Agarra com força, gemi contra sua boca e ele repete sem pudor.
Suas mãos pressionam para cima, apoio em seus ombros e me ergo com sua ajuda, entrelaçando as pernas na cintura. Consigo o sentir por cima do moletom e retraio em antecipação, algo em mim pulsa quando ele senta no sofá.
Cortamos o beijo. Estou em seu colo. A íris escura analisa meu rosto, seus lábios inchados me chamam como uma maldição. Empurro seus ombros pra que ele encoste no estofado, me obedece como algo corriqueiro.
Sorrio minimamente com o gesto antes de beijá-lo mais uma vez. Ajeito o corpo e ele geme, rolando os quadris e o sinto duro. Oh, céus.
Foderia com ele aqui mesmo.
Seu gosto, seu cheiro, seu toque. Tudo me atrai. Ele sabe muito bem o que está fazendo.
Eu também sei.
Suas mãos intercalam entre a cintura e ele está convicto a me manter o lugar, nossos corpos colados estão incrivelmente quentes e eu não dou a mínima. Ele arrasta a língua por meus lábios e os quadris rolam minimamente, o ar começa a faltar em meus pulmões e acho que ele percebe.
Ainda estou em seu colo quando o ritmo diminui lentamente, os beijos ávidos dão espaço a selinhos e respirações falhas. Um pouco receosa, abro os olhos com cuidado, e o ver de tão perto faz meu coração falhar, levo uma mão até seu cabelo e acaricio com cuidado.
Não sei o que dizer, e, como sempre, ele faz isso por mim:
— Se disser que ainda não sei, vou poder te beijar de novo?
— Pare de usar minhas desculpas. — Abaixei um pouco mais. — Isso fica comigo. — Grudo nossos lábios.
Finalmente entendi o que as pessoas diziam sobre quando você gosta muito de alguém. Finalmente, entendo como um beijo pode ser tão carregado de sentimento. Queria guardar aquelas sensações e aquele momento para sempre.
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Babe [H.S/PT-BR]
FanfictionOnde Samantha Whitfield foge de um casamento arranjado e reconstrói sua vida em Stowe.