C6 - Prazer, Marcus

37 8 53
                                    


   A carruagem foi devagar pelo caminho que levava ao vilarejo principal. Pela janela eu consigo notar a diversidade de animais dos fazendeiros. Minha imaginação já começou a trabalhar na vida secreta dos bichos. O que será que fazem quando não estamos olhando? Consigo ver toda a família do Sr pato se reunindo para participar do casamento do cravo e da Rosa.

— Dizem que o padre será um cão – a Sra pata diz  enquanto nada para o local do matrimônio – onde já se viu isso?

   Todos os pequenos filhotinhos vão atrás dos dois, animados para verem a decoração e...

— Vossa alteza? – o cocheiro me tira do meu mundo mágico falso – chegamos.

   Com um pulo, saio da carruagem e olho para o condutor que abre a porta para mim. Ele mantém a postura, mas me encara sem entender.

— Como se chama mesmo? – pergunto.

— Me chamo César, senhor.

— César – tiro minha coroa e o entrego – volte para o castelo e guarde isto com você, mas cuidado! Não deixe que ninguém veja sua posse sobre isto.

— Não posso deixá-lo sozinho em local desconhecido – mesmo relutante, ele segura a coroa com as duas mãos.

— Se meu pai, seu rei, te perguntar por mim – me afasto devagar – diga que volto antes do anoitecer – ofereço um sorriso brilhante e dou as costas.

   Sem a companhia de um guarda agora, consigo prestar atenção nas diferentes pessoas à minha volta e ainda não sou tratado como realeza. Espero que minhas roupas não sejam tão extravagantes para alguém de fora. Talvez eu diga que vim na embarcação do príncipe.

   A praça estava movimentada assim que pus o pé sobre ela. Todos os aldeões conversavam enquanto seguiam suas vidas otimistas.

— Atenção! Atenção! – ouve-se sinos tocando – comunicado importante de vossa majestade – um homem vestido com roupas roxas engraçadas aparece no meio da multidão e todos param para ouvir – com a visita do bondoso rei Caeso Mansel, de Calewia e seu filho, Príncipe Marius Mansel, vosso saudoso rei Rafael Ghellère dará um baile de máscaras esta noite. Aproveitem as próximas horas para prepararem suas vestimentas. Esperamos ver todos no salão festivo do castelo ao escurecer.

   Todo mundo ficou eufórico com a notícia e se espalharam, aparentemente para procurarem roupas adequadas. As mulheres cochichavam entre si sobre boatos que ouviram sobre todos de Calewia serem muito bonitos e corajosos e só de ouvir isso já posso sentir as bochechas queimarem.

   Em minha busca para desbravar todo este vilarejo, sinto pelo ar um cheiro divino de, pelo que me parece, torta de pêssego com mel, minha preferida. O aroma parece me puxar pelo nariz até entrar em uma pequena casa. Acima da porta há uma placa escrito em letras grandes "Caviquiolli's".

   O movimento de entra e sai das pessoas me fez ser empurrado para o centro do lugar. É cercado por prateleiras com todo tipo de doces e pães.

— Bom dia, meu garoto! – um grande homem, com um bigode grisalho bem feito, vem até mim – o que deseja para hoje?

— Um ótimo aroma de torta fez minha barriga roncar – digo com a mão em meu estômago.

— Oh claro! – ele abre um sorriso e me puxa para um balcão, me pondo sentado à sua frente – deve estar falando de minha deliciosa torta de pêssego com mel, acabou de sair, vou lhe servir uma fatia.

   O homem então se apossou de um objeto cortante e partiu a sobremesa redonda, pondo em minha frente sobre um prato, acompanhado de um garfo de madeira.

Um Príncipe Para O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora