Melchior é realmente muito bom em seu trabalho, não é à toa que foi intitulado como o alto costureiro real. Apesar das espetadas que ganhei da fina agulha que usava, valeu a pena todo desconforto. Meus pés estão me matando, ficar em pé e imóvel não é tão fácil quanto imaginei. A paciência é uma virtude que tenho, mas ela ainda não ajuda na dor e desconforto.
— Dê uma olhada em seu rrreflexo. Ainda faltam alguns ajustes, mas isso posso fazer fora de seu corrpo – ele sorri juntando as mãos enquanto apreciava a peça que havia feito.
Me aproximo do espelho e me impressiono com tamanha perfeição! É como um modelo de roupa que é usado em bailes de coroação. A parte de cima é como um casaco fechado de manga longa, a ombreira feita com pelos macios,não muito cheia, chama atenção para o superior da vestimenta.
Descendo, o casaco marrom-laranjado tem continuidade em um tipo de cauda curta, onde finaliza em uma bifurcação, semelhante à letra "M" ao contrário. A calça justa acompanha o tom ruivo médio e deixa tudo mais completo.
— Eu adorei – vejo meus olhos brilharem pelo espelho.
— Claro que adorrrou – com sua mania de estender o "r", o costureiro diz vindo até mim – talvez eu adicione uns botões aqui e ali, mas o modelo fixo é este mesmo.
Fiquei alguns segundos admirando a obra de arte e enfim me virei, ficando de costas para o espelho que antes olhava.
— Posso olhar como fica com a máscara?
— A1... A2...? – ele bate palmas – deixem-nos ver como está a máscara.
Rapidamente os dois rapazes vieram ao nosso encontro com um deles segurando o objeto em suas mãos. As cores, dourado, amarelo, laranja, todos em comunhão formando a paleta de cores de uma raposa do continente.
A máscara tem o formato oitavado, lembra o símbolo do infinito, e no canto superior direito o mesmo conjunto de fios e pelos dos ombros. Diferente da roupa, o acessório tem algumas pedras, que remetem ouro, na parte da maçã do rosto.
— Eu achei magnífico – pego, colocando na frente de meu rosto e voltando para o espelho – a de meu pai será assim também?
— Serrrá parecida. Por falar em seu pai... Espero que já tenha voltado do passeio, é a vez dele. Meninos, arrumem essa bagunça, podem levarrrr as caixas para a torre leste, onde guardamos nossas coisas – Melchior ordena e eles fazem sem dizer uma palavra sequer – majestade, pode se trocarr, deixarei a fantasia em seu armário assim que terminá-la.
Entrego a máscara para Tadeu e vou para trás do biombo, onde me despido da roupa de raposa e a branca que estava por baixo, pondo logo a roupa que antes estava.
— Aqui está – entrego.
— Até a hora do baile, vossa grrraça – ele pega o necessário e sai, acompanhado de seus ajudantes.
A porta do quarto é fechada e me encontro sozinho no grandioso cômodo novamente. Da janela vem um vento frio, anunciando o entardecer. Me apoio no batente, observando a paisagem e o lindo céu avermelhado que se vai ao longe.
Daqui dá para ver um extenso campo verde, algumas árvores e beeem no fundo algumas flores coloridas, faço uma nota mental de assim que conseguir, visitar o campo florido. O mar à minha direita se mostrava calmo, totalmente diferente de como estava no começo do dia quando chegamos no reino. Só de lembrar do perigo que passamos, sinto novamente o calafrio que subiu por mim quando notei meu pai preso à parede pelo mastro. Afasto o pensamento ruim e me viro para o quarto, prestando atenção nos detalhes das paredes.
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Um Príncipe Para O Príncipe
RomanceMarius Mansel é o príncipe herdeiro do trono do reino de Calewia. Um pintor maravilhoso que ama seu povo com todo o coração. Consegue ser gentil mesmo com toda sua riqueza e faz o possível para conquistar a amizade de toda população de sua terra. Ma...