C11 - Crise de pânico

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  Linda música, maravilhosos passos de dança, todas as roupas muito criativas! Há um casal no meio do salão que bailam ao ritmo do som, com olhares tão apaixonados... Ah...! Como é adorável ver uma dupla com um amor tão verdadeiro a ponto de ser percebido à olho nu. A moça usa um vestido todo bordado com rosas para todos os lados. Sua máscara é como sua roupa e os cabelos castanhos acentuados num penteado moderno!

   O rapaz está com a roupa combinando com as flores de sua companheira, porém são brotos de cravo, com uma dessa planta presa no peito direito. Seria então o cravo e a rosa dos meus pensamentos mais cedo? Sabia que eram lindos juntos, mas não tanto quanto vejo agora!

   A música se encerrou com os altos aplausos do povo. Sem esperar muito os instrumentistas iniciaram uma nova melodia mais animada que a primeira.

— Aceita dançar esta comigo, vossa majestade? – o Rei Guèllere levanta, curvando-se à sua amada.

— Pedido aceito, meu senhor – ela sorri agarrando sua mão e descendo animada para o salão.

   Meu pai batuca com os dedos no encosto do trono e balança a cabeça de um lado para o outro. Ele está obviamente animado com toda essa alegoria.

— Venha também, meu amigo! – Rafael grita para o meu rei que sem pestanejar vai ao encontro deles.

   O sorriso estampado no rosto dele, deixa claro a alegria de encontrar um velho companheiro de antigos momentos. Apesar de meu pai ser expressivamente feliz durante toda minha vida, fazia tempo que não o via dançar assim. Gosto disso!

— Vem! – leio os lábios dele que gesticulam junto com as mãos me chamando.

   Digo que não com a cabeça e sorrio vendo-o adentrar mais na multidão. As notas musicais somem do céu assim que sinto o toque de uma mão sobre meu ombro.

— Não vai dançar... Marcus? – é a voz de Pierre.

   Marcus? Mas... Ah claro que ele sabe que menti. Calma, não desespere-se.

— Desde quando sabia? – evito encontrar seus olhos, fixando minha atenção nas pessoas.

— Você é um péssimo mentiroso – noto um sorriso no seu tom de voz – e além disso, ouvi muitas histórias sobre seus olhos cor de cinzas. Inconfundíveis, dá para ver!

   Devagar, viro a cabeça na direção do príncipe que parece ler minha alma através de seu profundo olhar. A cor azul focada em mim, me faz ter a sensação de ser engolido por um oceano, mas não é tão ruim... Ah não! Na verdade é aconchegante, apesar de não ser raso, é quente como a água de uma fonte.

— Olá, está me ouvindo? – seus dedos estalam à frente de meu rosto, me tirando do transe que me colocou.

— Ah... Sim, qual foi a pergunta?

— Quer dançar comigo? Não aceito não como resposta.

  Abri a boca para protestar, mas percebi que não adiantaria. Apenas esbocei um riso suave e me deixei ser puxado pelo rapaz com roupa de pavão. Descemos as escadas do altar que estávamos à caminho do salão.

   Os passos começaram a ficar sincronizados. Para trás... para frente... gira... pulinhos... Até fazermos todos um círculo de mãos dadas. Novamente, pra frente...

— Uhuuul! – Todos gritam.

   ...Para trás...

— Uuhuul! – Alegria.

   ... E para frente.

   Meu pai ainda com a mesma emoção de antes, rodopia com seus velhos amigos e aprende os passos observando seu redor. Ester vem ao encontro de mim e de Pierre. Sem nenhum tipo de reverência real, ela pega meu braço e me faz pular ainda mais. E então, entre todos os giros, o tempo congela...

Um Príncipe Para O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora