Após ter sido chutado do porão dos Irmãos Magalle, não imagino nenhum lugar interessante para ir. Talvez o campo florido que vi pela janela mais cedo, enquanto Melchior trabalhava, seja uma boa ideia.
— Onde está minha coroa? – apalpo minha cabeça, na esperança de sentir o adereço brilhante.
Me recordo da cena em que troco de roupa no quarto, claro que havia esquecido sobre a cama. Como sou bom em deixar ela nos lugares, deveriam amarrá-la a mim para não correr o risco de perdê-la.
Ao pensar em voltar para buscar o objeto, relembro a escadaria que iria ter que subir para pegá-la. Com toda certeza, não irei subir só para buscar um objeto que nem é necessário no momento. Trilho o caminho contrário, em sentido ao belo campo colorido.
Saindo do meio das enormes cercas vivas, já consigo ver ao longe as lindas cores da primavera. Ficaria lindo suas combinações em uma tela. Quem sabe, ao amanhecer, eu pinte algo assim... Desta forma poderei usar no baile que darei ao voltar para Calewia. Por falar nisso, como será que estão todos? Vovô já deve ter voltado de viagem, sinto saudades de suas histórias. O bisa Perseu tem os contos de vida mais legais e divertidos, apesar de ter certeza que não são reais, ainda gosto de ouví-lo.
As flores já começaram a esconder meus pés, tem azul, rosa, lilás, vermelho e minha cor preferida... Amarelo! É um ambiente tão perfeito que parece um quadro pronto. Me lembra de todas as obras dos meus antepassados, expostas em meu ateliê.
Estava tão concentrado no emaranhado de beleza ao meu redor que só percebi que havia companhia quando o relinchar do cavalo estava ao pé de meu ouvido.
— Como veio parar tão longe? – uma voz masculina me assusta.
— Quê? – ao me virar, esbarro no forte cavalo branco, o que me faz cair para trás em meio às flores.
— uou! – o rapaz desce do animal e me ajuda a levantar – perdoe o susto, Marcus – Pierre sorri ao me pôr de pé – espera, tem uma margarida em seu cabelo – ele retira a flor do meio de meus cachos e me entrega.
— Oi! – é tudo o que consigo dizer, com um sorriso sem graça no rosto.
— Oi! – seus lábios se levantam em, também, um sorriso.
Como alguém consegue ser tão lindo? É hipnotizante esse olhar convidativo que o príncipe tem. Esses olhos são como um oceano que dá vontade de mergulhar e nadar até onde a água quiser me levar.
— Acho que você está um pouco longe demais do vilarejo que nos conhecemos.
— É – pensa rápido em uma desculpa, não estraga tudo agora. – decidi dar um passeio para conhecer o lugar, só me dei conta de onde estou agora, que voc... Quero dizer, vossa majestade disse – faço uma reverência rápida e tímida.
A alta gargalhada que ele deu, fez tremer todos os ossos de meu corpo.
— Não precisa disso, Marcus – ele anda até o cavalo – já que está aqui, quer ver um lugar muito legal?
— Lugar legal? – pergunto, enquanto tiro as folhas presas em minha roupa.
— Sobe aqui – ele monta o cavalo e dá tapinhas atrás de si, me estendendo uma mão.
Qual a chance disso tudo acontecer, com ele achando que não sou ninguém importante como ele? Quero dizer... Ele não sabe que sou o filho de um rei também. Talvez me aproximar dele não seja uma boa ideia até tomar coragem de contar que menti para ele e seus amigos.
— Eu acho melh... Wow! – ele puxa minha mão, me fazendo sentar sobre as costas do enorme cavalo branco – ok!
— Se segura, eu gosto de correr – mesmo sem estar olhando seu rosto, sei que há um sorriso só pelo tom de sua voz.
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Um Príncipe Para O Príncipe
RomanceMarius Mansel é o príncipe herdeiro do trono do reino de Calewia. Um pintor maravilhoso que ama seu povo com todo o coração. Consegue ser gentil mesmo com toda sua riqueza e faz o possível para conquistar a amizade de toda população de sua terra. Ma...