Desculpa

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Depois do mico que passei na aula do senhor Jenkins o sinal bateu e guardei meus matérias e fui até o meu armário no corredor. Peguei uns livros e senti alguém do meu lado e resolvi dar um olhada vendo Peterson.

  - Oi, quer alguma coisa? - pergunto e ele sorri confuso.

  - Sim... você se esqueceu que hoje eu vou te dar uma carona? - ele diz e me lembro.

  - Ah... é mesmo. - fecho a mochila e coloco nas costas. - Vamos! - digo e ele sorri andando na minha frente.

 Eu acabei confundindo o sonho com a realidade. A parte em que ele me chama pra conversar é real mas a parte em que eu começo mecher com ele não.

  Eu nem sei o porque eu sonhei esse tipo de coisa.

  Chegamos no estacionamento e nós entramos no carro e como no sonho sinto o cheiro de menta no carro. O cheiro dele.

  Puxo o cinto e quando tento encaixar não entra, tento mais uma vez e nada.

  - O que foi, o cinto não tá funcionando? - Peterson percebe.

   - Sim. - tento mais uma vez.

  Peterson tenta ajudar e coloca sua mão sobre a minha forçando o cinto e acabamos por olhar um para o outro, com o rosto bem próximo, ele foca seu olhar no meu e fico parada observando-o. Naquele momento sinto meu coração acelerar e me concentro nos detalhes dos seus olhos cor de mel vendo sua pupila dilatar. Ele aproxima um pouco mais e vejo que começa a fechar os olhos. Click!

 - Ah, o cinto fechou. - digo e dou um sorriso meio envergonhado.

  - Pois é... - ele sorri fraco.

  Peterson liga o carro e dá partida saindo da escola.

  Por um momento ficamos em total silêncio.

  - Me diz o que te incomoda em mim? - ele diz puxando assunto.

  - É... sobre a nota que você me deu. - digo e olho brevemente pra ele.

 - Você ainda tá chateada com isso? - ele pergunta me olhando por uns segundos.

  - Sim, eu acho que eu não merecia aquela nota. Meu desempenho sempre foi bom, como que de repente a minha nota cai tanto, ainda mais esse bimestre onde eu mais me esforcei, não entendo, fora o ponto a mais por te ajudar. - falo tudo e vejo que ele me olha com um pequeno desespero no olhar.

 - Esse bimestre você não foi tão bem, mesmo tendo se esforçado mais. - responde simples.

 - Você tá mentindo! - digo e ele fica em silêncio por uns segundos.

 - Não, eu não tô mentindo. Você deveria apenas aceitar a sua nota. Não é sempre que as coisas dão certo na vida. - diz calmo.

 - O que você gostaria que desse certo na sua vida? - pergunto tentando mudar de assunto.

  - Ah... sei lá, eu já tenho o emprego que eu queria, já tenho minha casa, meu carro. É isso! - responde.

  - Não deseja ter alguém do seu lado? - digo e imediatamente ele olha pra mim mantendo sua atenção só em mim.

   - Desejo sim. - ele volta seu olhar para a rua e solta um leve suspiro.

   - Quem? - pergunto.

  - Uma pessoa aí. - responde sem dar muitos detalhes.

  - Essa pessoa gosta de você também? - insisto.

    - Não. - diz.

    - Como essa pessoa é? - insisto mais ainda.

    - Não importa. Precisamos falar sobre você. O que mais te irrita em mim? - pergunta mudando o assunto.

Mr.PetersonOnde histórias criam vida. Descubra agora