Chocolate

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  Mais tarde em casa, meus pensamentos ainda me torturavam com a figura de Peterson. Não conseguia parar de pensar nele. Pensava no que tinha acontecido entre a gente e até fantasiava momentos na minha cabeça.

   Enquanto estava deitada em minha cama imaginava como se ele estivesse em meu lado me acariciando os cabelos com um sorriso divertido nos lábios. 
Carinho... era o que eu queria naquele momento. É tão bom sentir que alguém gosta de você, saber que aquela pessoa te quer perto dela.

   Levanto da cama e começo a me arrumar, coloco uma calça jeans e um moletom azul. 

   Desço as escadas e saio de casa.

   Comecei a caminhar e em 10 minutos já me encontrava em frente a casa de Peterson que não era muito longe da minha. Vi que as luzes de cima estavam acessas, onde ficava seu quarto. 
  
    Por um momento pensei em voltar, não estava com muita coragem. Resolvi sair da calçada e passar pelo seu jardim subindo os 4 degraus da escada da entrada. Por um momento congelei mas resolvi tocar a campainha. Após alguns segundos meu coração começou a bater fortemente ao ouvir  seus passos se aproximarem e as luzes se acenderem.

  Ele abre a porta e olha com surpresa para mim.

  - Rebecca... - um sorriso começa a crescer em seus lábios. 

  - Eu... tava passando por aqui e resolvi aproveitar para pegar meu livro de filosofia que ficou com você. - digo com certa timidez na voz, como não conseguia manter o contato visual fitava meus pés.

  - Ah, é verdade, o livro... - seu sorriso se desmanchou lentamente. - Entra! - aponta para a entrada que ia de encontro com sua sala de estar.

  - Não, eu prefiro esperar aqui na porta mesmo, só preciso do livro. - respondo me afastando um pouco pelo nervosismo.

  - Por favor... - ele pega levemente em meu braço me puxando para dentro e acabo cedendo. 

  - Não, eu... - a essa hora ele já havia fechado a porta.

  - Vem, pode se sentar aqui. - me puxa para o sofá e o faço. 

  Ele lança um sorriso educado e vejo que anda apressadamente até a cozinha. 

  Depois de alguns minutinhos ele volta com uma caneca em mãos.

  - Aqui.. - se abaixa um pouco me oferecendo uma caneca de chocolate quente. 

  Como eu estava um pouco nervosa fiquei apenas parada o observando então ele pega  em minha mão passando a caneca.

  - Vou lá em cima pegar seu livro e já volto! - sorri.

  Observo-o subindo as escadas e vejo que se distancia da minha visão. Olho para a caneca e aproximo de meu rosto sentindo o cheiro e o vapor quente do chocolate. Resolvo experimentar e estava bom. Acabei deixando um sorriso escapar imaginando ele preparando esse chocolate pra mim. 

  Continuo bebericando e ouço Peterson descendo as escadas. 

  - Aqui... seu livro! - ele poe em meu colo e se senta ao meu lado direito.

  - Obrigada... - digo seriamente e vejo que solta um riso ao olhar para mim. - O que foi? - pergunto um pouco confusa em relação a sua risada.

  - Você tá com um bigodinho de chocolate! - sorri se divertindo.

  Ergo as sobrancelhas e habitualmente passando a língua sobre meu lábio superior tentando limpar o bigode.

  - Continua sujo aqui... - ele diz apontando para a região e acabamos nos observando ficando presos aos olhos um do outro. Aquele silêncio deixava tudo mais intenso.

  Peterson aproxima seu rosto lentamente passando sua boca e língua simultaneamente em meu lábio superior. Fechei os olhos sentindo uma onda de nervosismo e prazer. Mas fiquei congelada sem agir. - O chocolate ficou bom... - se separa e sussurra ainda próximo - Me desculpa! - passa as costas da mão na boca me olhando envergonhado, mas seu rosto tinha um resquício de felicidade que ele tentava esconder.

  - Tenho que ir... - digo baixo deixando a caneca na mesinha em minha frente e antes de me levantar apanho o livro sobre meu colo. 

  Caminho até a saída já abrindo a maçaneta da porta.

  - Espera Rebecca! - Peterson vem até mim preocupado e segura o tecido do meu moletom.

  - Obrigado pelo chocolate quente! - digo e saio sentindo sua mão arrastar até se soltar totalmente do meu braço.
No momento em que já estava passando pela calçada dei uma olhada de longe vendo que ele ainda estava na porta me olhando com uma feição triste e preocupada ao mesmo tempo. Por uns segundos ficamos nos observando silenciosamente enquanto nossas almas gritavam um pelo outro.

  Quando finalmente me distanciei de sua casa soltei um grande suspiro. Por um momento pensei que fosse me jogar nele. Seu rosto me olhava tão apaixonadamente. 

  A qualquer momento posso correr para seus braços...

Mr.PetersonOnde histórias criam vida. Descubra agora