Confiança

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Depois que a aula acabou Peterson me chamou em sua mesa. Sean ficou um pouco incomodado e envergonhado pelo o que tinha acabado de acontecer. Foi um pouco estranho, mas não vejo problema.

- Bom, como deve saber semana que vem tem provas e como você é encarregada de me ajudar eu estava pensando da gente ir amanhã, sábado, na biblioteca perto do centro às 13:00 pra organizarmos a papelada. Você quer que eu te busque na sua casa? - cruza os dedos ansiosamente, como se eu fosse recusar algo que sou obrigada a fazer. Não obrigada, mas fui escolhida. Isso me dá uns pontos no currículo escolar.

- Sim, me busque, por favor. - pego uma caneta e um bloco de notas que estava em cima de sua mesa e coloco meu endereço. - Aqui. - entrego em suas mãos e ele lê atenciosamente.

- Ok. Obrigado por sempre me ajudar. - sorri agradecido.

Saio de sua sala sem dizer mais nada.


Peterson on


Chego em casa exausto e tomo um longo banho para relaxar o corpo. 


Começo a colocar os papéis na pasta, porque amanhã vou organizar junto com a Rebecca. Diria que estou ansioso, por mais que seja trabalho. Ao menos vou estar com ela...

Comecei a notar mais nela no dia em que ela se tornou minha ajudante de turma. Lembro que estávamos na minha sala. Depois que tínhamos terminado de corrigir as provas do 1° semestre, começamos a conversar sobre filmes antigos e até sobre acontecimentos históricos. Pode parecer bobo, mas achei ela muito interessante, sabia muitos filmes antigos e seu filme favorito era A hora do pesadelo. Achei engraçado, imaginava que era algum romance, como Titanic. 

Ela é muito sozinha, o que me fez querer fazer mais companhia pra ela. No começo era por dó, mas eu diria que se tornou uma necessidade para mim estar perto dela. Eu também sou um pouco solitário, mas tenho alguns amigos, só pra beber e curtir.

Tem sido bom gostar dela, parei de beber, fumar, sair e transar com outras mulheres. Eu não era tão feliz, tanto que me preenchia com vícios. Nunca fui viciado, mas diria que estou melhor.

Eu só preciso me controlar. Fui muito impaciente com ela naquele dia. Tenho que reconstruir a confiança que ela tinha por mim. 

No dia seguinte...

Paro em frente da casa de Rebecca e observo a grama, ela estava grande, precisava ser cortada. Sua casa era amarela, tinha uma varanda na entrada, no segundo andar tinha uma janela, provavelmente era um quarto. Ao lado tinha mais 4 janelas, duas em baixo e duas em cima. Era uma casa simples. 

Não sei se estou arrumado o suficiente. Só coloquei uma camisa branca e um jeans azul. 

Saio do carro e ando até a porta apertando a campainha ouvindo um "Já vai!" e ela abre a porta. Estava linda! Usando um vestido vermelho florido que ia até os joelhos, seu cabelo estava solto e ela usava um all star preto. Ela segurava uma bolsa/sacola com alguns matérias dentro.

- Vamos! - olha para mim sem esboçar um único sorriso. 

Ela costumava sorrir para mim. Diria que ela está sendo mais fria e dura comigo.

- Sim, vamos. - respondo e a vejo caminhando na frente. 

Ela entra no carro e eu entro em seguida. Olho para Rebecca, fitando seus olhos e em seguida para sua boca. Ela apenas mexia em seu celular.

- O que está esperando? - Rebecca me olha e em seguida para a rua me apressando.

Eu estava parecendo um bobo, parado a observando. Fiquei envergonhado. 

Liguei o carro e dei partida saindo de seu bairro.

Eu estava um pouco ansioso, meu coração estava a mil. Não sei porque esse nervosismo todo. No fundo eu sentia que ela me julgava em seus pensamentos. Algo que já era de se esperar.

- Então Rebecca... - quando fui iniciar uma conversa percebi que ela estava com os fones de ouvido distraída.

Beleza, acho que ela está evitando falar comigo. Talvez seja mais difícil do que imaginei. 

No sinal vermelho ouso chamar sua atenção e aproximo minha mão colocando sobre a dela. Eu estava um pouco hesitante por medo dela me estranhar. Rebecca me olhou e depois para nossas mãos e tirou os fones. 

- O que foi? - pergunta num tom firme.

- Você está com raiva de mim? - calmamente eu a pergunto. 

Já queria perguntar isso a um tempo.

- Não. - ela cruza nossos dedos observando minha mão. Isso foi inesperado. Pensei que ela fosse brigar comigo. Mas sua expressão ainda estava séria. 

- A gente devia conversar um pouco. - ela ainda mantia seu olhar sobre minha mão. - Sabe... naquele dia eu estava um pouco louco. Acabei fazendo algo horrível com você, eu espero que você realmente volte a ser como era comigo. Me desculpe de verdade por aquilo, eu não penso em você desse jeito, como algo a mais... pra mim você é uma ótima aluna e uma grande amiga. Eu estava fora do meu ser naquele momento e acabei cometendo um erro. - digo tentando convencer de que nada daquilo que eu tinha dito no dia era verdade.

- Eu também quero que voltemos a ser como éramos. - ela diz finalmente olhando para mim. - Achei estranho você dizendo que me queria. Nunca imaginei que você diria aquilo pra mim! - ela fica desconcertada. - Por que agiu daquele jeito? - pergunta seriamente preocupada.

O sinal abre e continuo a dirigir. Senti um grande alívio ao ouvir que ela também desejava se redimir comigo.

- Eu estava com muito tesão naquele dia e não pensei direito. Você é a pessoa mais próxima de mim e imaginei que poderia fazer... Não consigo te explicar. Me desculpa! - abaixo a cabeça tentando agir como se estivesse arrependido. O que não era mentira.

- Ok, mas como conseguiu meu número? 

- Na secretaria da escola, nas papeladas. Aquele número que te mandei mensagem era de um antigo celular. Eu... sei que parece estranho, mas eu não quero te fazer nada. - digo tentando reforçar mais ainda de que não tinha más intenções.

- Tudo bem. Só acho péssimo que você tenha pensado em cessar sua vontade comigo. Mas ok. Que isso não aconteça mais. - ela solta um suspiro se acalmando.

- Sim, fui babaca ao tentar aquilo apenas para meu próprio interesse. Mas fique tranquila, não tentarei mais nada. - ela deve estar me achando um idiota, mas pelo menos agora ela está mais tranquila.

Após aquela conversa ela se soltou mais comigo e começou a me falar sobre a mãe dela e que sentia muitas saudades. Nisso contei sobre a minha mãe que morava na Inglaterra e acabei por revelar de que eu não era americano e sim britânico. Ela ficou chocada, pois me perguntou o por que de eu nunca ter dito algo tão relevante sobre mim. Mas nossas conversas eram sempre sobre assuntos aleatórios ou sobre ela. Eu vivia fazendo perguntas sobre ela que não me falava tanto por se dizer desinteressante e um tédio. Não acho que seja nada disso...

Eu gosto dessa nossa conexão. Conseguimos nos comunicar com tanta facilidade sobre qualquer assunto. 

Ela é especial...♡







Mr.PetersonOnde histórias criam vida. Descubra agora