Capítulo Dez

276 29 1
                                    



Ana...

Acordo com uma dor de cabeça insuportável. Minha visão começa a focar, e percebo que estou em um laboratório. Há diversas ferramentas cirúrgicas por perto, e estou deitada em uma maca, com os braços e pernas amarrados, vestindo uma roupa de hospital.

— Finalmente, a Bela Adormecida acordou... Achei que não poderia me apresentar, mas me chame de...

— Lex Luthor, eu sei! Difícil não te reconhecer, você está sempre nos noticiários sendo julgado.

— Ah, temos uma espertinha aqui. — Lex pareceu ligeiramente irritado com o meu comentário. "Então é fácil tirá-lo do sério, hein?"— Bem, querida, vamos ao que interessa: o motivo pelo qual você está aqui!

— E qual seria?

— Não quero machucá-la, de verdade. Mas farei o que for necessário para obter seus poderes. Sei que não posso simplesmente roubá-los, então vou ter que encontrar uma maneira de transferi-los para outra pessoa. Para isso, preciso do seu DNA de bruxa.

— Mas por quê? Qual o objetivo?

— Eu preciso dele para trazer a pessoa que amo de volta a este mundo.

— Lex Luthor amando alguém? Isso é novidade! — debochei, vendo-o se aproximar lentamente da maca e segurando meu queixo.

— Para quem está à beira do abismo, você é bem engraçadinha.

— Fazer o quê? É um dom.

— Vamos ver até quando. — Ele pega uma seringa com um líquido estranho e injeta no meu acesso venoso, conectado a um soro. Antes que eu perceba, caio no sono...

---

Lena...

Já se passaram dois dias e a equipe dos SuperAmigos não encontrou Ana. Estou começando a perder as esperanças. Lex pode ter feito algo terrível com ela, e eu nunca me perdoaria se alguém da minha família a machucasse.

Nestes dias que se seguiram ao sequestro, conheci a família Diaz. Eles estão devastados. Consigo ver o amor genuíno que têm uns pelos outros, tão diferente da minha própria família, que é... indescritível.

— Senhora Diaz, como está? Posso pegar algo para a senhora? — pergunto, sentando-me ao seu lado.

— Não, querida, estou bem! — Uma lágrima solitária escorre por sua bochecha enquanto ela folheia um álbum de fotos das filhas.

— Eles vão trazê-la de volta, sã e salva. A senhora vai ver.

— Você realmente se importa com minha filha... Você é uma boa pessoa.

— Não precisa agradecer... Eu me apeguei muito à Ana. Ela se tornou muito importante para mim. — Sinto minha garganta apertar, lutando para conter as lágrimas.

— Eu sei. Dá para ver nos seus olhos... Ela já sabe?

— Sabe o quê? — pergunto, um pouco confusa.

— Que você gosta dela! Minha filha é muito inteligente, mas às vezes um pouco lenta para perceber certas coisas. — Ela sorri, e eu sinto meu rosto esquentar, ficando vermelho de vergonha.

— Acho que, assim que ela voltar, vou contar a ela. — Mesmo embaraçada, sou sincera.

— Faça isso. Agora, vou ver como Alice está. — Ela se levanta, coloca a mão no meu ombro e me lança um sorriso meigo, parecido com os sorrisos da Ana.

— Senhora Diaz... obrigada.

— Me chame de Eleonor. — Assenti com a cabeça.

Pego o álbum que ela deixou sobre o sofá. Há uma foto da Ana que adorei. Provavelmente é de um de seus aniversários; ela está com franja, fazendo um biquinho adorável e usando um chapéu de festa.

"Quando você tiver filhos, eles serão tão lindos quanto a mãe." — pensei, sorrindo involuntariamente.

Atrás da foto, está escrito:

*¡El primer cumpleaños de Baby Ana con nosotros! 
No sabes cuánto le agradecemos a Dios por haberte dado a nosotros. 
Te amo, hija mía.

Mesmo sem entender muito bem o espanhol, percebo o quão especial essa mensagem é. Estou com um sorriso bobo no rosto quando meu celular toca, interrompendo meus devaneios. Olho para a tela e vejo um número desconhecido.

— Alô?

— Olá, querida irmã. Sentiu minha falta?

— Lex! Onde está a Ana?

— Nossa, nenhum "Oi, irmão, como está? Como vai a vida?"

— Eu não me importo com como você está. Onde está a Ana?

— Que cruel..., mas, para responder sua pergunta, ela está bem. Não é mesmo, Ana?

— ... L-Lena...

— Viu? Ela está viva.

— O que você fez com ela, seu monstro?

— Você sempre foi um coração mole. Sempre se envolvendo com essas... aberrações.

— Eu vou te encontrar! E quando isso acontecer, vou te matar de novo, e desta vez não haverá nenhum monitor para trazê-lo de volta.

— Que irmãzinha má você é! Mas isso logo vai acabar, querida. E você nem se lembrará dela. Agora, preciso ir. Até logo.

— LEX!

A ligação é encerrada.

— Miserável!

"Inesperado" | Lena Luthor & S/NOnde histórias criam vida. Descubra agora