Pensei que tivéssemos perdido a aranha, mas então Uriel ouviu um zunido distante. Dobramos algumas esquinas, retrocedemos algumas vezes e, por fim, encontramos a aranha batendo a minúscula cabeça em uma porta de metal.A porta parecia uma daquelas antigas escotilhas de submarino — oval, com rebites de metal na borda e uma espécie de volante como maçaneta. Onde deveria estar o portal havia uma grande placa de latão, esverdeada pelo tempo, com a letra grega eta inscrita no meio.
Todos nos entreolhamos.
— Preparados para o encontro com Hefesto? — perguntou Alex, nervoso.
— Não — admiti.
— Sim! — disse Uriel alegremente, e girou o volante.
Assim que a porta se abriu, a aranha entrou, apressada, com Uriel logo atrás dela. O restante de nós seguiu, sem tanta ansiedade.
A sala era enorme. Parecia uma oficina mecânica, com vários elevadores hidráulicos. Em alguns viam-se carros, mas em outros havia coisas mais estranhas: um hipaléctrion de bronze com a cabeça de cavalo solta e um punhado de arames pendendo de sua cauda de galo, um leão de metal que parecia ligado a um carregador de bateria e uma carruagem grega de guerra feita inteiramente de chamas.
Projetos menores atravancavam uma dúzia de bancadas de trabalho. Viam-se ferramentas penduradas ao longo das paredes. Cada uma delas tinha o contorno desenhado em um quadro, mas nada parecia estar no lugar certo. O martelo pendia no lugar da chave de parafuso. O grampeador encontrava-se onde deveria estar a serra de metal.
Sob o elevador hidráulico mais próximo, onde estava um Toyota Corolla 98, projetava-se um par de pernas — a parte inferior de um homem enorme com uma calça cinza imunda e sapatos ainda maiores do que os de Uriel. Uma das pernas tinha uma braçadeira de metal.
A aranha seguiu direto para debaixo do carro, e o martelar cessou.
— Ora, ora — uma voz profunda retumbou sob o Corolla. — O que temos aqui?
O mecânico deslizou em uma esteira mecânica e sentou-se. Eu vira Hefesto uma vez, rapidamente, no Olimpo; assim, pensei que estivesse preparado, mas sua aparência me fez engolir em seco.
Acho que ele havia se lavado quando o vi no Olimpo, ou usado magia para fazer a aparência parecer um pouco menos horrível. Aqui, em sua oficina, parecia não dar a mínima importância a isso. Usava um macacão sujo de óleo e fuligem. No bolso do peito estava bordado Hefesto. Sua perna rangeu e estalou na braçadeira de metal quando ele se levantou. O ombro esquerdo era mais baixo que o direito, de modo que ele parecia inclinado mesmo quando estava ereto, de pé. A cabeça era imensa e deformada. A fisionomia estava permanentemente carregada. A barba preta silvava e soltava fumaça. De vez em quando, um pequeno fogo-fátuo irrompia de seu bigode, apagando em seguida. Suas mãos eram do tamanho das luvas de um apanhador de beisebol, mas ele segurava a aranha com uma habilidade incrível. Desmontou-a em dois segundos e então tornou a montá-la.
— Pronto — murmurou para si mesmo. — Muito melhor.
A aranha deu um feliz salto mortal na palma da mão dele, lançou uma teia metálica para o teto, e se foi, balançando-se.
Hefesto nos lançou um olhar ameaçador.
— Eu não fiz você, fiz?
— Hã — disse Sina —, não, senhor.
— Bom — grunhiu o deus. — Trabalho sem qualidade.
Examinou Sina e a mim.
— Meios-sangues — resmungou. — Poderiam ser autômatos, é claro, mas provavelmente não.
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Noah Urrea e os Olímpicos: O Combate da Complicação [4]
Fanfic⚠️ ESTA É A QUARTA TEMPORADA DA SAGA NOAH URREA E OS OLÍMPICOS ⚠️ O Monte Olimpo está em perigo. Cronos, o perverso titã que foi destronado e feito em pedaços pelos doze deuses olimpianos, prepara um retorno triunfal. O primeiro passo de suas tropas...