Vol 1 - Capítulo 1 - Derrota

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Quando todas as dores no corpo forçaram Ágata Nadran a acordar, ela desejou que ainda estivesse inconsciente.


Não... Acho que estar morta seria a melhor opção agora.


Concluiu, temendo abrir os olhos e se deparar com o seu pior pesadelo. Os lampejos de dor pelo seu corpo indicavam que ela provavelmente deslocara pelo menos quatro ossos em simultâneo e sofrido várias lacerações. Por causa disso, Ágata se perguntou se todos os seus membros estavam intactos.


Ah... Eu me lembro de ter caído... Porque eu caí mesmo?


Pequenos lapsos de memórias inundavam o seu consciente, tentando encobrir as prioridades da dor apontada pelos seus nervos. Talvez a sua confusão mental se dissipasse se ela fizesse uma lista de todos os últimos ocorridos que ela lembrasse em ordem cronológica.


Respirando fundo, Ágata tentou se lembrar do dia anterior. Sua tropa conseguiu percorrer uma distância considerável na região, e demarcaram 5 pontos de referência durante a caminhada antes de montarem o acampamento para a noite, abaixo de uma árvore ressecada. O clima esfriou abruptamente, mas a névoa corruptora (1) não os alcançou.


Encontramos alguma coisa?


Perguntava-se Ágata, com uma dor esmagadora na sua perna esquerda que a fazia suar frio. Esforçando-se na luta contra a curiosidade de abrir os olhos e constatar o estrago pessoalmente, Ágata continuou a tentar se lembrar do dia anterior. A resposta era não, como ocorria na maioria dos dias em que o grupo apenas caminhava. Ela consultou a bússola arcana (2) várias vezes, e o ponteiro girava lentamente como era de se esperar. De fato, Ágata chegou a pensar que talvez seria bom colocar uma cápsula de essência (3) nova para dar uma carga melhor ao item, mas resolveu pedir à Zidora no dia seguinte.


Eu deveria ter pedido isso antes de ir dormir.


Lamentou, finalmente arranjando coragem para abrir os olhos. Ela não trajava sua armadura, mas conseguia sentir o peso da sua máscara filtradora (4) contra o seu peito. Ágata se encontrava deitada de costas contra um chão felizmente seco e frio. O teto era de pedra e terra retorcida, que se mantinha fixa no alto por causa das várias raízes grossas de uma provável árvore na superfície. Era como se ela estivesse em algum tipo de caverna formada pela erosão do solo abaixo de uma árvore. A iluminação bruxuleante e o cheiro leve de fumaça também eram não só o indicativo de que ela estava acompanhada de alguém que acendeu uma fogueira, mas que esse alguém provavelmente salvara a sua vida.


Então quem? Quem me salvou?


Fechando os olhos novamente, e se esforçando para lembrar de todo o ocorrido, Ágata recordou-se que ela despertou repentinamente durante a noite com o som de gritos, batalha e os urros das feras. Ela se apressou para colocar sua armadura e pegar a sua espada, mas não teve tempo de pegar seu escudo antes que a tenda fosse invadida. Imagens voltavam à sua mente, acompanhadas de uma dor lancinante.


O homem que entrou em sua tenda era corpulento e carregava um machado em cada mão, mas Ágata era mais rápida e seu treinamento no estilo de combate da dança das lagoas valeu a pena. Não demorou para a lâmina fria da sua espada esquentar-se com o sangue do seu adversário. No entanto, antes de ter tempo de investigar a identidade do invasor, os gritos e o cheiro de fogo invadiram os seus sentidos.

Entre as cinzas (GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora