Dormir por tanto tempo, que não sei se estive acordado algum dia. O mundo doía de uma forma diferente pra mim. Eu não conseguia sentir pena ou remorso de pobres almas, mas algo me castigava bem mais do que eu poderia suportar diariamente. O que fazia quando menino me apavora os sentidos e estive por tanto tempo tendo prazer por aberrações. Quem sou? Ultrapassou o sentir, o medo era meu propósito, minha gélida força. Pobre das almas que eu não consegui ouvir e dos olhares que eu vi e não vi, que não olhei. Noites eram prazerosas, solitárias por natureza, quem dirá que eu soube de natureza sem saber que sabia. Andava ela a me perseguir tão só e sem sombra na noite murmuriosa e densa, que eram suas capas a esconder belezas dos inibidos que usavas no dia a dia de ingratidões. O que sei eu de gratidão, alma visivelmente invisível, como força-la? Por que nunca me dizia nada? Sempre tinha algo a dizer, mas nunca falou nada. Fez-me descer fraco e morto, como tú, morte andada sou.

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Contos Híbridos
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