O Úivo do Lobo

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Enquanto houver o peso da corrente como a um pêndulo de luz e escuridão, seremos os monstros mais temíveis por ousar lutar. Como à um lobo mitológico na ânsia de reconhecer seus dois lados lados, corre sem rumo e não se sabe se é chorando ou bradando, com seu úivo sentido e forte. Então, você já consegue senti-lo como sua própria criação, apavorada, sentindo aquilo que somente você consegue concretar, sem ninguém para olha-lo com firmeza. Só olhares medrosos, pedindo ajuda que você não sabe dar. Lembro então do grito firme e uivante que já não consigo mais tirar da cabeça. Ele é a memória que despedaçou meu mundo, adormecido, esperando conhecimentos gelados ou mornos demais. Me deixou dançando em descontrole, enquanto as luzes se expandiam em câmera lenta e os tambores eram maiores que meu cérebro. Tudo era branco, uma escuridão branca, que ganhava forma com batidas de tambores, que me paralizavam de espanto. Agora eu era lobo correndo na floresta sem encontrar meu lar. Não sei que extinto me fazia correr para as montanhas, onde lobos medrosos e assustados também recorriam. Tambores me deixem! Escuridão não me sufoque! Lobos assustados não uivem comigo! Vou correr pra longe de tudo. Há de haver força para me mecher desse paralisante tambor e fazer correr para longe do meu extinto. Não sou lobo. Não me lembro de haver programações. Rasgo-me e canço-me, e morro. Antes, desse morro, vejo que a criação era o meu próprio medo. Meu último grito era um úivo de lobo.

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