Tudo no mundo é novo pra mim, nascer como um milagre, viver buscando um caminho e morrer sem entender, tendo consigo apenas a fé, a única coisa que se pode dizer que é particular sua. Se você sente com muita força é porque é solitário, porque a idéia da diversão da alma não entrou nos seus olhos. Tudo o que vemos é uma ilusão e acreditar ou não, não tira que não há respostas para nenhum outro final. Não tenho a pretensão de viver em domínios divinos, nem sei se seria feliz mais lá do que aqui, nem sei porque viver sem entender seu objetivo é natural. Dizer que vivi a melhor vida não é possível se há de morrer no final, mas viver pra sempre sem entendê-lo, me parece mais dolorido. Continuar vivendo depois da morte em algum lugar, é feio, sem amor, burro e medíocre, estando eu lá mais furioso ainda, num círculo de morte e autodestruição. Estou perseverando no novo, no milagre de ter nascido, por causa do meu único Deus, que me fez achar a única lógica desse mundo bonito e perdido, o inacabado. Ainda há de haver um fim de um início. Nos quebras-cabeças perfeitos de tua linha do tempo, olho-os de cima para entendê-los melhor. E assim vou vivendo e nascendo a cada suspiro, para não morrer de vez, pensando na única lógica da morte, a que nada sobrevive a morte. Reviver aqui poderia me dá uma paz, a do milagre sentido. Mas os humanos sempre acharam um jeito de esquecer milagres, então, há de haver na minha luta algo a ser mais bem e incansavelmente verificado com lógica entendida à prazo. O amor é o resultado de todo o sentimento desmistificado. Só estou um pouco triste hoje, sem motivos comuns, apenas acho que a depressão me alcançou. É difícil diferenciar para os demais o que devo fazer, já que sou muito naturalmente triste e deprimido pela beleza. Deprimidos pela beleza não vêem um quarto como fortaleza. Vêem-no como é para uma amante de horta, um canteiro viçoso. Sempre tentei ter muito cuidado com o meu bem estar mental até certo ponto à vista de mim, nunca fui muito só, prezei com rotinas e forças a companhia de pessoas agradáveis, mesmo que por pouco tempo, onde minha mente não comece a cansar. Isso sempre teve efeitos positivos em mim, assim como cantar ou soltar notas ao vento num violão enquanto penso em algo mais pesado. E ao chão frio e duro era tão reconfortante, hoje me fazem chorar sem entender de profundidade alguma, e minhas retiradas não me enchem mais de vigor e do brilho nos olhos. Sei que o tempo me fará ver belezas e sentir novas verdades suficientes para sorrir por alguns ótimos períodos. Mas tenho medo de que essa dor que me priva de pensar, vier alistadas de vidas prejudicadas. Que ponto de vista idiota é mais perigoso que esse? Não é a mente sã mais sábia também ferida por essa mesma escuridão? Eu não tenho mais me assustado com muita coisa, e se passam na minha visão como algo a se resolver, e as deixo de lado, resoveldo-as com as rotinas da desatenção. Já tentei muitas coisas, mas o fato é que nunca alguém acha que já tentou de tudo e sabemos sempre no fundo o que precisamos fazer, só que uma manhã nos diz que tudo é uma continuação que não há controle. Não se assustar é mais assustador na solidão controlada, porque é apenas um filtro que você sabe que não pode viver por muito tempo. Logo é injusto consigo mesmo e com outros, pois ambos se ferem, sendo bons ou maus os carinhos. Estou sentado com muitos copos de café vazios, e o cheiro de cigarro dos vizinhos que inútilmente me deixa bem, pois não consigo odiar o vício de outros, se todos os humanos os entendem disfarçadamente tão bem. Estou na verdade agora entre meus nervos, aquele ódio perigoso, o ódio de mim mesmo, e o dano que ele me causa produz a pena em você, e é inútil porque é sofrimento falso. Devia ter raiva desse corpo que tem raiva de si? Sim, devia ter ódio e não pena. Mude segundo as ações, porque você deveria se prender a sentimentos? Viva sua vida com amor e vontade de amar, pois se não há tem mais, tome cuidado e procure ajuda, essa inaturalidade é dengosa e sombria demais, diminue os passos, as letras, assume-se a unidade da culpa que não ousa doer mais, a ter febre ou curar-se. Como você sabe, estou virando a curva, aquela curva, muito rápido e estou achando que ela me mantinha muito próximo da vida, e estou achando que ela me mantinha muito próximo da vida, e agora não estou mais com medo do seguro. Quero que se pudesse lhe pedir algo que você precisaria correr mesmo para buscar com urgência, sem deixar para um dia qualquer, era que você buscasse a criança que você deixou de ser quando a ferida do bem e do mal rasgou sua inocência. Sente ela numa cadeira e antes de olhá-la nos olhos, lembre que essa criança não é você daqui a 30 anos e não será você na beira da morte, então olhe-a, ela é você hoje! Abrace-a, chore com ela, não enxugue as lágrimas dela enquanto estiverem sorrindo juntas, ame-a e alimente-a. Vocês precisam continuar de onde pararam, precisam perdoar-se a si mesmas, lute com ela ao lado, pois foi com ela que descobriu a vida.
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