No Dia Que Finda

15 1 0
                                    

    A coalisão de monstros da mente que não é física, vem pela noite, quando cai pelo dia suave do seu fim silencioso e macio, sem cheiro, sem ambições. As vozes dos vizinhos que rancoram bondade ressoam melancólicas no silêncio laranja morno da tardinha, enquanto atravessam-se pássaros negros procurando morada, e eu te vejo viva,  ainda menina, sem espumas e com cheiro de viva. Os cachorros gritam se você prestar bem atenção. Alguém pensa neles tão amarguradamente? Eles são espelhos. Tudo o que grita, é espelho. Olhamos o espelho que também não é físico, pela alma dos que confundem alma e não querem verdades, só querem glórias a custa de dominação, e toda forma de dominação são princípios de burrice. Sossegar depois de muito sangrar é toda forma de viver para o vento, e quem não alimenta seus monstros, não matam eles. Na melancolia do dia que finda, está meu coração protegido pelo esquecimento contínuo das dores de se viver prevendo, prevendo e prevendo. Estou muito calmo nessa tardinha amarelada, enquanto a luz vai sendo engolida para se renascer o tempo, que nunca envelhece, apenas dorme e acorda. Que força de vontade é essa de construir para almas que você desconhece? Que vantagem tem os de corações bonitos, se seus rostos são feios e seus corpos contorcidos? O mundo que finda nessa tardinha, ainda está a mercê de futilezas.

Contos Híbridos Onde histórias criam vida. Descubra agora