Party

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Depois daquela mensagem pro bonito/cretino, eu fiquei mais dois dias no vácuo. Direto, sem dó nem piedade. Já era sexta feira e ele ainda não havia me respondido. Eu tive vontade de xingar, mas achei melhor não, porque não queria demonstrar o meu nível de carência e pareceria irritantemente desesperada. Eu não estava nesse estado, só tinha colocado aquele cara como desafio.

Guardei minha revolta e foquei no evento noturno. Era dia de ir para uma balada com Hinata e Ino, finalmente! De noite eu me preocupei um pouco em lavar meu cabelo, arrumar as sobrancelhas e pintei as unhas com um esmalte simples e clarinho. Escovei o cabelo de qualquer jeito, só pra acalmar o monstro. Mentira, era bem liso e eu escovava pra ver se ele parecia ter mais vida assim.

Procurei uma calça escura de cintura alta e um crop top que não fosse curto demais a ponto de parecer só um sutiã e não expusesse meus peitos todos. Não queria ser alvo de solteirões bêbados loucos pra comer alguém em um canto imundo da balada. 

Quando eram quase nove horas, Hinata estava ligando me dizendo pra descer que ela e Ino estavam me esperando lá fora, então calcei as sandálias de salto e saí cambaleando atrás da bolsa, pra depois fechar a porta e enfiar a chave no bolso.

Quando entrei, o carro estava só com cheiro de maquiagem cara, perfume e condicionador de fruta. Minhas amigas no dia de balada se revelavam verdadeiras piranhonas. Me sentei no banco de trás dando um tapa no ombro de cada uma.

– Me dar carona no meu próprio carro e me fazer sentar no banco de trás é foda, né – reclamei. Hinata olhou pra trás e riu de mim com seus lábios pintados de vermelho escuro deixando o rosto branco dela com um ar fantasmagórico.

– Olha, senta aí só – Ino balançou a mão no ar e jogou os cabelos amarelados pelos ombros. – Pra onde vamos? Quero uma balada cheia dos gatos. Gaara e eu brigamos loucamente e to querendo foder porque estou com raiva.

– Coitado do homem que casar com você – disse Hinata, reprovando com um gesto usando a cabeça. – Tava vendo nos eventos do facebook hoje e parece que vai ter uma festa bem legal naquele bar que a gente foi da outra vez, Sakura – ela olhou pra mim.

– Aquele na baixada, perto dos bares? É ótimo. Vamos que te dou as indicações, Ino.

Alguns minutos depois de muita conversa fiada aos berros no carro, estávamos as três de salto alto descendo do carro na frente do clube cheio de gente como se estivéssemos fazendo uma entrada triunfal em filme adulto-juvenil. As luzes no letreiro estavam piscando coloridas indicando que estava aberto e o som abafado de uma música bem agitada vinha de dentro das paredes. Ino trancou o carro e fomos pra entrada, todas com os braços cruzados umas nas outras comprar o ticket e colocar as pulseirinhas.

Raramente no mês tínhamos noites assim, por isso ficávamos sempre empolgadas demais.

– Céus! – Ino exclamou ao ver o quão cheio estava. Seria difícil andar livremente ou pegar uma bebida em menos de dez minutos mas, pra nossa sorte, o barman era um cara bizarro de óculos escuros, cabelo cheio espetado e vestindo quase sempre o mesmo casaco, mas que estava super na da Hinata. Com ela linda com o corpo comprimido num vestido longo preto, ele com certeza nos atenderia com mais pressa se estivesse por lá. Ou quem sabe bebidas grátis, no final das contas. Caso contrário, teríamos que ficar na fila como o resto do povo.

– Espero que o seu crush esteja por aqui, Hina – comentei perto da sua orelha e falando bem alto por causa da música.

– Que ridícula – deu um tapa no meu ombro e eu ri – Ele não é meu crush, Sakura. Que nojo.

Ino foi a frente, sacudindo com uma delicadeza de leão a quem ousasse pensar em pousar as patas em nós. Chegámos ao bar, que estava cheio, e me levantando ainda mais nos saltos vi o cabelo espetado do crush da Hina e seus spectacles pretos pequenos como se tivesse os arrancado de uma criança. Bem ridículo.

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