CAPÍTULO 4

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Minha cabeça ainda dói, principalmente, no local do machucado

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Minha cabeça ainda dói, principalmente, no local do machucado. Mal consigo me levantar, mesmo assim insisto. O incômodo é tão grande que quero chorar enquanto me apoio na cama, para não cair para um dos lados.

Ouço uma conversa entre um homem e uma mulher do lado de fora do quarto e as vozes dos dois ecoam na minha cabeça.

— Como assim ele não dormiu?!

— Não vamos conversar sobre isso.

— Sérgio, o senhor Rômulo está surtando por causa dela! Coitadinha! Ela não parece ser má pessoa. Ele foi tão cruel com ela. Não deve ter dormido por conta da consciência pesada.

— O senhor Rômulo com a consciência pesada? Você está alucinando? Claro que não! Ele está furioso com os funcionários da empresa que não avisaram sobre o acidente e a morte do pai da garota. Cabeças serão cortadas.

— Eu não queria estar na pele deles agora. Mas como esconderam uma coisa dessas?

— Provavelmente, acharam que o senhor Rômulo não iria se importar com isso, mas desde que ela apareceu, é a única coisa que ele fala.

— Imagino. Tadinha! Ela perdeu o pai e quando veio fazer justiça, o senhor Rômulo nem sabia do que ela estava falando. Você acha que se ele soubesse, teria agido daquela forma?

— Claro que teria. Ela insistiu em entrar em sua casa sem ser convidada! Vamos voltar ao trabalho, o médico chegará daqui a pouco para vê-la.

Estão falando de mim.

Abro os olhos e procuro alguma garrafa de água. Encontro uma jarra em cima de uma cômoda, me arrasto em cima da cama e coloco um pouco de água no copo.

Estou tremendo muito.

Desde que tomei a decisão de procurar o dono da empresa, onde meu pai trabalhava, não coloco nada na minha boca. Meus lábios estão secos, assim como a garganta e me sinto tão fraca.

Bebo o máximo de água que consigo e até a dor de cabeça diminui, mas ainda é forte.

A minha vida está um caos e achei que vir aqui me traria paz, mas parece que o pesadelo só começou.

As minhas vizinhas, as únicas pessoas que me restaram, devem estar preocupadas com meu sumiço.

Preciso voltar para casa e terminar os consertos que faço no bico de costureira, afinal tenho que juntar dinheiro para o aluguel, que, aliás, está com três meses de atraso.

Não éramos tão carentes, meu pai recebia mil e seiscentos reais por mês, mas quatro meses atrás recebemos a cobrança de uma dívida antiga que não era tão alta, porém, usamos o dinheiro do aluguel para quitá-la e ficarmos livres.

Nunca conseguimos comprar uma casa.

Com o salário do meu pai e o pouco que aos vinte e dois anos ganho como costureira, já que não consegui estudar e não arranjei um emprego que pagasse bem, não tivemos condições de juntar um valor considerável ou fazer o consórcio. O que tínhamos era o suficiente somente para sobreviver e, sinceramente, continuaria vivendo feliz com esse pouco se meu pai tivesse vivo.

A namorada Falsa do MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora