CAPÍTULO 10

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Quando passo pelos portões, sinto como se um grande peso estivesse sendo tirado de mim

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Quando passo pelos portões, sinto como se um grande peso estivesse sendo tirado de mim. Talvez, sejam as algemas invisíveis que me colocaram dentro desta casa.

Não imaginei que chegar a este lugar, para reclamar sobre algo que achei injusto, fosse me causar tantos problemas.

Eu não consigo parar de pensar nas ameaças daquele homem. O momento em que ele avançou em mim e caí na calçada; quando ele me puxou pelo braço e me prendeu em sua casa foi o fim da picada.

Espero nunca mais vê-lo em minha vida.

Volto para casa à pé, mas com o sabor de ter feito aquele homem descer do pedestal com muito prejuízo.

Espero que tenha servido para os funcionários dele entenderem que abuso algum deve ser tolerado e espero que também sirva de lição para ele, afinal ninguém deve ser tratado como lixo por conta da falta de sensibilidade de gente como ele.

Tomara que ele nunca se esqueça do que fiz, pois, não esquecerei que ele fez comigo.

Quase uma hora depois, chego no bairro onde moro e as vizinhas, dona Gertrudes e dona Dalva, caminham ao meu encontro.

— Linda, minha filha. Onde você estava? — Uma delas me abraça, agoniada.

— Desculpa não ter avisado nada, fiquei sem celular.

— Mas que história foi essa de estar na casa do chefe do seu pai? Esses dias todos você estava lá?

― No meio de toda essa jornada, acabei lá e só saí quando me falaram que estava tudo certo. Eu não sei se já falaram abertamente sobre o caso, mas o homem nem sabia do ocorrido.

― Que situação! ― Gertrudes faz careta.

— Pois é. Se não tivesse procurado saber o que aconteceu com meu pai, continuaria na mesma. ― Ando na direção da casa onde moro.

― Ô, minha filha, sei que você é orgulhosa e trabalhadora, mas o dinheiro que ofereceram, você não acha que ajudaria?

― Olha, dona Dalva, se tem uma coisa que não me arrependo é de ter recusado essa proposta. Depois de conhecer o tal Rômulo Guimarães, tenho mais certeza ainda de que não quero nenhum centavo dele.

― Você fez o que achou certo e é isso que importa ― Gertrudes fala me apoiando.

― Sim. Agora vou arrumar essa casa e trabalhar, pois, tenho um monte de contas atrasadas. ― Abro a porta e elas se afastam, se colocando à minha disposição para qualquer necessidade, que sei que não é financeira.

Todos trabalhamos para sobreviver aqui. Não tem luxo, mas tem o mínimo de conforto.

Bastou dois dias para minha casa já estar toda empoeirada.

Depois de alguns minutos de descanso, começo a limpar tudo.

Minha casa não é chique como a dele, é bem simples, mas não tem a energia ruim que a casa dele está carregada. Aquela mansão é como se fosse uma prisão e o clima de lá é de tensão e agonia.

A minha casa, apesar de não ter mais o meu pai e me sentir triste com isso, ainda me traz paz e vai continuar assim agora que tenho consciência que contarão a verdade sobre o que aconteceu com ele, sem suborno, somente a verdade.

Meu pai pode descansar em paz e eu posso conviver com o que aconteceu sabendo que não vendi minha palavra.

Meu pai pode descansar em paz e eu posso conviver com o que aconteceu sabendo que não vendi minha palavra

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Três meses depois...

Vim ao cemitério visitar o túmulo do meu pai, mas desta vez, diferente das outras, as coisas estão mais conturbadas.

Há muitos fotógrafos na entrada do local e a minha sorte é que conheço o porteiro.

― O que aconteceu? ― pergunto.

― Um empresário importante está sendo enterrado e essas pessoas fazem tudo por uma foto. ― Ele me deixa passar.

Um alvoroço mesmo!

Felizmente, o único cemitério da cidade tem o lado rico e o lado pobre, e vou para o lado pobre, achando que não passarei perto do evento fúnebre dos ricos.

Mas o túmulo do meu pai fica próximo da estrada que divide os lados e a uns dez metros ou mais está o grupo de pessoas vestidas de preto, se despedindo do homem.

Essa é uma tristeza que dinheiro algum pode poupar.

Suspiro e me sento em frente à lápide do meu pai.

― Hoje não te trouxe flores, pai, porque um bode entrou no quintal da dona Dalva e destruiu o canteiro dela. — Cruzo minhas pernas em posição de borboleta. ― Eu deveria trazer progressos mensais, mas as coisas não saíram como planejei. Antes demoravam para pagar os consertos que eu fazia, agora que coloquei uma placa dizendo que só entrego a roupa com dinheiro na mão, muita gente deixou de me procurar.

"Eu sei que isso não é ruim, afinal me poupa o tempo de trabalho não pago, mas o dinheiro que recebo não está dando para pagar os aluguéis atrasados.

"Consegui pagar os três meses que estavam atrasados quando perdi o senhor, mas já atrasei três meses novamente e na próxima semana fecham quatro aluguéis.

"Sei que o dono logo vai começar a cobrar, mas não poderia deixar de comer para guardar dinheiro e ele está vendo que mesmo atrasado todo mês eu pago um.

"Fiz alguns cursos na internet e montei um currículo bom, mas as lojas só contratam gente experiente e isso não sou. Não sei o que fazer, pai, mas desistir não é uma opção."

A namorada Falsa do MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora