- Com licença, Madre. - Diz Cecília batendo na porta entreaberta da sala da superiora - Posso entrar? -
- Claro, Cecilia - Responde Madre com um sorriso no rosto ao ver a noviça entre a brecha da porta - Entre, fique a vontade. - Aponta para um dos assentos para que Cecilia se sente.
- Desculpa atrapalhar, Madre. - Diz se sentando - É que acho que esse assunto não da mais pra esperar. - Termina um pouco nervosa.
- Que isso, Cecilia. Você sabe que nunca atrapalha. - Diz Madre, o que faz Cecilia sorrir e ficar mais calma - E que assunto é esse tão importante?
Cecilia volta a ficar tensa, não pela curiosidade de Madre, mas sim pelo fato de ela não ter certeza da sua escolha e de estar agindo com um certo impulso.
- Cecilia? - Madre chama pela mesma que não havia respondido sua pergunta. - Cecilia, tá tudo bem? Está se alimentando direito? Quer que eu chame o Doutor André? Você parece pálida - Madre pergunta preocupada já que Cecilia não respondia nenhuma das suas perguntas.
- Não Madre... - Cecilia responde finalmente. - Não precisa, eu estou bem, obrigada. - Diz com um leve sorriso, deixando Madre mais tranquila.
- Tem certeza? acho que o Dr. André não iria se importar em vim aqui fazer um checkup em você. - Obrigada Madre, pela preocupação, estou muito bem de saúde. - Diz calma - Só queria dizer que tomei uma decisão... eu vou seguir minha Vocação religiosa... -
- Cecilia, Cecilia - Madre diz olhando-a nos olhos - Eu te conheço muito bem, tem conheço a ponto de saber que não é isso que você quer para seu futuro. - Continua - Você sempre teve tantos sonhos, e um desses sonhos era de construir uma família, lembra? - Madre pergunta, segurando nas mãos da mais nova.- Eu sei Madre, mas esses meus sonhos parecem ser tão impossíveis. Sei que ser freira nunca foi um sonho meu, mas preciso olhar para a realidade, não acha? -
- Bom, eu não posso dizer o que você deve ou não fazer, isso depende da sua intuição, mas não se sinta pressionada, você ainda está em fase de adaptação como noviça. - Lembra - Você ainda é jovem, sei que no momento certo, vai tomar as suas decisões com sabedoria, eu sei que vai... - Madre termina de dizer deixando Cecilia mais calma com suas ultimas palavras.
- Tudo bem, Madre - Diz enxugando uma lagrima solitária que escorria em seu belo rosto - Vou pensar mais sobre as minhas decisões. - Sorri - Eu definitivamente não sei o que seria de mim sem a senhora. - Diz se levantando e abraçando a superiora - Muito obrigada... -***
- Então Cecilia, conversou com a Madre? - Fabiana pergunta ao ver Cecilia entrar no quarto. Cecilia se senta na cama pensativa, não respondendo a amiga.
- Ah não, Cecilia. - Diz Fabiana puxando uma cadeira e ficando frente a frente com Cecilia. - Sinto muito, mas eu e recuso a ficar no escuro, desembucha! - Diz, deixando a mais nova sem saída.
- Tá Fabiana, você venceu. - Diz rendida, tendo como resultado um sorriso de orelha a orelha de Fabiana - Eu falei com a Madre sobre a minha escolha, e ela me deu alguns conselhos... - Diz seca, sem dar muitos detalhes.
- Que tipo de conselho? Não vai me dizer que ela te aconselhou a não desistir dessa história absurda de ser freira?! - Fabiana pergunta incrédula deixando de sorrir. -
- Como assim história absurda, Fabiana? - Pergunta confusa - Se esqueceu que você também é noviça e seus votos para se tornar freira estão bem próximos? -
- Ah, mas no meu caso é diferente. - Fabiana se defende - Eu tenho absoluta certeza da minha vocação, já você... - Cecilia revira os olhos e suspira.
- É Fabiana, você tem razão. - Diz por fim - E não, não foi esse o conselho que a Madre me deu. Ela disse para mim pensar mais um pouco sobre minhas decisões e me assegurou que tenho tempo, pois ainda estou em fase de adaptação como noviça, e isso aliviou muito a minha mente... Você não faz ideia de como aliviou... - Diz se jogando de costas na cama.
Fabiana ia dizer mais alguma coisa para Cecilia, mas foi interrompida por um "pingo de gente". - Irmãzinha, irmãzinha! - A pequena chama, entrando no quarto das noviças.
- O que foi minha carinha de anjo? - Responde Cecilia se levantando da cama.
- Ai... - Choraminga Dulce, apontando para uns arranhões em seu joelho. - Acho que não foi uma boa ideia tentar pular do balanço... - Diz com lagrimas no rosto.
- Ah, Dulce Maria, você e essas suas ideias. Deixa eu ver isso - Diz Cecília se aproximando e examinando o ferimento no joelho da menina - Não foi nada de mais, só uns arranhãozinho bobos - Diz tentando conforta-la.
- Está doendo... - Chora.
- Não sei de onde você tira essas ideias, Dulce - Fabiana diz, se aproximando das duas.
- É mesmo né Fabiana, de onde será que as crianças tiram essas ideias malucas? - Diz Cecília em tom de ironia olhando feio para Fabiana.
- Nossa, de repente me bateu uma fome... - Fabiana diz, fingindo não ter entendido a indireta de Cecília - Acho que vou ali na cozinha fazer uma boquinha - Diz praticamente correndo para fora do quarto.
- Será que vou precisar ir ao hospital? Fala Dulce, olhando para um ponto fixo na parede.
- Acho que não será necessário pequena - Cecília responde, pegando-a no colo e se sentado com ela na cama - Porque você não me explica melhor o que aconteceu? - Pergunta, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha de Dulce.
- Não castiga a irmã Fabiana, irmãzinha. Tudo saiu daqui da minha cabeça - Diz Dulce apontando para sua cabeça.
- Não vou castigar a irmã Fabiana, pode ficar tranquila. Mas achei que nós já havíamos combinado de que você iria moderar nessas brincadeiras - Cecília diz calma e Dulce abaixa a cabeça - Você poderia ter se machucado feio, você não quer ir parar no hospital, quer? -
- Não, não gosto daqueles médicos e nem daquele lugar, foi pra lá que levaram a minha mamãe e não conseguiram salvar ela... - Exclama Dulce, voltando a chorar e abraçar Cecília.
- Não fala assim, meu amor - Cecília a abraça mais forte - Eu tenho certeza de que eles tentaram de tudo para conseguir salvar a sua mãe, mas o coraçãozinho dela já estava muito fraco. - Tenta confortar a menina.
- Promete que não vai me abandonar? Como o meu Papi fez? - Dulce pede, olhando nos olhos de Cecília.
- Ele não te abandonou Dulce, só teve que fazer uma viagem importante, ele vai voltar quando você menos esperar. Mas enquanto esse dia não chega, eu posso te prometer que sempre vou estar aqui com você. - Cecília afirma.
- Promete que jura? - Dulce pergunta, enxugando as lágrimas.
- Prometo que juro! - Confirma Cecília, e deposita um beijo na bochecha da mais nova, a fazendo sorrir. - O que acha de irmos fazer um curativo nesse machucado? - Diz se levantando com a menina nos braços.
- Sim piririm... - Diz Dulce um pouco mais animada.VOTEM!!! Please
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A Flor e o Beija-Flor
FanfictionHistória de Gustavo e Cecília, um pouquinho diferente...