Quase Freira

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- Irmãzinha, irmãzinha! - Dulce grita animada, subindo em cima da cama de Cecília a sacudindo. - Acorda! -
- Meu Deus, Dulce - Diz Cecília confusa e assustada. - O que aconteceu? Você se machucou, entrou em confusão de novo? Pelo amor de Deus, Dulce Maria o que foi que você aprontou dessa vez? -
- Você não vai acreditar! - Exclama sorridente.
- Tá me deixando curiosa e preocupada, pequena. - Cecília diz se sentando - Pela sua carinha já posso ver que é coisa boa e que você não aprontou nada, acertei? - Cecília pergunta, torcendo para que esteja certa.
- Sim Piririm! O meu Papi, irmãzinha meu papai volto e ele quer me ver! - Grita empolgada pulando na cama. -
- O quê? Dulce não brinca com essas coisas, isso é sério? -
- Sim, irmãzinha. A Madre me chamou na sala dela para me dar a notícia. Eu tô tão feliz! - abraça Cecília forte - Obrigada irmãzinha... -
- Pelo que meu amor? - Pergunta Cecília sem entender.
- De estar sempre do meu lado e de nunca ter me feito desistir de ter esperanças de que o meu Papi voltaria. - Diz mais calma e sorridente.
- De nada, Dulce. Eu estou tão feliz por você! - Cecília diz acariciando o rosto da pequena - Ele vem hoje? -
- Sim Piririm! Você me ajuda a me arrumar? Quero ficar bem bonita para o meu Papi. -
- Claro que sim, meu anjo. Hoje vai ser tudo do seu jeito - Responde Cecília.
- Iupi! -
- Só preciso falar com a Madre e saber a hora que ele vai chegar - Diz Calma.
- Tudo bem, enquanto isso vou ir lá contar a novidade para minhas amigas, elas nem vão acreditar. - Dulce diz e sai do quarto dando pulinhos. 

***

- Me chamou Madre? - Cecília pergunta na porta da sala da superiora.
- Sim, Cecília, entre - Responde Madre - Imagino que já saiba da novidade sobre o pai da Dulce Maria, certo? -
- Sim, Madre. Dulce Maria já me contou. Eu ainda não acredito. - Argumenta pensativa.
- Pra falar a verdade, nem eu... - Comenta - Confesso que já havia perdido as esperanças... - Sussurra sem pensar, mas logo se retrai. - Mas jamais a fé. Bom, vamos ao assunto, eu já falei com a irmã Fabiana e ela irá receber o seu Gustavo, imagino que ele irá vir acompanhado do seu irmão e de sua prima. Vou ter uma breve conversa com eles, e você ficará encarregada de trazer a menina quando for a hora certa, tudo bem? -
- Tudo sim, Madre - Responde Cecília.
- Dulce vai para casa e só volta no começo da semana que vem; vamos concordar que ela mais do que merece passar um tempinho com o pai, não é mesmo! -
- Sim, com certeza, isso vai fazer muito bem para ela - Afirma - Mais alguma observação Madre? -
- Por enquanto é só isso, irmã, muito obrigada. -
- De nada Madre. Com licença. - Se levanta e sai da sala. -

***
Cecilia
- Será que ele vai gostar de mim? - Pergunta Dulce, olhando em um ponto fixo. -
- Que pergunta, Dulce - Digo calma, fazendo um laço em seu vestido. - Tenho certeza que quando ele te ver nesse vestido lindo, - pego sua mão fazendo -a girar. - Não vai aguentar de felicidade! -
- Você acha mesmo? - Pergunta sorridente.
- Sim piririm. - Respondo com cócegas em sua barriga, tendo como resultado uma deliciosa gargalhada.
- Será que ele já chegou? - Pergunta dando pulinhos.
- Provavelmente sim. - Começo a escovar os seus cabelos - Mas precisamos da autorização da Madre para podermos ir. -
- Posso fazer uma pergunta? - Dulce pergunta de repente.
- Quantas quiser. - Respondo concentrada no penteado que estava fazendo.
- Mas você vai me responder? -
- Vou tentar... -
- Você já teve um namorado? -

- Isso é pergunta que se faça para uma Quase Freira, Dulce? - Digo, não muito surpresa com a pergunta. Confesso que esperava coisa pior.
- Falou certo, "quase freira", ainda não é, é noviça. E é uma pergunta simples, só responder com sim ou não. - Diz sem emoção na fala.
- Eu sei bem que não é uma simples pergunta para você, independente da minha resposta, se ela for sim ou não, eu sei que você vai querer saber o motivo. - Termino é ela se vira para mim.
- Você me conhece muito bem! - Diz com um sorriso sapeca no rosto.
Suspiro.
- Não, Dulce. Eu nunca tive um namorado. - Respondo sem muita informação.
- Por que? -
- Porque eu nunca precisei de um namorado e não penso nesse tipo de coisa. Satisfeita? -
- É, um pouco. -
Fico aliviada por Dulce não aprofundar mais o assunto. Nem sempre tenho respostas para esses tipos de pergunta. Sem contar que é um dos assuntos bem delicados para mim.
- O quê está fazendo? - Pergunta ao vê - lá remexendo em sua gaveta.

- Não estou encontrando o meu laço verde. -
- Ah, Mas, o rosa vai combinar muito com seu vestido. - Digo pegando o laço cor de rosa que eu havia separado para ela usar.
- Mas eu queria tanto usar o verde, é a cor preferida do meu Papi...- diz triste

- Ah, será que você não guardou em um lugar diferente ou esqueceu em algum lugar? - Pergunto, a ajudando a procurar.
- Ah, sim! Acho que devo ter esquecido no pátio quando fui mostrar para minhas amigas. Eu vou lá buscar... - Diz e corre em direção a porta.
- Não Dulce, espera. - Exclamo, a fazendo parar - Não posso deixar você sair do quarto. Vamos fazer assim, eu vou ver se encontro, mas você tem que me prometer que não vai sair até eu voltar, esta bem? - Pergunto, e ela faz que sim com a cabeça.

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A Flor e o Beija-FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora