- Muito prazer, Senhor Gustavo Larios. O Senhor não faz ideia de quanto eu rezei para esse dia chegar! - Madre diz, apertando minha mão.
Deveria ter rezado mais, quem sabe eu não teria voltado mais cedo? Ou não.
- Bom, aqui estou eu. Demorei, mas, voltei. - Digo para quebrar o gelo que parecia que havia ali, mas só eu estava notando. - É um prazer conhece-la. - Sorrio sem mostrar os dentes.
Tinha certeza que iria ficar mais nervoso ao me encontrar com a Superiora do Colégio, mas por alguma razão, a qual eu não sei explicar, me sinto um pouco a vontade com sua presença.
Madre tem um semblante sério, mas nem tanto, parece ser uma boa pessoa.
- Bom, sentem-se. - Ela sugere, e eu e Gabriel nos sentamos nos assentos á frente de sua mesa, e Estefânia permanece em pé ao meu lado.
- Fique calmo, meu irmão. - Gabriel sussurra próximo ao meu ouvido. - Vai dar tudo certo. - Afirma.
- Acredito que Dona Estefânia já tenha ditado as regras do colégio. - Diz séria. - Devido ao tempo que não teve contato, achamos melhor que a Dulce Maria passe esta semana com o Senhor. Claro, se concordar. -
Olho para Gabriel.
- Vai ser muito bom esse momento, não só para ela, mas para você também. - Meu irmão me confirma, e Estefânia põe a mão em meu ombro.
- Tudo bem... - Rever minha filha é uma coisa, agora, passar a semana com ela, já é muito mais complicado.
Passei esses últimos anos tentando tirar o belo rosto de Tereza da minha mente, para ver se a dor de tê-la perdido diminuísse. Conviver com Dulce vai trazer as lembranças de volta.
Não sei se consigo. Não me sinto bem.
- Gustavo, você esta bem? - A voz de minha prima ecoa em meus ouvidos.
O ambiente fica abafado de repente.
- Desculpa, preciso tomar um ar... - Digo rapidamente me levantando.
- Gustavo, espera! - Ouço Gabriel exclamar enquanto abro a porta.
Ao sair da sala dou de cara com uma das freiras, que se assusta com minha presença.
- Opa! tudo bem Seu Gustavo? - Pergunta disfarçando, como se estivesse feito algo errado.
É a mesma irmã que nos recebeu ao chegarmos. Ela é diferente das outras freiras que vi passando, além de se vestir diferente, tem um jeito mais empolgante. enfim, não entendo dessas coisas de religião.
- Tá tudo bem sim. - Respondo de um modo educado - Só precisava tomar um ar, o clima lá dentro esta meio pesado. - Suspiro.
- Se precisar de alguma coisa, pode me chamar. -
- Obrigado, acho que eu só preciso de um tempo sozinho. Vou aproveitar e conhecer um pouco o colégio, com licença. - Digo e entro em um dos corredores.
Preciso pensar sozinho, sem ninguém me pressionando.
Queria tanto alguém que entendesse a minha dor. A única pessoa que me entendia nesses momentos, não esta mais aqui.
Detesto me sentir sozinho.
Nem sei onde estou, só fui entrando nos corredores sem pensar direito. Abro uma porta alta e larga no fim do corredor e a luz do sol clareia meu rosto e o ar fresco invade minhas narinas. Aqui deve ser o pátio do colégio.
Não vejo ninguém.
Ótimo, preciso de um lugar calmo para digerir tudo que aconteceu nessas ultimas horas.
Eu vim aqui para ver a minha filha e não para conversas com a superiora do colégio. Já estou vendo que esse colégio é cheio de regras.
Droga.
Não estou sozinho, consigo ver o véu de uma freira que está sentada em um banco de madeira, no canto do ambiente.
Talvez ela possa me dizer onde está minha filha.
Me aproximo rapidamente.
- Com licença .- pergunto educadamente. A moça se sobressalta, talvez pelo susto. Não deve ter me ouvido chegar.- Desculpa, não quis te assustar. -
- Não, tudo bem.- Diz educado e se abaixa para pegar um objeto que havia derrubado no chão por causa do susto.- Eu estava distraída. Como posso ajuda-lo? - pergunta me olhando nos olhos.
Céus...
Que Deus venha me perdoa, mas nunca tinha visto uma mulher religiosa tão Jovem e Bela...
Sua pele é clara, como a neve, seus olhos azuis como o oceano e seus lábios rosados como uma flor de cerejeira.
Com certeza é um dos rostos mais bonitos que já vi.
- Senhor? - pergunta novamente - Precisa de ajuda com alguma coisa? - volto pra realidade.
- Ah sim, claro... - respondo - É... - Suspiro e passo a mão nos cabelos.
- Desculpa, é que acabei de sair da sala da madre, estou um pouco nervoso. Estava precisando de um ar fresco. - Desabafo.
- Ah, pode acreditar. - sorri - eu te entendo. A madre parece que tem o poder de deixar as pessoas um pouco nervosas, deve ser por causa da sua superioridade, mas ela é uma pessoa boa.- sorri novamente e observo suas bochechas rosadas.
Será que é pecado achar uma uma freira bonita?
Bom, se for, esta ai mais um motivo pra eu me confessar com o Padre, ou melhor, com meu irmão.
- É pode ser. - Digo - Desculpa, ainda não me presentei. Gustavo Larios, muito prazer. - Digo estendendo a mão para cumprimenta-la.
VOTEM, PLEASE!
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A Flor e o Beija-Flor
FanfictionHistória de Gustavo e Cecília, um pouquinho diferente...