Bom Dia

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Cecília

Gustavo Larios. Bem que eu estava achando sei rosto um tanto familiar.
Não que eu estivesse reparando em seu rosto.

Lá vai eu, mentindo para mim mesma, de novo.

Admito que, sem querer, admirei seu belo rosto.

Como sua mandíbula é perfeitamente marcada e definida, o seus olhos são  profundos em um tom de verde avelã, e sem contar que os seus cabelos com fios grossos e escuros são definitivamente alinhados.

Acorda Cecília, meu subconsciente me alerta. Ele não é um personagem literário e sim o pai de uma aluna.

- Muitos prazer Senhor Larios. - Respondo da forma mais educada possível- Sou a irmã Cecília. - Retribuo o aperto de mão.

Sua mão é áspera, mas ao mesmo tempo quente e suave.

- Cecília... - Diz olhando em meus olhos - Me falaram muito bem de você. -

- Quem bom né? - Me afasto um pouco - É uma grande surpresa ter o senhor aqui. -

Incrível como ele e Dulce se parecem, consegui recolhece-lo só por ter visto sua foto em um dos porta retratos de Dulce.

- Já estava mais que na hora, né? - Diz sarcástico. Nunca sei o que dizer depois de uma resposta sarcástica.

Seu telefone vibra constantemente em seu bolso.

- Desculpa, preciso atender. - Diz enfiando sua mão no bolso da frente de sua calça social.

- Tudo bem, fique a vontade. - Digo antes que atenda.

Ele sorri educado e atende o aparelho em seguida.

Sua expressão muda.

- Estefânia, já te disse que preciso ficar sozinho por um segundo, é tão difícil vocês entenderem isso? - Diz em tom firme e desliga o telefone, sem deixar a outra pessoa falar.

Suspira passando a mão nos cabelos e guarda o aparelho no bolso novamente.

- Desculpa por isso, minha família sabe como me deixar nervoso. -

- Tudo bem. - Ele parece estar bem nervoso, também, não esperava menos. Ele passou quase 5 anos longe da filha.

É bem triste saber que ele não quis saber da filha em um momento tão complicado.

Dulce Maria era apenas um bebê quando perdeu a mãe, ela precisava de toda atenção e carinho de seu pai naquele momento, mas não posso descartar a hipótese de que ele também sofreu e também precisava de atenção e carinho, mas a única pessoa que dava isso a ele, se foi.

Não concordo com sua atitude, mas também não consigo culpa-lo e nem ter raiva do que já se foi feito.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar? - Pergunto arqueando as sobrancelhas.

- Será que você poderia me mostrar aonde ficam as salas de aula? - Pergunta calmo.

- Desculpa senhor, - Respondo gentilmente - As meninas estão tendo aula agora. Não podemos atrapalhar. -

- Não vou atrapalhar, só quero ver a Dulce Maria. - Diz com um sorriso de canto.

- A Dulce não está em aula hoje, está se preparando para te encontrar. - Explico.

- Pois, então, melhor ainda. Poderia chama-la, por favor? -

- Desculpa, sei que quer rever sua filha, mas eu ainda não tenho a permissão da Madre para trazer a Dulce. - Digo e seu semblante muda.

- Isso é um internato ou uma prisão? Não podem me proibir de ver minha filha. - Ele está calmo, mas suas palavras são pesadas.

- Não estou te proibindo de nada... -

- É claro que não. - Me interrompe - É só uma freira qualquer, e não não vai ser você e nem ninguém que vai me dizer o que tenho que fazer. -

O que houve com o homem gentil e educado com quem eu conversava minutos atrás? Sua voz está bem mais firme agora.

- Não sou uma freira, sou uma noviça. - Digo firme e séria. - Não estou te proibindo de nada, pode fazer o que quiser. Nas isso aqui é um colégio com normas e disciplinas como qualquer outro, só estou obedecendo as ordens que me foram dadas. - Olho Bem nos seus olhos da forma mais autoritária possível.

Ele parece incomodado, e desvia o olhar para um ponto fixo no chão.

- Desculpa, falo sem pensar quando estou nervoso. - Diz com a voz neutra.

- Tudo bem. - Suspiro.  - Se me der licença, preciso terminar meus afazeres. Tenha um Bom Dia, Senhor Larios. - Digo e aceno com a cabeça para o mesmo, me retirando em seguida.

- Um Bom dia para você também, irmã Cecília.  - Diz, antes de eu sair completamente do ambiente.

Isso com certeza foi a coisa mais aleatória e estranha que já me aconteceu.

A Flor e o Beija-FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora