Prometo que juro.

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Cecília

- Promete que vai ficar do meu lado o tempo todo? - Dulce pergunta enquanto eu coloco o laço verde em seu cabelo - Estou tão feliz que tenho medo de desmaiar de felicidade.

- Prometo que juro. -

- A gente já pode ir? - Pergunta pela décima vez nos últimos cinco minutos. - Se a gente demorar muito o meu Papi vai cansar de esperar e vai embora. - Diz seria e preocupada.

- Isso não vai acontecer, Dulce. - Digo sorridente para tranquiliza-la. - Tenho certeza que ele não vai sair daqui enquanto não te ver. -

- Espero. Tem que ter muita paciência pra esperar todo esse tempo. - Suspira e se joga de costas na cama.

- Acho que seu pai não tem muita paciência. - Digo sem pensar.

- Você já conheceu o meu Papi? -

- É, já tive o prazer de conhecer. - Digo me lembrando da nossa conversa no pátio, minutos atrás.

- Quando? - Pergunta curiosa.

- Agora pouco, quando fui procurar seu laço no pátio, ele estava lá. -

- Ah, e como ele é? É bonito? - Pergunta na maior inocência, me fazendo corar.

- Dulce, - A repreendo. - Sabe que eu não posso ficar reparando nessas coisas. - Não posso, mas reparo, até demais.

- Mas achar alguém bonito não é pecado, né?- diz se sentando na cama.

- É... - Sou interrompida por Fabiana entrando no quarto. Ufa.

- Venho aqui, como mensageira real. - Brinca - Dizer que o rei está esperando a sua princesa Dulce Maria em sua sala real.

- Iupi! - Grita e pula da cama - Até que enfim! Não aguentava mais esperar. -

- Tem certeza que podemos ir, Fabiana? - Pergunto só pra ter certeza.

- Sim, a madre mandou chamar.

Saímos do quarto e fomos para a sala da madre, para enfim presenciarmos o tão esperado encontro entre pai e filha.

Três dias depois.

-

Fabiana, eu tô tremendo Fabiana! - Fabiana diz me "imitando" com uma voz extremamente irritante.

- Eu não falo assim, Fabiana. Deixa de ser irritante. - rebato dentro de uma das cabines do banheiro, terminando de trançar meu cabelo e o prendendo num coque baixo e apertado.

- Eu, irritante? - resmunga - Você que é. Ainda mais agora que Dulce Maria não está aqui. - diz e consigo ver sua sombra por trás da porta como se estivesse andando de um lado para o outro. - Vive cabisbaixa e se rastejando pelos cantos, parece até que esta de luto. - Termina de dizer no mesmo momento em que acabo de colocar o véu.

- Isso se chama saudade, Fabiana. - digo saindo da cabine. - Já ouviu falar? - passo por ela e vou para a pia lavar o rosto.

Fabiana me segue, sem responder.

- Nunca ficamos tanto tempo longe uma da outra durante esses cinco anos. - digo enxugando o rosto com a toalha e por um segundo enquanto meus olhos estão fechados, consigo ver vagamente o rosto da minha pequena em minha mente.

- Também sinto falta dela. - argumenta - Mas, pensa pelo lado bom, ela deve estar vivendo momentos incríveis com o pai. -

Me lembro por um instante de como os olhos dela brilharam ao ver o pai a sua frente, e de como o olhar dele estava marejado e seu sorriso sincero e alegre.

Me lembro de ela me dar um abraço apertado de uma breve despedida.

Sabia que isso aconteceria um dia, sabia que me apegaria demais à Dulce Maria, e uma hora ou outra, mais cedo ou mais tarde chegaria alguém para tirar ela de mim.

Deveria estar me sentindo egoísta por pensar assim, mas me lembro de todas as vezes que Dulce precisou de atenção e carinho e eu fui a única que estive com ela.

- É, tem razão, ela está feliz, é isso o que importa. - digo por fim.

- Com um pai bonitão daquele, até eu ficaria feliz. -

- Tava demorando pra você começar com esses comentários sem noção, não é Fabiana? - Digo revirando os olhos.

- Falei alguma mentira? - pergunta - vai me dizer que não reparou? Achar alguém bonito não é pecado nenhum. - bufo.

- Eu sei disso, Fabiana, mas não é por isso que eu devo reparar nessas coisas. - digo sem paciência.

- Tá bom Cecília, eu vou fingir que não percebi que você está fugindo do assunto. -

- Ah, Fabiana. Podemos ir tomar café agora? - olho seria pra ela.

- Geralmente sou eu quem digo isso. -

- É, mas está ocupada demais falando coisas desnecessárias. - digo pendurando a toalha e saindo do banheiro.

- Você está muito chata hoje, Cecília. - Diz me seguindo - Espero que seja fome. -

Bufo em resposta e saímos do banheiro.

....................

Depois de quase um ano, voltei!!
Curtem bastante pra mim poder volta, pq confesso que desanimei...
Perdoe-me pelos erros :)

A Flor e o Beija-FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora