Gustavo
- Tá tudo bem, primo? - Estefânia me pergunta ao notar meu nervosismo. -
Acho que essa deve ser a pergunta que mais recebi, depois que voltei.
Não estou nada bem. E me sinto culpado por estar me sentindo assim.
Eu deveria estar feliz por finalmente reencontrar a minha filha, mas o sentimento de culpa penetra os meus pensamentos e não consigo me livrar deles. O medo me subestima; medo de me lembrar de Tereza ao ver Dulce e ter uma recaída novamente.
- Estou bem sim, prima. - Minto - Só um pouco nervoso, mas tá tudo bem. -
Estamos em frente ao colégio.
Estefânia com um sorriso de orelha a orelha e com uma empolgação inexplicável.
Gabriel consegui disfarçar sua felicidade.
Já eu, estou em uma mistura de emoções. Vamos, Gustavo, coragem. Repito varias vezes, a mim mesmo.
Suspiro.
- Não sei se estou vivendo um sonho ou um pesadelo... - Penso em voz alta, enquanto entramos.
- Credo, Gustavo. Por que esse momento seria um pesadelo? - Diz Estefânia, me olhando feio.
- Passei muito tempo fora ,Estefânia. Não sei qual vai ser a reação da Dulce ao me ver. - Digo - Ela pode ter a melhor reação possível, mas ela também pode me odiar por tê-la abandonado. E com razão. -
Não sei o que está acontecendo comigo. Quando entrei no voo para o Brasil, estava com toda certeza e convicção do que estava fazendo. Não pensei em mais nada, só queria rever a minha filha. Não tenho mais essa certeza; me sinto tão culpado.
- Ficar se culpando não vai revolver nada, meu irmão. - Gabriel diz, com a mão em meu ombro - Você precisa encarar tudo isso e assumir esse seu papel de pai, precisa lutar pela sua felicidade e a da Dulce. independente do que aconteceu e do que estará por vim, fique firme e lembre-se que estaremos sempre ao seu lado. - Termina sorridente.
- Até nas suas maluquices! - Estefânia acrescenta, nos fazendo rir.
- Tudo bem. - Digo por fim - Confesso que continuo com medo e ansiedade... - Suspiro - Mas vou encarar tudo isso como um desafio. Vamos? -
Entramos no colégio e fomos recebidos por uma das irmãs, que se apresenta como Fabiana. Estava ainda mais sorridente e animada do que Estefânia, parecia até que estavam disputando pra ver quem conseguia ficar mais tempo sorrindo.
Depois de nos apresentar, a freira nos leva até a sala da Madre superiora.
- Meu Deus, esse colégio é enorme. - Digo, depois de termos entrando em vários corredores - Parece que a cada passo que damos, ficamos ainda mais longe dessa bendita sala. - Digo já sem paciência.
- Calma, Gustavo, paciência. sei que está nervoso, mas precisa ser paciente. - Gabriel me alerta.
Calma e paciência é tudo o que eu não tenho agora. Detesto ficar nervoso, perco o controle as vezes.
- Chegamos. Prontos? - A irmã pergunta, e espera a nossa confirmação para bater na porta.
Suspiro.
- Pronto. - Digo serio.
Então a mesma bate na porta e em seguida ouvimos a voz vindo de dentro da sala.
- Entre! -
- E lá vamos nós... - Sussurro ao entrarmos.
***
Cecilia
- Onde será que essa criança colocou esse laço, em? - pergunto em voz alta a mim mesma enquanto procuro o assessório pelo pátio.
- Ali está! - digo em voz alta ao avistar o laço verde no chão embaixo de um dos bancos de madeira. Me abaixo para pegar, mas ao voltar a ficar de pé sinto minha pressão cair; de novo.
- Ai... - Resmungo colocando a mão na cabeça e me desequilibrando um pouco. Não estou me alimentando bem nesses últimos dias. Ando muito ocupada com os meus pensamentos sobre minha vocação e meu futuro. Me sinto tão culpada...
Me sento em um dos bancos para me recuperar do mal estar. Detesto me sentir assim, me sinto mais fraca do que já sou.
Minha saúde física e mental está se prejudicando. Sei que preciso tomar uma decisão o quanto antes, mas não é tão simples e fácil assim. Fui criada nesse lugar, tenho um carinho muito grande por todos. não posso abandonar tudo isso de uma hora pra outra; a minha vida esta aqui dentro.
Gostaria tanto que a minha vida fosse tão simples quanto das personagens dos meus livros que lia na adolescência, onde o cavalheiro sempre ajudava a dama em seus Momentos Difíceis.
As coisas parecem ser tão fáceis quando compartilhamos os nossos problemas com alguém, alguém que te entenda e te faça bem.
Nunca tive esse alguém...
VOTEM!!!
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A Flor e o Beija-Flor
FanfictionHistória de Gustavo e Cecília, um pouquinho diferente...