It ll Be Alright

Capítulo 10 - Amor

| Narrador

Pela primeira vez em sua vida, Koji nunca imaginou que passaria por algo assim. Desde muito cedo, ele já havia presenciado coisas bem piores, não queria admitir, mas se tivesse o total apoio dos seus pais nas decisões que tomou, sua vida teria sido bem diferente. Claro que não se arrepende de nada do que fez até hoje, visto que evoluiu muito desde a época em que assumiu sua preferência por homens e saiu de sua antiga casa.

Koji admitia que a sua família, em si, era um caso perdido; intolerantes e completamente fechados em relação à sua sexualidade, se preocupavam apenas com dinheiro e conquistas financeiras. A falta de carinho veio desde cedo, não teve atenção dos pais quando novo, nunca estiveram em casa, não presenciaram nenhum aniversário ou fizeram questão de estarem presentes em alguma conquista dele quando estava na escola. Desde o nascimento, ele não teve contato físico, abraços e sorrisos direcionados a si pela mulher que o gerou, ou pelo seu doador de esperma. Sendo cuidado por uma babá, que era a única pessoa que parecia realmente se importar com ele e o tratar como sua pŕopria criança, até ingressar na faculdade, ou seja, mesmo tendo tudo o que ele queria materialmente, ainda faltava o mais importante, a única coisa que o dinheiro não comprou: o amor familiar, amor esse que Koji acredita que nunca terá, a não ser que forme a sua própria família. E nem quando o filho saiu de casa eles não se importaram, nem uma ligação ou mensagem, ele foi tratado como alguém qualquer, um hóspede indesejado, e por isso Koji não se arrepende de ter ido embora.

Ele, desde o início, não se importava com relacionamentos, nem queria levar adiante algum de seus 'rolos', então apenas se divertia e dormia com alguém quando tinha tempo e sem o mínimo de compromisso. Porém, ao conhecer Haruki, algo dentro de si mudou. O calor agradável que ele emanava, as diversas expressões que o faziam ficar extremamente belo, o quanto ele fazia Koji ansiar por seus sorrisos e em fazer o menor ficar vermelhinho de vergonha... Sem dúvidas, vê-lo corado era uma verdadeira obra de arte, Haruki fazia extremamente bem a alma de Koji. Mesmo sem saber, trazia calma ao maior. Koji se via por longos anos ao lado do loiro, coisa que nunca lhe ocorreu antes, ele ama Haruki e tem certeza de ter feito uma boa escolha.

Haruki se tornou alguém muito importante para si, seu porto seguro de olhos belos, pele clara e macia, cabelos cor de girassóis e sorrisos contagiantes. Koji não tinha planos em dizer aos seus pais tão cedo sobre o seu namoro, pois sabia exatamente como sua família se posicionaria em torno disso e, definitivamente, ele queria poupar Haruki de experiências desagradáveis.

Porém, agora o que mais lhe perturba é conhecer a mãe de seu namorado, título esse que o faz sorrir por ter alguém para chamar de seu, mas ainda não dissipou a sua preocupação. Ele ouviu pouca coisa sobre a mãe do mais novo e nada sobre o pai dele. No início, achava que Haruki não era aceito por sua família e por isso se preocupou, não sabia todos os detalhes da família do menor e só perguntaria quando achasse necessário. Mas, ao ouvir o loiro falar da mulher que o teve de maneira tão calorosa e angelical, fez a maior parte do medo de Haruki não ter apoio, assim como ele não teve, se amenizar. Contudo, dizem que quanto mais amorosa uma mãe é com os filhos, mais rígida é em apoiar o parceiro e, sinceramente, Koji deveria admitir que pensar muito sobre isso o deixou completamente receoso sobre como a sua "sogra" o receberia.

Baseado em seu nervosismo antecipado em relação à visita, o homem chamou Sayuri em seu escritório e em alguns minutos a mulher já batia em sua porta.

- Deseja algo, Sr. Yatake? Faltou algum documento? - Ela perguntou com a face preocupada, já que raramente cometia algum deslize no ambiente de trabalho e a cara de seu chefe não era muito boa, então deduziu que havia algo muito errado acontecendo ao ponto dele fazer aquela cara.