It ll Be Alright

Capítulo 13- Perdão

| Narrador

Um mundo melhor nada mais é do que uma fantasia da nossa mente. Essa fantasia nos prega peças e nos faz acreditar que tudo pode ser belo, aconchegante, caloroso, seguro e nos ilude dizendo que podemos mudar o mundo, onde é possível recuperar o tempo perdido apenas com o esforço, ou com o poder do amor. Essa ilusão nos dá uma esperança mínima e nos afasta da realidade. A realidade é cruel, nada bela. Ela é como uma faca em seu pescoço, quando você menos percebe já está cedendo, se afundando em um mar de sangue e agonizando até a morte. A maior beleza com toda certeza é a memória, aquilo que já passou, a parte nostálgica e calorosa que vivemos e que temos esperança de se repetir. Os bons momentos com a família ou amigos, coisas simples que devem ser valorizadas e não são.

No entanto, a realidade não nos permite voltar, ela apenas nos dá uma prévia do que perdemos e nos coloca para baixo, esfregando em nossa cara o quanto desperdiçamos nosso tempo, o quanto somos inúteis, frágeis e estúpidos. Akihiko mais do que ninguém sabe o quanto a realidade é controversa. Ao mesmo tempo que te presenteia com algo maravilhoso, ela te rouba esse algo e o leva para longe. Tirando toda e qualquer possibilidade de conseguir de volta o que se perdeu.

Sua relação com Haruki foi assim, de início apenas um acaso, ele confessa que não dava nada por aquela relação. Mas quanto mais convivia com a presença calorosa de Haruki, mais ele queria se aquecer até queimar. Foi algo estranho, onde ele se viu confuso e se perguntou se uma pessoa assim poderia ser real. Ele não se considerava alguém bom, mas queria mudar por ele, por Haruki. Queria mostrar apenas a sua melhor versão e tentar ser digno do sentimento que ele sabia que Haruki nutria por ele. Akihiko era um lixo. Ele se considerava um, em todos os aspectos. E essa opinião só se fortaleceu depois que ele rejeitou Haruki.

Akihiko sempre teve tudo o que quis, mas ele não queria Haruki, não queria que o menor se apaixonasse por si daquela maneira. Pelo menos não com ele sendo um babaca como sempre foi. Aquele amor de Haruki era puro, o menor gostava dele mesmo sabendo o quão ruim Akihiko era. Parecia um conto de fadas e ele era um vilão. Akihiko poderia apenas aceitar os sentimentos de Haruki, ele até queria, mas Haruki ia se machucar ainda mais gostando de alguém tão quebrado quanto Akihiko.

Sua vida não era fácil, ela parecia maravilhosa, pais ricos, carros caros, boates, bebidas caras, uma vida realmente boa. Mas faltava amor, não o amor de Haruki. Akihiko queria um amor mais realista, alguém que entendesse o que ele passava, alguém que visse o tanto que ele estava quebrado e que pudesse simplesmente o ajudar. Apanhar porque entrou na banda, ou ser trancado pra fora de casa só porque alguém contou aos seus pais que gostava de homens. Ele estava farto dessa vida. E definitivamente ele não queria arrastar Haruki para essa humilhação só porque o menor gostava dele, não era certo e não era justo com o menor. Suas ações não foram as melhores, ele sabe, sabe bem que falhou novamente. Mas não importa mais.
A mente é algo ativo, reúne e sintetiza as informações que recebemos. E estava lá, ele recebeu todos os sinais de que estava errado, que estava magoando Haruki, que o loiro gostava dele e que ficava mal ao ver Akihiko com outras pessoas. Ele preferiu ignorar, era melhor ignorar. Mas ele precisava se desculpar para poder seguir em frente.

- Quero me desculpar. - a frase saiu murmurada, talvez baixa demais para escutar se o ambiente estivesse barulhento, o que não era o caso, a sala de espera estava silenciosa até demais e por um momento ele trava quando o olhar de todos no estúdio se voltam para ele. Faltavam exatos trinta minutos antes do show que estreará Given.

- Olha, sinceramente se falar algo que prejudique o show eu esgano você com o fio do microfone. - Mafuyu disse com fogo nos olhos, era óbvio o quão nervoso ele estava, no entanto agora ele estava simplesmente assustador.

- Não é a minha intenção atrapalhar o desempenho da banda no show, só preciso conversar com o Haruki.... O almofadinha pode vir junto se te incomoda. - Akihiko falou de maneira cansada e um pouco entristecida, o que surpreendeu os presentes ali, já que ele sempre parecia um cachorro enraivado. Talvez como um pinscher.... Talvez.