Começar a escrever e voltar a apagar.
Mil vezes e mais mil até conseguir ou cansar.
As palavras sangram dos dedos que tocam o teclado.
Os olhos vasculham o branco do monitor em busca...
Em busca do que afinal?
Não tem nada aqui para ser encontrado.
E isso me faz lembrar...
"Em uma noite sem fim, sob um céu sem estrelas.
Pisando em cadáveres e moribundos alucinados.
Caminhando sem rumo ou ainda parado.
Quem eu estou buscando afinal?"
E ai voltamos a realidade e aos fatos.
"Que fatos?"
Voltamos a vida e ao cotidiano
"Há quanto tempo você vem dizendo isso pra si mesmo?"
"Não sente a realidade se rasgando?"
Talvez eu só esteja atrasado.
Ah, que vontade de apagar tudo isso.
"Que vontade de estar do outro lado"
De mudar o rumo da história e do que foi escrito
"Me deixe sair, eu posso mudar o resultado"
E então o que vai ser de mim?
"Nada que já não tenha sido antes."
Shiu... Eu não quero ser incomodado.
"Mas a verdade vem a tona em emoções.
E a tempestade deixa ecoar em seus trovões.
Seu coração para e volta a bater a cada raios de luz
De tudo que se força a ignorar.
Você vê, eu sei que vê.
Mesmo de olhos fechados."
"Me deixe sair".
Abrir os braços e sentir o vento.
Olhar pro céu e ver as nuvens.
Ouvir o próprio tempo passar.
O farfalhar das folhas nas árvores e as vozes das pessoas.
Cada pequeno detalhe contando uma história.
E cada história se perdendo no próprio rio de eventos.
O fluxo de tudo e de todos em cadencia de seus próprios movimentos.
"As portas se batem e as cortinas se fecham.
A existência em si não significa nada
Na ausência de um observador atento
Alguém que avalia, que julga e pondera
Se cada movimento é certo ou errado."
Olhar estrelas que não mais aparecem no céu.
Lembrar de todos os que um dia estiveram e agora se foram.
Deixo-me perder em cada realidade alternativa onde ainda existo.
Chegando a conclusão óbvia e continua...
A única certeza de que nada faz sentido.
"E então ouvir de alguém que tá tudo bem.
Idiotas que não sabem o que dizem.
Falando mais para si mesmos
Do que para quem está ao lado."
Que paradoxo onde o meu certo sempre foi mais certo
Mesmo que completamente errado.
"O ar entra e sai dos pulmões.
Respire.
Deixe a sensação do corpo inundar seu cérebro.
E por um momento se lembre de quem realmente é.
Lembre-se de onde veio e do que é capaz.
Do que já fez e do que ainda faz.
Lembre-se de todo seu poder.
Do quão teimoso você pode ser.
Arrogante, presunçoso e obstinado."
