07/11/2022

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- O que você quer de mim? Por que não me deixa em paz?! – e o mundo se partiu ao som de sua voz.


A realidade se fraturou e escorreu ao redor dos dois como se fosse para o ralo.

Todas as luzes morreram e voltaram a nascer.

Teto, paredes e o próprio chão se desfizeram. Como poeira o próprio tempo ruiu e caiu.

De repente, não mais em um lugar, mas em lugar nenhum, eles continuaram a se encarar.


- Por quê?! – e as lágrimas escorreram pela ultima primeira vez.

- Por que eu prometi. Eu jurei. – e ele estendeu a mão.


Os ventos negros sopraram, movendo roupas, cabelos e seus corpos pelos ares.

Por querer tocá-lo, ela se encolheu.

Por querer abraça-lo, ela se virou.

E por querer acreditar, ela mentiu...


- Eu não preciso de você.

- Mas eu preciso...


Frio e gelo. Fogo em fluído.

Como que arrancados de si mesmos, eles se despediram do mundo.

Agora tudo era quietude, em um céu de nuvens tempestuosas sobre um oceano profundo e parado.

Com a mão ainda estendida ele esperou.

E esperaria por toda a vida e muito mais se necessário.

Mas ela sabia...

Sabia que era tarde demais.


- Vá embora! – gritou, se abaixando, caindo, deitando e se encolhendo.

- Eu não posso. Não iria mesmo que pudesse...


E na escuridão, longe do sol, os dois afundaram...

Em um estado de puro pesadelo

Seus medos, inseguranças, temores, ansiedades e fracassos...

Repleto de monstros por todos os lados.

Caminhando nas sombras, eles vieram.

Se arrastando pela escuridão, chegaram.


- Eu não vou a lugar nenhum... – ele falou quando o primeiro golpe o atingiu. – Vou continuar bem aqui ao seu lado.


E ainda que seja um sonho...

Uma fantasia, devaneio, miragem ou alucinação...

Nessa realidade irreal da existência em desamparo.

Em negação, os dois permanecem sempre acordados.

Sei láWhere stories live. Discover now