A música acaba e ouço aplausos.
"Ah é! Verdade. Tem uma plateia ali..." – Tão importante que eu até havia esquecido.
No escuro, saindo pela coxia, alterno minha atenção entre as vozes empolgadas, os passos apressados do grupo ao meu redor e minha absoluta intenção de esfregar a cara com água e sabão até a maquiagem desaparecer para sempre ralo abaixo.
Se tivesse que escolher entre o incomodo da maquiagem e a dor nos rins que sentia, eu escolheria a dor sem qualquer sombra de dúvida.
E foi com isso ainda em mente que, ao entrar no camarim, fui surpreendido pela pergunta:
- E aí, Moon. O que você achou de dançar no palco?
"O que eu achei?".
Nada de novo...
Nada de diferente...
Nada de interessante...
Nada...
Mas "nada" nunca foi uma boa resposta nem pra mim e nem pra ninguém.
Por que sempre esperamos por alguma coisa. Qualquer coisa, por menor que seja...
E o 'nada'... É nada.
Então ao longo da vida eu apreendi que preencher o vazio de certas perguntas com palavras como "normal" costuma bastar.
...Uma pena que especialmente pra mim isso não é o suficiente.
"Que ótima forma de encerrar um experimento.". – sussurro antes de me deixar levar, dirigindo sob a chuva, por ruas e curvas de um lugar que nem sequer conheço, enquanto meus pensamentos retornam ao derradeiro começo.
Percebo, aos poucos, tudo o que aprendi em cada momento.
Entendo a importância de cada pequeno detalhe em seu devido contexto.
Todas as coisas feitas e conversadas passam numa tela em mima mente assim que eu a coloco no travesseiro.
E largado na cama, encarando o teto, respiro fundo tentando preencher o vazio no peito.
Até que então eu lembro...
"- Eu não sei por que, mas você fez falta."
Então...
Eu sou o Moon e isso é tudo o que posso ser.
Não ligo pra muita coisa. Quase nada, talvez.
Ainda assim, o que fez valer a pena subir no palco...?
Vocês.
