Sob meus pés sinto a areia áspera como farpas de vidro.
Estou há tanto tempo aqui que já não consigo mais calcular.
Dias, semanas, meses e anos... Uma existência inteira...
Toda a minha vida...
Deixando pegadas sem fim, sem ter pra onde ir
Sem ter para onde voltar, motivos pra prosseguir ou ficar...
E ainda assim...
Aqui.
Sozinho...
Tão sozinho quanto é possível estar.
Vagando em minhas próprias ruínas...
Enquanto mais um dia vem e vai...
E então a noite vem e eu me deito
Encarando o céu de estrelas cadentes que choram e choram
Todas as lágrimas que jamais me permitirei chorar.
Por todas as feridas nunca fechadas.
Pelo grito que ecoa pra dentro
E toda dor jamais esquecida...
Sozinho...
Então a ultima estrela cai e o resto é apenas escuridão...
Por dentro... Por fora...
Na alma e no coração...
Quem sabe amanhã seja o dia...
Quem sabe só mais um dia...
