Às vezes, no meio do cansaço, vêm as perguntas...
"Por que estou fazendo tudo o que estou fazendo?"
"Pra quem?"
"Pra que?"
Cada passo pra frente é como um tiro no peito.
Cada movimento é arrastado, machucado e sofrido.
O simples existir já da trabalho.
E é um trabalho que não me sinto tentado a concluir.
As coisas perdem importância... Perdem significado...
E tudo me irrita um pouco.
Ah... A raiva dentro de mim...
Sempre tão presente, sempre tão intensa...
Arranhando as paredes, tentando sair.
Só esperando o momento...
Era um dia como qualquer outro.
O sol brilhava quente no céu e a grama verde brilhava sob sua luz.
As nuvens brancas deslizavam por um azul profundo como aqueles olhos nunca esquecidos.
Do outro lado do campo, além das corcovas dos pequenos montes, estava o punhado de soldados que eles chamavam de exército.
Mil homens.
Não era tudo o que dispunham, mas era o que o rei julgava como "suficiente".
Era tudo o que ele estava disposto a fazer e tudo o que havia designado.
Do outro lado apenas um homem.
Uma criatura... Um ser...
Um monstro irritado.
A trombeta tocou e o som se espalhou pelo vento.
Flechas se misturaram ao fogo e aos gritos.
Nem um centímetro de movimento.
Yue apenas permaneceu parado enquanto a chuva de flechas caiu por todo lado.
Nenhuma expressão...
Nenhum grito.
Nenhuma mudança em seu olhar.
Esperou até estarem perto o suficiente, ignorando os ataques que não precisavam ser defendidos e o número de adversários.
A massa de soldados se amontoou.
Armaduras e armas se chocando quando se aproximaram.
E então, um trovão no dia claro...
O som de um corpo aprimorado.
Feridas abertas, sangue jorrando, escudos quebrados.
Yue avançou pela massa, atacando primeiro com as próprias mãos e então roubando suas armas.
Lanças, espadas, martelos de guerra e gente caindo para todos os lados.
Já não eram mais mil homens e nem mesmo um exército.
Apenas um bando muito grande de desesperados.
Tentava inutilmente acertar um alvo rápido demais...
Violento demais...
Treinado demais...
Não havia cautela nos movimentos de Yue.
Não havia cuidado.
Apenas uma sucessão continua de ataques precisos.
Golpes firmes, fortes e pesados.
O número de corpos foi crescendo.
Os mais ao fundo não conseguiam entender o que estava acontecendo enquanto gritos de morte e dor se espalhavam.
- Não era apenas um homem?
- Nós fomos emboscados?
"Debandar! Debandar!" – alguém gritou antes de cair morto com os membros decepados.
Dos mil homens enviados.
Talvez metade tenha voltado.
E da outra metade apenas pedaços.
Yue não marchou em direção ao reino.
Ele caminhou.
Sujo de sangue, de terra, suor e raiva...
Sob o sol ardente, sobre a grama verde.
Com a fúria ardendo por trás de um rosto em calma.