A Primeira Manutenção

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Pov Emma

A caminho da delegacia, dentro do fusca, percebo Ariel ainda olhando para mim com ar interrogativo. Engulo em seco, ao recordar que Regina cravou suas unhas no meu pescoço ontem à noite e as marcas devem estar visíveis. Penso rápido numa desculpa que justifique os arranhões, antes que ela faça outro comentário embaraçoso.

- Acho que estou com algum tipo de alergia no pescoço, porque desde ontem ele não para de coçar. Minha pele já deve tá irritada! - digo, esforçando-me para parecer casual, mantendo meu olhar no caminho a frente.

- Hum... Estava mesmo observando que a pele do seu pescoço tá bem vermelha e cheia de arranhões - comenta - Se você não tivesse me dito que é uma alergia, já ia começar a pensar besteiras. - emenda num tom que soa bem humorado.

Abro um sorriso, tentando disfarçar meu constrangimento, embora me sinta menos tensa, pois, aparentemente, ela não percebeu a minha expressão de quem tem culpa no cartório.

Ao entrarmos na delegacia, vou até a minha mesa e verifico a data no calendário. 22 de setembro. Xingo-me mentalmente ao me dar conta que hoje faz exatamente vinte anos que Regina e eu nos conhecemos. Fico ainda mais triste ao lembrar que nós duas passamos parte da manhã juntas e esquecemos completamente do significado desta data.

Ariel nota meu silêncio e fala: - Meu reino pelos seus pensamentos, amor...

Suspiro, resignada, e digo mais uma mentira em menos de uma hora: - Tava aqui pensando que hoje faz vinte anos que F.R.I.E.N.D.S estreou na TV.

- Sério? - ela fica empolgada - Talvez algum canal passe uma maratona. Poderíamos assistir juntas, bem agarradinhas e deitadas na sua cama - sugere com animação.

A menção dela à minha cama aumenta em níveis exponenciais meu sentimento de culpa, porém não posso deixar transparecer o que aconteceu ali ontem à noite.

- É uma ótima ideia! - concordo, por fim, sorrindo para ela enquanto minha namorada me abraça.

Puxo-a mais para perto e beijo-a sem muito entusiasmo.

...

(Alguns dias depois...)

Dirijo no caminho para a mansão, porque Regina ligou mais cedo, pedindo que eu passasse na minha antiga casa para fazer a manutenção.

Continuo com um mau pressentimento sobre essa palavra e fico angustiada toda vez que a escuto sendo dita.

Estaciono em frente a oponente construção e caminho até a porta, tocando a campainha e esperando que minha esposa venha atender.

Quando a porta se abre, vejo Regina vestindo apenas um robe de seda preto e me pergunto se ela acabou de acordar ou se há segundas intenções na escolha de uma vestimenta tão peculiar. No mesmo instante, a palavra "manutenção" começa a piscar na minha cabeça como um letreiro de néon.

- Bom dia, Xerife... Espero que esteja bem disposta hoje. Vou logo adiantando que tem muito trabalho para ser feito, principalmente porque já faz um tempo que você não aparece para cumprir com suas obrigações. - diz com um tom meio dúbio, mas finjo não perceber.

Ela abre espaço para que eu entre, e começa a enumerar as tarefas que terei que fazer:

- Tem um armário no quarto de Lilly esperando ser montado há mais de três semanas. Um vazamento no banheiro de Henry que não consigo identificar e, por fim, e mais trabalhoso, você vai ter que arrumar o porão. - ordena com autoridade.

- O porão, Regina?! Deve haver três gerações de poeira, mofo e teias de aranhas naquele lugar escuro. - reclamo, tentando me safar, mais uma vez, de tão terrível tarefa.

Cenas de Um Casamento [SwanQueen]Onde histórias criam vida. Descubra agora