☏︎ Cap 11 ☏︎

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Ambos ficamos no silêncio que pairava no ar, apenas esperando a comida, parecia uma eternidade.

- Que preguiça de ter que comer, estou sem fome. - Vejo-o bocejar e esticar os braços.

- Eu também, quando terminar esse próximo, nem vamos fazer os outros dois, podemos deixar no freezer.

- Bom plano. - Ele dá um pequeno sorriso desleixado, e eu apenas o observo. - E Rouge? Como ela está? Continuam mantendo contato?

- Ela está bem, continuamos conversando sim, inclusive ela também vem ao Brasil, acho que a trabalho, uma proposta.

- Ahh entendo - pausa. - que proposta?  

- Também não sei direto, ela me prometeu explicar quando nos encontrarmos no aeroporto.

- Então ela já chegou?

- Sim... - pauso. - por que está tão interessado em Rouge? - Uma de minhas sobrancelhas se levanta e eu o olho, levemente desconfiado.

- Ela me parece legal. Nos vimos só aquela vez que você convidou ambos para sairmos em trio. - pausa - Aliás, temos que repetir essa saída.

- Rouge também simpatiza até demais com você. - dou um rascunho de um sorriso. - E, se ela concordar, vamos fazer isso de novo. 

Ele também abre um quase-sorriso pra mim.

----Quebra de tempo----

São 20:57 da noite, enquanto estava deitado no sofá, o cansaço penetrava em cada brecha do meu corpo, mesmo tendo passado o dia naquele jato, era um pouco cansativo só ficar ali, queria andar, esticar as pernas, mas principalmente durante a noite, era melhor ficar sentado no meu lugar. Antes disso, abrimos um colchão para Amy, Sticks e Tails, enquanto eu, Sonic e Knuckles nos endireitamos no sofá.

Mesmo cansado, não conseguia dormir direito, a minha posição era, de certa forma, confortável, mas meus olhos simplesmente não se fechavam, aquela sensação de tanto sono que você não consegue descansar, por isso desisti e tentei prestar minha atenção a qualquer coisa ao redor. 

Bocejo e olho como o espaço dividido no sofá não estava muito justo, praticamente, o Knuckles estava com metade, e eu e Sonic dividíamos a outra metade, ou seja, o dito primeiramente havia 2/4 (ou 1/2, simplificando) do sofá, eu 1/4, e Sonic 1/4. 

(Matemática, bom gatilho pra me fazer ficar com mais e mais sono.) 

Isso explica como o azulado estava agarrado meu braço, abraçando-o, sua pele estava gelada (não me surpreendeu, quase sempre está desse jeito, ao dormir), em contraste com a minha, que se mostrava mais quente. Sua cabeça se repousava no meu ombro, e nossas pernas estavam quase entrelaçadas, (digo isso mais pelo toque que eu sinto e menos pela visão) e, por fim, sua respiração calma, sonolenta e controlada era totalmente sentida no meu pescoço, o que me da um leve arrepio, mas não ousei me mexer e incomoda-lo. 

- Bem que você podia acordar e mudar de lugar... - sussurro baixinho e lentamente, como se ele pudesse me ouvir. - Como estamos, não posso ver seu lindo rosto, seus olhos, mas principalmente, não posso ver sua boca. - Busco sua mão e coloco a minha ao lado da dele, sem segurar ou qualquer coisa assim, apenas encostando nela levemente. - Que é certamente uma tentação pra mim, uma tentação que estou prestes a me render. 

Então, de repente, sinto-o apertar minha mão devagar, entrelaçando-as mais do que nossas pernas. Meu rosto começa a queimar (será que, mais tarde, continuaremos do mesmo jeito?), mas mesmo assim, coloco minha cabeça sobre a da dele.

(Por favor não esteja acordado, por favor não esteja acordado.) 

- Que...ah....macio. - Ouço sua voz murmurar,  e após isso, mexeu-se e ajeitou-se melhor no meu ombro. Tomo um leve susto, mas ele não havia despertado. 

(Se ele tivesse escutado o que eu disse, ou lesse meus pensamentos, ah, eu estaria ferrado, muito ferrado.)

Quando vejo o horário, são 20:38, cerca de 50 minutos para o jato pousar no aeroporto, mas 20 minutos para o alarme que Amy colocou soar e todos acordarem, ligarem as luzes e me verem grudado a Sonic, com as mãos juntas. Ou talvez ele me solte ao acordar. 

(O que não é exatamente o que eu quero.

O que eu realmente desejo é que a cena da bancada se repita novamente.)

Logo percebo que, todos os meus sentidos se voltam a ele, meus pensamentos também, como poderia me afastar dele? Não, não, tenho que dar um jeito disso acabar. Tenho que manter a barreira, trata-lo indiferença, grosseria. Mas não consigo, ah! Por que não consigo dar um basta em tudo isso? Por que quero beija-lo? Por que consigo imagina-lo em cima de mim? Por que sinto uma necessidade de ter seu toque? Sua presença, pertinho de mim? Sonic é um vício, seu jeito, aparência, atitudes, fazem-me querê-lo cada vez mais, mais e mais, e, não adianta tentar esquecê-lo. O que é muito, muito injusto, já que não posso fazer nada a respeito disso...posso? 

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