Viagem da nossa vida. 💝

ꨄ︎ Cap 15 ꨄ︎

Me recostei sobre a pia depois de (mesmo relutante) contar tudo, absolutamente tudo, para Tails, de maneira desorganizada.

- Acho que já sei a resposta pra minha pergunta, mas, Sonic, você gosta dele? Já parou pra pensar se isso não é mais...como posso dizer...

- Entendo o que quis falar, mas o problema, é que eu não sei, não faço a mínima ideia. Se eu soubesse...

- Enfim, como eu te conheço, você provavelmente vai se arriscar de novo.

- O que eu poderia fazer? Shadow não sabe tomar atitude sempre.

- Sempre?

- Sim, as vezes ele provoca, mas não é tanta coisa. Ele é discreto e difícil de se soltar.

- Isso já é de se perceber - pausa - mas, ele gosta bastante de você, e isso também, qualquer pessoa minimamente observadora percebe.

- Nem tanto, deve estar confuso, também.

- Nem tanto? Você já viu o jeito que ele te olha, quando você tá distraído?

Tento me lembrar de algum momento que percebi isso, mas, nunca foi grande coisa pra mim.

- O Shadow pensa em você e te olha de um jeito lindo, mas não fala isso, não consegue externalizar esse...sentimento. E também demonstra um pouco de confusão interna.

Olho para Tails, era um pouco assustador ele ter percebido tudo aquilo, e eu não. Respiro fundo e nem consigo sequer falar nada.

- O que eu acho, é que vocês deveriam tentar. De maneira sutil, você, Sonic, pode tentar ajuda-lo a se soltar e dar um certo encorajamento, atitude! - Ele se levanta - Pena que não posso ajudar muito.

- Obrigado. - Dou-lhe um abraço apertado.

- De nada, qualquer coisa, você já sabe. - Vejo-o sair sem fazer barulho e entrar no seu quarto.

Sozinho, ando em volta da piscina, e me sento com os pés na água, pernas abertas e olhando pro céu escuro, com algumas estrelas identificáveis.

(Estrelas sempre foram umas das minhas coisas favoritas.)

Enquanto me ocupo com os astros no céu, de repente, sinto algo (ou alguém?), ao meu lado, mas um pouco mais distante da piscina.

( Não é Shadow, não é Shadow, não é Shadow... )

Percebi que estava cruzando os dedos e olhei o ser ao meu lado, era exatamente quem eu não queria de maneira nenhuma. O ouriço negro se mostrava calmo, as pernas cruzadas e os braços encostados na grama. Era um bom clima, um vento fresco passava por nós. Por impulso, encosto minha cabeça no seu ombro e, as vezes desvio meu olhar para a piscina, junto as pequenas ondas formadas quando mexia meus pés.

Aquele momento era perfeito, juntos, imóveis, sem ninguém pra atrapalhar, e olhando o céu. 

- Seu pescoço não dói não? - Ele quebra o silêncio - Vem cá, vamos procurar um lugar melhor.

- Oi? - Mal posso falar e Shadow já me puxa para eu levantar.

- Só vem logo.

Sigo-o até o portão, que ele abre e indica para eu sair (o que eu obedeço). Passamos a andar por uma "rua" dentro do condomínio em que a casa ficava.

- Pra onde estamos indo? - Falo, enquanto o ouriço anda um pouco a minha frente e segurando a minha mão.

- Você vai ver.

( Ele tá segurando a minha mão!!!)

Não digo nada e apenas sigo-o devagar, curioso para onde ele estava me levando. Aos poucos, sinto sua mão quentinha entrelaçar-se mais a minha, e, por isso, escondo um sorriso bobo.

(Só isso já valeu a pena, com certeza.)

A caminhada acaba ao chegarmos em uma quadra (parecida com aquelas de futebol, mas bem menor), que possuia quatro postes nos quatro cantos, e nenhum gol.

- Aqui? Nem tinha percebido que o condomínio tinha quadra.

- Vou desligar as luzes, se deita nela, bem no meio.

- Você está mandando muito e me explicando pouco.

- Vai logo.

Entro e deito-me, bem onde indicado, com a cabeça e corpo na grama.

(O que podemos fazer aqui?)

No momento em que a luz dos quatro postes foram desligadas, entendo perfeitamente o que ele estava tentando fazer. Ali, se via muito melhor as estrelas e a Lua, uma visão bela demais, para poder ser vista de qualquer lugar.

- Uau, Shad... - Ele deita-se ao meu lado.

- Não estraga o momento falando, só aprecia. - Interrompeu-me, mas sua expressão não era irritada, falou mais como um breve aviso.

Chego mais perto dele, com cautela, mas ainda com o olhar aos céus, as nuvens invadindo o espaço da Lua, as estrelas brilhando ainda mais, como se estivessem felizes, e escutando apenas o som de nossas respirações baixas, quase um silêncio perfeito. O pouco que me mexi, já gerou uma reação, sua mão estava na minha mais uma vez, ele apertava-a, como seu fosse fugir, esse mísero toque foi tudo, absolutamente tudo para mim.

De repente, me sinto observado, seus olhos penetrando todo o interior de meus olhos, viro-me a ele.

- Tem um céu tão grande, por que está justamente me olhando? - A pergunta saiu imediata, antes que eu pudesse pensar melhor.

- Porque... - Ele abriu a boca para terminar de falar, mas não terminou, a frase terminou no ar. Queria me dizer algo, mas não conseguia.

"De maneira sutil, você, Sonic, pode tentar ajuda-lo a se soltar e dar um certo encorajamento, atitude!"

A voz de Tails surge na minha cabeça, então decido fazer exatamente isso.

- Você sabe que pode falar qualquer coisa, né? Somos amigos, - pauso - pelo menos eu nos considero isso.

- O que eu tenho pra falar não é muito...amizade - pausa - mas, vamos falar menos e sim apreciar o céu, esquece o que eu disse, ou tentei dizer.

- Certeza? - Olho no fundo de seus olhos, e, coloco meu rosto acima do dele, me apoiando no chão com meus braços, um perto de sua orelha esquerda, e o outro, da sua orelha direita. Cada centímetro do meu corpo mexia-se por conta própria, nos aproximando mais, mais, e mais.

Até que sinto suas mãos quentes na minha nuca, ele respira fundo, poucos segundos depois, todos os meus pensamentos evaporaram instantaneamente, minha ansiedade some, e seus lábios estão colados nos meus.